Letícia Pena, de 31 anos, tinha dores crônicas na coluna e fez bloqueio anestésico na casa da amiga de infância, uma médica anestesista. Após o procedimento, a paciente passou mal e está em coma desde setembro. A família da vítima protocolou queixa-crime no MP por erro médico. Letícia de Souza Patrus Pena, de 31 anos, está em coma desde setembro de 2024
Arquivo pessoal
A Promotoria de Justiça de Nova Lima investiga um possível caso de erro médico que teria deixado a engenheira de produção Letícia de Sousa Patrus Pena, de 31, em coma desde 20 setembro do ano passado. A família de Pena protocolou uma queixa-crime no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra a médica anestesista depois que a paciente passou mal e sofreu parada cardíaca ao realizar um bloqueio anestésico para tratar dores na coluna.
O procedimento foi feito na casa da médica, “um lugar totalmente inadequado” , relata a família da vítima. Ainda segundo eles, Pena e a anestesista eram amigas de infância, e esta foi a segunda vez que o procedimento foi realizado desde que ela começou a sentir dores crônicas na coluna, há quatro anos.
De acordo com o relato da família, não foi prestado socorro adequado quando Pena teve reação adversa ao procedimento. Ainda conforme eles, a médica não acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e optou por levar a paciente no próprio carro para o Hospital Materdei de Nova Lima, na Região metropolitana de Belo Horizonte.
Veja abaixo um trecho do relato da família:
“Ao finalizar o bloqueio, a Letícia mandou uma mensagem de WhatsApp para seu companheiro informando que estava passando mal. Conforme relato da própria médica para nós, família, a minha prima teve uma queda de pressão, ficando tonta. Em seguida começou a delirar, gritando muito, vomitou, teve uma convulsão e, então, a parada cardíaca.
Neste ponto, destaca-se que Letícia não estava de jejum (o que deveria ter sido orientado pela médica) de modo que vomitou e aspirou o próprio vômito. No dia que o procedimento, ela ligou para seu marido, que estava trabalhando no escritório próximo à residência, o seu marido ligou para o seu irmão (cunhado da médica e vizinho) e então ele e o marido da médica foram até a residência da médica, para poder levar a Letícia ao hospital.
Quando Letícia chegou ao hospital já estava em parada cardiorrespiratória. E a partir deste momento a parada cardíaca durou 18 min. Antes disso, não sabemos. Constatou-se pelos exames de ressonância e eletro que Letícia teve graves lesões neurológicas”, diz o relato
Pena ficou internada na unidade de Nova Lima do Materdei até 24 de outubro, quando foi transferida para o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Após dois meses, ela foi transferida novamente para o Materdei da Avenida do Contorno, no Bairro Barro Preto, Região centro-sul da capital mineira.
Em nota, Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG) informou que “todas as denúncias recebidas, formais e de ofício, são apuradas. Todos os procedimentos abertos correm sob sigilo, conforme previsto no Código de Processo Ético-Profissional. O Conselho regional de Medicina também investiga o caso.”
A reportagem do g1 Minas entrou em contato com a médica anestesista e aguarda retorno.