1 de novembro de 2024

Médico investigado pela morte de 40 pacientes no RS é solto após decisão da Justiça, diz defesa


João Batista do Couto Neto é investigado por 42 mortes e lesões a 114 pacientes em Novo Hamburgo. Defesa diz que ‘muitas dessas imputações não correspondem à realidade’. Médico João Couto Neto, investigado pela polícia no RS
Reprodução
O médico João Batista do Couto Neto foi solto após a Justiça conceder um habeas corpus nesta quinta-feira (31). O cirurgião de Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, é suspeito pela morte de 42 pacientes e réu em três processos por homicídio doloso, quando há intenção ou se assume o risco de matar.
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A informação da soltura do médico foi confirmada à RBS TV pelo advogado do cirurgião, Flávio Barros de Lia Pires. Não há detalhes da decisão que fundamentou a concessão do habeas corpus.
Couto Neto estava preso desde setembro de 2024 por descumprir medidas cautelares, entre elas a de comparecer periodicamente à Justiça.
Segundo a Polícia Civil, além da suspeita por 42 mortes, Couto Neto é investigado por lesões em outras 114 pessoas. O médico havia sido preso pela primeira vez em dezembro de 2023 no interior paulista, depois de conseguir registro do Conselho Regional de Medicina em São Paulo.
Audiência com familiares de vítimas
Depoimentos no caso do cirurgião João Couto Neto começam em Novo Hamburgo
No início de outubro, testemunhas do caso do médico João Batista do Couto Neto começaram a ser ouvidas pela Justiça. As audiências fazem parte da fase inicial do processo.
Uma das testemunhas foi Cristina Costa Kirch. A mãe dela, Núbia, de 70 anos, morreu em 2021 após complicações na cirurgia para retirar pedras na vesícula, segundo a família. A depoente preferiu falar por vídeo, para não ter que ver o médico presencialmente.
“A maior dor da gente é que quando a gente fazia as perguntas, e ele dizia que estava tudo bem. Como eu disse hoje no meu depoimento, eu às vezes me condeno, como que eu não vi antes o que estava acontecendo”, lamenta.
Os irmãos Carlos Diego e Aline Cristina de Oliveira perderam o pai, Ruben. O homem de 68 anos não resistiu às complicações que surgiram após uma cirurgia que teria sido realizada por Couto Neto, segundo a família.
“A nossa expectativa é que realmente a justiça seja feita, que ele não volte a machucar mais ninguém e que nós possamos encerrar esse ciclo”, diz.
O advogado que representa a família de uma das vítimas disse que o caso pode ser levado ao julgamento popular. A decisão de realizar um júri cabe ao juiz.
“Nós estamos colhendo provas que foram já feitas na fase investigatória, estão sendo repassadas novamente aqui na instrução. E, ao final, nós acreditamos que o juiz vá pronunciar o réu para o júri”, afirma o advogado Thiago Dutra.
Segundo o advogado de Couto Neto, “muitas dessas imputações não correspondem à realidade”.
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