16 de janeiro de 2025

‘Meu coração está despedaçado’, diz mãe do jovem morto após GCM atirar em assaltantes


O corpo de Carlos Eduardo Oliveira do Nascimento foi sepultado no Cemitério de Barueri nesta segunda (11). Vítima foi morta durante tentativa de assalto na Rodovia dos Imigrantes no sábado (13). Carlos com os pais no Natal
Reprodução/Redes Sociais
Muito emocionada, a mãe de Carlos Eduardo Oliveira do Nascimento, morto depois que um guarda civil municipal de folga atirou contra criminosos durante uma tentativa de assalto, afirmou nesta-feira (13) no enterro do filho estar com o coração “despedaçado” e sentir “uma dor sem fim”.
Lotado de amigos e familiares, o sepultamento aconteceu no Cemitério de Barueri, na Grande São Paulo. Para homenagear o filho, Luciana Oliveira do Nascimento usou uma camiseta dele do Corinthians. À TV Globo, ela contou que o filho único, de 21 anos, cursava o último ano da faculdade de publicidade e propaganda, que era o seu maior sonho.
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
Meu coração está despedaçado. Nem sei o que estou sentindo agora. Sair daqui sem levar meu filho para casa, não tem o que falar, o quartinho dele lá do jeito que ele saiu. Eu mandando mensagem: ‘cadê meu filho?’. É uma dor sem fim mesmo. Espero que ninguém passe por isso. Não imaginei passar nunca.
Luciana também contou que Carlos Eduardo era muito aventureiro e tinha o desejo de conhecer o Brasil e o mundo.
“Ele amava viajar, por isso, comprou a tão sonhada moto, foi a conquista maior dele. E nós o apoiamos, porque era conquista dele”.
Segundo a mãe, ele estava no melhor momento profissional e concluía a faculdade. “Meu filho é formado em técnico, terminando a faculdade de publicidade e propaganda que era o sonho da vida dele. Já trabalhava na área como social media. Meu filho tinha a vida inteira pela frente e foi cortada de nós”, desabafou.
Uma das tias do jovem, Celia de Andrade, também descreveu Carlos Eduardo como um “menino alegre, trabalhador, estudante, esforçado e amoroso”. A família é bem unida, por isso ele sempre se reunia com os primos.
Mãe do jovem morto depois que um GCM atirou contra criminosos usou uma camisa dele do Corinthians no enterro
Reprodução/TV Globo
Como foi o crime
O crime aconteceu no km 18 da Rodovia dos Imigrantes, região de Diadema, também na Região Metropolitana, na noite de sábado (11). Carlos Eduardo voltava para casa quando foi assaltado.
Segundo a Polícia Civil, o guarda José Carlos de Oliveira Celestino pilotava sua motocicleta quando viu dois criminosos tentarem roubar uma moto BMW e atirou nos dois ladrões. Contudo, Carlos Eduardo é quem foi atingido e morto.
No boletim de ocorrência, porém, a versão do guarda é diferente. Ele disse que, na verdade, ele é quem teria sido abordado pelos criminosos. Em seu depoimento, ele contou que sacou a sua arma ao ouvir um estampido e fez cinco disparos. Logo em seguida, uma viatura da PM encostou, e foi só então que viu um terceiro jovem caído no chão.
Um dos criminosos relatou, no entanto, que o alvo do assalto era a moto BMW de Carlos Eduardo. Quando o comparsa que ia na garupa desceu armado, eles começaram a ouvir disparos que vinham de trás e correram pela rodovia. Eles também foram baleados e acabaram presos em seguida.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que houve confronto, mas um dos revólveres dos suspeitos estava com munições intactas. As armas estão sendo periciadas e o caso, investigado.
Carlos, de 21 anos, morto pelo guarda civil
Arquivo pessoal
A secretaria informou que os suspeitos foram levados ao Hospital Municipal de Diadema, sendo que um deles recebeu alta e foi preso em flagrante. O outro permaneceu internado, sob escolta policial.
José Carlos não foi preso em flagrante, mas foi afastado das funções enquanto as investigações estão em andamento. Segundo a Prefeitura de Diadema, ele estava em deslocamento para o trabalho, portando sua arma institucional.
A prefeitura também lamentou a morte e disse que abriu uma investigação interna para apurar o caso.
Procurada, a defesa do GCM disse que ele estava sozinho em uma rodovia perigosa, sob grave ameaça, e que agiu em legítima defesa, como qualquer cidadão treinado para proteger a vida. Também ponderou que ainda não é possível afirmar que o tiro saiu da arma do guarda.
LEIA TAMBÉM:
Raio-X da GCM: novos guardas da capital e das maiores cidades da Grande SP treinam com armas, em média, menos da metade do tempo da PM

Mais Notícias