O prazo para fazer o exame termina no domingo (31) e um quarto dos motoristas ainda não fez o teste. Eles têm uma tolerância de 30 dias depois do prazo para fazer o teste e não levar multa. O exame precisa ser feito a cada 30 meses. Milhões de motoristas de vans, ônibus e caminhões ainda precisam colocar o exame toxicológico obrigatório em dia
Quase 2,5 milhões de motoristas profissionais ainda não fizeram o exame toxicológico obrigatório. O prazo termina domingo (31).
No maior centro de abastecimento da América Latina, em São Paulo, a algazarra do comércio é grande. Mas não maior que o cansaço de quem atravessou o país carregando mercadoria. Motorista sonhando apertado na boleia é cena trivial.
“Bateu o sono, se alimentar direito, dormir e ficar esperto”, diz o motorista de caminhão Robson de Matos.
São eles que contam que a rotina exaustiva do caminhoneiro pode levar ao limite – e às drogas.
“Para ele poder virar a noite todinha dirigindo. Geralmente quem usa uma droga, dependendo, já vira vício”, diz o motorista de caminhão Vagner Coelho.
Prevista pelo Código de Trânsito Brasileiro desde 2020, a obrigatoriedade do exame toxicológico para habilitados nas categorias C, D e E – para dirigir vans, caminhões e ônibus – teve aplicação de multa suspensa por medida provisória em 2022. Mas voltou a valer em outubro de 2023, como explica o secretário nacional de Trânsito.
“Com a preocupação com os níveis de sinistros com morte no Brasil, que vinham aumentando nos últimos anos. Então, o Congresso decidiu que era o caso de retomar a cobrança dessa multa”, diz Adrualdo Catão, secretário nacional de Trânsito.
O prazo para fazer o exame termina no domingo (31), e um quarto desses motoristas não fez. Eles têm mais 30 dias para fazer o teste para não levar multa, que custa R$ 1.467,35 . A infração é considerada gravíssima, com penalidade de sete pontos na carteira. O exame precisa ser feito a cada 30 meses em laboratórios credenciados pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran).
O uso de drogas psicoativas está entre as principais causas de acidentes nas estradas. Os estudos mostram que as substâncias estimulantes – como a anfetamina e a a cocaína – podem manter o motorista acordado por mais tempo e mais propenso a aumentar a velocidade e dirigir perigosamente. Já as substâncias depressoras do sistema nervoso central – como o álcool e a maconha – retardam o reflexo e a resposta a situações de risco.
É por isso que o exame toxicológico de larga escala é tão importante, ressalta o vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego.
“Ele verifica se a pessoa teve contato ou não com substâncias psicoativas que possam prejudicar a condução veicular em um prazo, pelo menos, de detecção de 90 a 180 dias”, afirma Ricardo Hegele, vice-presidente da Abramet.
O motorista de caminhão Bruno Favero diz que vai agendar o exame na próxima semana e que está pronto para o teste da estrada.
“Você estando limpo, você vai estar dando segurança para você e, também, para os outros, o que é muito importante”, diz.