24 de setembro de 2024

Médicos levam atendimento a comunidade indígena mais isolada de São Gabriel da Cachoeira, no AM

Comunidade, na fronteira do Brasil com a Colômbia, disse que nunca recebeu a visita de um profissional e contabiliza mortes e agravamento de doenças pela falta de ajuda humanitária. Expedição leva atendimento médico a indígenas no Amazonas
Um grupo de médicos do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, levou atendimento à comunidade indígena Camanaus, a mais isolada de São Gabriel da Cachoeira, no interior do Amazonas. Essa é a primeira vez que o local recebeu a visita de um médico, segundo os próprios indígenas. A ação contou com o apoio de militares do Exército.
O grupo enfrentou mais de oito horas de viagem de barco, partindo da aldeia São Joaquim, e chegou até a fronteira do Brasil com a Colômbia, onde moram os indígenas Kuripaco. Em determinado ponto do trajeto, foi preciso descer do barco, por conta das pedras que cortam os rios.
“A comunidade é do lado de lá e a gente precisa chegar lá, logo, vamos ter que fazer o que tiver que ser feito, não tem jeito”, explicou o general Nilton Rodrigues.
Grupo enfrentou dificuldades pelo caminho.
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Após chegar à comunidade, os médicos foram alocados em consultórios de palha e precisaram da ajuda de um tradutor, pois os indígenas falam, em quase que em sua totalidade, apenas o espanhol e a língua da própria etnia.
“Tal cual como está mi propio, digamos, mi étnia, tal cual como está es coripaco. Segundo idioma es el español. En portugués, pues entiendo, pero no más. No hablo, no domino”, disse o agente de saúde da comunidade Neftali Garcia.
Comunidade nunca recebeu a visita de um médico.
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No local, os indígenas contaram que recebem ajuda da Colômbia em praticamente tudo, mas também afirmaram nunca terem ido ao médico.
Como é o caso de Imelda, que foi atendida após se queixar de dores nos seios. Segundo os médicos, a indígena Cobeu tem muito leite, mas já não tem mais o bebê para alimentar. Isso porque, a filha dela, de apenas nove meses, morreu há apenas um mês, com sintomas de diarreia e vômito.
“Estoy triste. Yo pensé como ella, como niña…. No tiene médico. Nada. No tiene nada. Y me fue mal. Ella no tiene nada. Ni he este tratamiento. Ahí no hay nada. Por eso ella se muere”, disse.
Mulher grávida é atendida pelos profissionais.
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Mas para a indígena Melyza o atendimento foi a solução. Ela chegou carregada em uma cama, com fortes dores, e logo teve o diagnóstico: infecção generalizada. Depois de receber os cuidados da equipe médica e muitas negociações, ela foi levada de helicóptero para um hospital do município.
“É uma experiência incrível dentro do Brasil que a gente não conhecia, são brasileiros, são nossos irmãos. E precisam do nosso cuidado, do nosso carinho, do nosso toque. Nós fizemos aulas antes de vir pra cá pra entender a cultura indígena com vários profissionais, pra entender como trabalhar com esse povo, com toda uma política envolvida com isso. Mas ninguém supera um toque, um olhar compassivo. Então tudo isso fez uma grande diferença”, disse a coordenadora da ação, Cláudia Cruz.
Criança indígena é pesada pelos profissionais.
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