30 de outubro de 2024

Ministro da Bolívia nega ataque contra Evo Morales e diz que comboio do ex-presidente atirou contra polícia

Segundo o ministro do Interior do país, uma força especial antidrogas da Bolívia realizava uma operação quando carros transportando Evo Morales atiraram contra eles neste domingo (27). Ex-presidente da Bolívia Evo Morales divulgou vídeo de suposto ataque a tiros no domingo
O ministro do Interior da Bolívia negou, nesta segunda-feira (28), que o ex-presidente, Evo Morales, tenha sido alvo de um atentado.
Segundo Eduardo del Castillo, uma força especial antidrogas da Bolívia realizava uma operação em busca de traficantes de drogas quando o comboio de carros transportando Morales atirou contra eles.
Neste domingo (27), Evo Morales, que ficou na presidência do país entre 2006 e 2019, afirmou que “agentes do Estado” boliviano tentaram assassiná-lo em um ataque a tiros contra seu veículo e que o ataque, que aconteceu no centro de Cochabamba, deixou seu motorista ferido.
“Denuncio de maneira urgente” ante a CIDH “que agentes de elite do Estado Boliviano atentaram contra a minha vida no dia de hoje [domingo]”, informou Morales na rede social X, citando a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
A declaração ocorreu horas depois de Morales postar o vídeo do suposto atentado. Ele disse que seu veículo tinha sido atacado com “14 disparos” por homens encapuzados quando se dirigia para seu programa semanal de rádio e que o ataque ocorreu “enquanto o governo reativa operações conjuntas entre forças policiais, militares e paramilitares para dirigir a repressão e atentar contra a vida de irmãs e irmãos nos pontos de bloqueio e protesto social”.
Um dia antes, Luis Arce, atual presidente da Bolívia e ex-aliado de Morales, trocou a cúpula militar do país, em meio a bloqueios de estradas promovidos por simpatizantes de Morales em protesto contra uma investigação judicial contra ele.
Arce respondeu, através da rede social X, que instruiu “uma investigação imediata e minuciosa para esclarecer os fatos”.
“O exercício de qualquer prática violenta na política deve ser condenado e esclarecido”, indicou o presidente e ex-ministro da Economia de Morales durante seus 14 anos de governo.
Ex-presidente da Bolívia, Evo Morales
Jornal Nacional/Reprodução
No domingo, o vice-ministro de Segurança Pública, Roberto Ríos, disse que as autoridades consideravam a possibilidade de um “autoatentado”.
“Como autoridades de Estado, é nossa obrigação investigar qualquer denúncia, seja ela verdade ou mentira, sobre a existência de um autoatentado”, declarou Ríos aos jornalistas.
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Investigação contra Morales
O ex-presidente Evo Morales é investigado por suposto abuso de uma menor de idade com quem teve uma filha durante o seu mandato. O Ministério Público anunciou há algumas semanas que emitiria um mandado de prisão contra ele, mas não se pronunciou desde então.
Os partidários de Morales bloquearam várias rodovias do país desde 14 de outubro. Os cortes nas estradas provocam escassez de combustíveis e aumento dos preços de produtos básicos em várias cidades.
Segundo a Administração Boliviana de Estradas, o país tem 16 pontos de bloqueio, a maioria no departamento de Cochabamba, reduto de Morales.
Na sexta-feira (25), mais de 1.700 policiais foram mobilizados para desativar os bloqueios. Nos confrontos, 14 policiais ficaram feridos e 44 pessoas foram detidas, segundo o governo.
Ex-aliados, Arce e Morales estão em uma disputa pela candidatura presidencial governista nas eleições de agosto de 2025, embora apenas o ex-presidente tenha anunciado oficialmente que deseja disputar o pleito.
O Ministério das Relações Exteriores denunciou no sábado em um comunicado que estão em curso “ações desestabilizadoras lideradas por Morales que pretendem interromper a ordem democrática”, o que ameaça a estabilidade da Bolívia e da região.
“O Estado da Bolívia faz um apelo à comunidade internacional, aos Estados, aos organismos multilaterais e aos povos do mundo para que permaneçam atentos diante dos acontecimentos”, afirmou o ministério.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Produtivo e Economia Plural, os bloqueios já provocaram perdas de quase US$ 1,2 bilhão (6,85 bilhões de reais).

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