Cerca de 20 mulheres já denunciaram a profissional, Camila Groppo, que tem uma clínica em Belo Horizonte. Todas relataram problemas causados por uma bactéria. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) abriu um procedimento investigatório criminal para apurar denúncias contra a dentista Camilla Groppo, suspeita de deixar pacientes com infecções graves após cirurgias de lipoaspiração de papada. Ela estava com o registro no Conselho Regional de Odontologia (CRO) desativado desde março.
Segundo o órgão, cerca de 20 mulheres já denunciaram a profissional, que tem uma clínica em Belo Horizonte. Todas relataram problemas causados por uma bactéria.
“Nesse consultório, essas pessoas foram contaminadas em razão de procedimentos inadequados de esterilização de material. A esterilização de material e usar material cirúrgico esterilizado tem um custo, né?! Então, infelizmente, a gente percebe que profissionais de saúde, pretendendo ter lucro em relação às suas consultas, deixam de fazer as suas obrigações, expõem a saúde das pessoas e provocam lesões corporais gravíssimas”, afirmou o promotor André Sperling Prado.
Promotor André Sperling Prado, da 4ª Promotoria de Saúde de Belo Horizonte
Reprodução/TV Globo
A Polícia Civil também instaurou um inquérito e está investigando o caso. Na semana passada, pelo menos seis pessoas prestaram depoimento em uma delegacia da instituição. Parte delas foi ao Instituto Médico Legal (IML) fazer o exame de corpo de delito, passo importante para o seguimento das apurações.
“A gente alerta que o exame pericial é fundamental, uma prova fundamental para a constatação do crime de lesão corporal. E serve para auxiliar nas investigações, com o possível indiciamento desta suposta autora e encaminhamento dos autos para o judiciário, para avaliação por parte do Ministério Público e do judiciário”, explicou o delegado Alessandro Santa Gema.
Mulheres relataram problemas causados por uma bactéria
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Uma mulher que conheceu Camilla pelas redes sociais disse que remover a papada era um sonho antigo. Após a cirurgia, virou um pesadelo.
“O tratamento é de oito meses a um ano, e eu fiquei internada 14 dias, coloquei 15 drenos no rosto, já colhi várias culturas, várias biópsia… É uma microbactéria que está no organismo, e eu não sei, não sei quando isso vai acabar”, contou.
Clínica fechada
Após as denúncias, a Vigilância Sanitária de Belo Horizonte fez uma vistoria na clínica odontológica, que fica no Centro da capital mineira, para verificar um possível surto de microbactéria não tuberculosa de crescimento rápido. O local foi interditado no último 11 de março.
Vigilância Sanitária de Belo Horizonte fechou clínica odontológica
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Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que a fiscalização constatou algumas irregularidades, como “esterilização inadequada do instrumental utilizado nos procedimentos, além de quantidade insuficiente desses materiais para atender a demanda do estabelecimento”.
Ainda de acordo com a prefeitura, em caso de descumprimento da interdição, a clínica pode ser multada em até R$ 9.979.
Registro desativado
Na semana passada, o Conselho Regional de Odontologia afirmou que Camilla estava com o registro desativado por não ter apresentado o diploma no prazo, que terminou em 5 de março deste ano. Sem cadastro, a profissional não poderia exercer a odontologia, nem mesmo fazer cursos.
O CRO informou que o registro dela foi reativado nesta terça-feira (26), após a apresentação dos documentos necessários. No entanto, para a realização de lipos de papada, os cirurgiões-dentistas devem ter pós-graduação, com especialização em harmonização orofacial — o que não foi comprovado pela profissional.
O que diz a dentista
À TV Globo, a defesa de Camilla Groppo mostrou um diploma de graduação em odontologia, concluída em fevereiro de 2022. A advogada dela afirmou que a profissional cumpre todos os requisitos para a realização de lipo de papada, mas não confirmou o curso de pós-graduação.
“Ela tem os cursos que ela realizou, que têm a chancela do MEC. Então, isso é válido… Sobre isso [pós-graduação], a gente não pode se manifestar, porque eu não tive acesso a toda documentação da doutora Camilla ainda, mas ela tem a formação necessária, ela tem diversos cursos”, disse a advogada Caroline Barbosa Arantes Bicalho.
Defesa de Camilla Groppo mostrou um diploma de graduação em odontologia
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