7 de janeiro de 2025

Ministério Público denuncia ‘Chip’, preso por matar PM da Rota com tiro no rosto no litoral de SP

Kaique Coutinho do Nascimento, de apelido ‘Chip’, foi preso suspeito de matar o PM da Rota Samuel Wesley Cosmo, em Santos (SP). Vídeo mostra o PM da Rota sendo baleado no rosto em viela no litoral de SP
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou, neste segunda-feira (11), Kaique Coutinho do Nascimento, de apelido ‘Chip’, preso suspeito de matar o PM da Rota Samuel Wesley Cosmo, em Santos, no litoral do estado.
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O policial foi baleado durante patrulhamento na Praça José Lamacchia, no bairro Bom Retiro, no último dia 2 de fevereiro. Ele chegou a ser levado para a Santa Casa de Santos, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local. ‘Chip’ foi preso em Uberlândia (MG), no dia 14 daquele mês.
Segundo o MP-SP, se a Justiça aceitar os termos da denúncia, ‘Chip’ responderá por organização criminosa majorada [aumentada] pelo uso de arma de fogo e homicídio, com cinco qualificadoras, são elas: motivo torpe [sórdido], finalidade de garantir a impunidade de outros delitos, impossibilidade de defesa da vítima, crime contra agente de segurança pública e uso de armamento restrito.
PM da Rota Samuel Wesley Cosmo (à esq.) morreu após ser baleado por Kaique Coutinho do Nascimento, o ‘Chip’ (à dir.)
Reprodução e Divulgação/Polícia Civil
Em nota, o órgão acrescentou que, para a Promotoria do Júri de Santos, Chip assassinou o PM para fugir e não ser preso por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo.
Por fim, o MP-SP afirmou que o promotor também requereu na denúncia que ‘Chip’ tenha a prisão temporária convertida em preventiva.
Operação Verão
A Operação Verão foi estabelecida na Baixada Santista desde dezembro de 2023. No entanto, com a morte do PM Samuel Wesley Cosmo, em 2 de fevereiro, o Estado deflagrou a 2ª fase da ação com o reforço policial na região.
Em 7 de fevereiro, mais um PM foi morto, o cabo José Silveira dos Santos. Na ocasião, começou a 3ª fase da operação, que foi marcada pela instalação do gabinete de Segurança Pública em Santos e mais policiais nas cidades do litoral paulista. A equipe da SSP-SP manteve a sede na Baixada Santista por 13 dias.
A 3ª fase da Operação Verão permanece em andamento por tempo indeterminado. Já foram registradas 40 mortes de suspeitos (veja a tabela abaixo).
Mortes de suspeitos
Repercussão
A Defensoria Pública de São Paulo, em conjunto com a Conectas Direitos Humanos e o Instituto Vladimir Herzog, pediu o fim da operação policial na região e a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais pelos policiais militares.
A Ouvidoria da Polícia de São Paulo e as entidades de segurança pública e proteção de direitos humanos também entregaram à Procuradoria-Geral de Justiça do Estado um relatório com irregularidades nas abordagens de policiais durante a Operação Verão na Baixada Santista.
Além das denúncias, o documento conta com uma série de recomendações aos órgãos públicos para que cessem as violações de direitos humanos praticadas pela polícia.
O Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público de São Paulo, abriu uma notícia de fato para investigar as denúncias de funcionários da Saúde de Santos de que corpos de mortos na Operação Verão da PM na Baixada Santista são levados como vivos para hospitais.
Nesta semana, o secretário da Segurança Pública do estado de São Paulo, Guilherme Derrite, disse que não reconhece excessos na ação da Polícia Militar na Baixada Santista durante as operações. No entanto, a declaração foi rebatida pelo ouvidor da Polícia Cláudio Aparecido da Silva. Para a Ouvidoria, o “cenário é de massacre e crise humanitária”.
Na manhã deste sábado (9), uma manifestação a favor da Operação Verão reuniu moradores, representantes de associações, policiais militares e deputados estaduais, que integram a chamada ‘Bancada da Bala’. O ato ocorreu na Praça das Bandeiras, na orla da praia do Gonzaga, em Santos.
Mortes de policiais
Policiais militares Marcelo Augusto da Silva, Samuel Wesley Cosmo e José Silveira dos Santos, mortos na Baixada Santista (SP)
Reprodução/Redes Sociais e g1 Santos
No dia 26 de janeiro, o policial militar Marcelo Augusto da Silva foi morto na rodovia dos Imigrantes, na altura de Cubatão. Ele foi baleado enquanto voltava para casa de moto. Uma grande quantidade de munições estava espalhada na rodovia. O armamento de Marcelo, no entanto, não foi encontrado.
Segundo a Polícia Civil, Marcelo foi atingido por um disparo na cabeça e dois no abdômen. Ele integrava o 38º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) de São Paulo, mas fazia parte do reforço da Operação Verão em Praia Grande (SP).
No dia 2 de fevereiro, o policial das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Samuel Wesley Cosmo morreu durante patrulhamento de rotina na Praça José Lamacchia. O agente chegou a ser socorrido para a Santa Casa de Santos (SP), mas morreu na unidade.
Uma gravação de câmera corporal obtida pelo g1 mostra o momento em que o soldado da Rota foi baleado no rosto durante um patrulhamento no bairro Bom Retiro (assista no topo da reportagem).
Cinco dias depois, o cabo PM José Silveira dos Santos, do 2⁰ Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP), morreu ao ser baleado durante patrulhamento no bairro Jardim São Manoel, em Santos. Na ocasião, outro policial militar foi baleado e internado – ele recebeu alta médica no dia 21.
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