16 de outubro de 2024

Ministro de Minas e Energia diz que concessionárias farão força-tarefa para ajudar Enel a restabelecer energia para mais de 400 mil imóveis em SP

Até as 11h desta segunda-feira (14), 430 mil imóveis da capital paulista e cidades da Grande São Paulo continuavam sem energia elétrica, segundo informou a Enel. Falta de energia ocorre após um temporal ter atingido o estado de São Paulo na última sexta-feira (11). Ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira durante coletiva em São Paulo
TV Globo
O ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira afirmou que concessionárias do país farão uma força-tarefa para que a concessionária Enel consiga restabelecer a energia elétrica para mais de 400 mil imóveis da capital e Grande São Paulo que continuam sem luz nesta segunda-feira (14).
A afirmação ocorreu durante entrevista coletiva na sede da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, em São Paulo (SP).
“Somados às distribuidoras CPFL, Enel, EDP, ISA CTEEP, Eletrobras, Light, Energiza, que estão aqui hoje, nós estamos ampliando de 1.400 [funcionários da Enel] para 2.900 profissionais, além de mais de 200 caminhões para apoiar essas equipes, fora os caminhões de própria Enel, e mais de 50 equipamentos”.
Durante a coletiva, o ministro também criticou o fato de a empresa não dar previsão do restabelecimento de energia para os moradores, disse que a empresa “beirou a burrice” ao se modernizar e reduzir sua mão de obra e ainda ressaltou que, com a força-tarefa, a Enel tem 3 dias para resolver os problemas mais graves.
“Quando a Enel disse que não tinha previsão de entrega dos serviços à população, eu disse que ela cometeu um grave erro de comunicação, um grave erro de seu compromisso contratual com a sociedade de São Paulo de dar uma previsão objetiva. Eu disse pra ela que ela tem os próximos três dias pra resolver os problemas de maior volume”.
O ministro ainda afirmou que as distribuídoras passarão a ser penalizadas se não tiverem previsão ao planejamento diante de eventos climáticos com consequências à população.
“Hoje os eventos climáticos severos são expurgados da avaliação contratual e no decreto de distribuição que o presidente Lula assinou e que o ministério elaborou depois de um ano de debate com a população, um ano de debate com o setor, esses eventos como esse não poderão mais ser expurgados da avaliação das distribuidoras. Ou seja, as distribuidoras passarão a ser penalizadas caso elas não tenham uma previsão ou planejamento para evitar esse tipo de evento”.
“Porque é evidente que o mundo passa por eventos climáticos severos e a distribuidora tem que se precaver com planejamento em relação a esses eventos. Não é possível esse setor ser reativo”, ressaltou.
O ministro também criticou o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o acusou de fake news por ele afirmar que o Ministério de Minas e Energia estava tratando da renovação de contrato com a distribuidora Enel.
” Prefeito de São Paulo aprendeu rápido com o seu concorrente aqui Pablo Marçal quando o que era o campeão da fake news e da falsificação de documento público. Ele fez uma fake news dizendo que nós estavamos tratando da renovação da distribuição da Enel. A Enel vence seu contrato em 2028. Ela tem até 2026 para se manifestar sobre a sua renovação. Na verdade, ainda dá tempo do prefeito se preocupar com a questão urbanistica de São Paulo”, disse.
E complementou: “Mais de 50% dos eventos foram por árvores caindo em cima do sistema de média e baixa tensão em São Paulo, o que hoje, infelizmente, nem as distribuidoras por questão de força legal e inclusive por licença abiental tem a prerrogativa de cuidarem. Então, nós estamos levando esse ponto pra uma discussão no governo federal para poder ver se há uma solução legislativa, inclusive, para poder dar essa prerrogativa porque municípios que não cumprem com a sua responsabilidade de cuidar da questão urbanística em sinergia com o setor de distribuição tem que dar pelo menos a liberdade do setor de distribuiçaõ de cuidar”.
Alexandro ainda ressaltou que não adianta automatizar o parque de distribuição. “Quando o problema, por mais que você da sua central você tente religar a rede, você não vai conseguir porque o problema é físico, você tem que ter gente pra poder estar lá”.
“Então, eu disse que a Enel foi, no mínimo, usei um termo bastante contundente, de que faltou planejamento e beirou a burrice dela achar que ampliar e modernizar para diminuir gente sem se preocupar com a questão urbanística, que está muito aquém do necessário na capital paulista e, em alguns municípios da Região Metropolitana, que ela ia resolver o problema”.
Mais de 400 mil sem energia
A falta de energia ocorre após um temporal ter atingido o estado de São Paulo na última sexta-feira (11). Segundo a Defesa Civil, sete pessoas morreram na Região Metropolitana e no interior do estado (veja mais abaixo).
Até as 11h desta segunda-feira (14), 430 mil imóveis da capital paulista e cidades da Grande São Paulo continuavam sem energia elétrica, segundo informou a Enel. Na capital paulista, são 280 mil imóveis.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, disse neste domingo (13) que a Enel não cumpriu o plano de contingência para eventos climáticos extremos e colocou menos funcionários em campo do que o esperado após a tempestade que atingiu São Paulo.
“A percepção que nós temos a respeito da recuperação do serviço é que ela [Enel] de fato não tem atendido todas as expectativas com relação ao ano passado. Claro que esses números precisam ser melhor decurados, porque agora temos uma quantidade de consumidores muito grande que estão interrompidos em função do evento. E há outros consumidores que tem ausência do seu serviço por questões da rotina diária do serviço de distribuição”, afirmou Feitosa em coletiva de imprensa neste domingo (14).
O presidente da Enel Distribuição São Paulo, Guilherme Lencastre, informou no sábado (12) que a empresa não tem previsão de retomada total do fornecimento de energia na Grande SP.
“Não é questão de não saber e não passar. E não quero colocar uma expectativa que seja frustrada. (…) A gente tem consciência do transtorno causado por eventos como esse e sabemos da nossa responsabilidade. Vamos trabalhar de forma incansável para reconectar todos os nossos clientes”, declarou.
O presidente da Enel Distribuição São Paulo, Guilherme Lencastre.
Reprodução/TV Globo
O presidente da Enel também afirmou que a empresa disponibilizou 500 geradores para atender hospitais e estabelecimentos que estão sofrendo com a falta de luz na região de concessão, além de ter dois helicópteros da empresa sobrevoando as linhas de transmissão para identificar eventuais problemas.
Lencastre culpou o vento histórico que atingiu a capital paulista e as cidades da Grande SP, com rajadas de mais de 107,6km/h pelos transtornos ocorridos na cidade.
Horas no escuro
O temporal que atingiu a Grande São Paulo na noite desta sexta-feira (11) ocorreu por volta das 19h30. Conforme o g1 publicou, moradores de várias cidades da Grande SP e de vários bairros da capital paulista narraram que estavam há mais de 50 horas sem luz.
Eles ressaltaram que tiveram dificuldades para tentar falar com a Enel para abrir chamado e tentar uma previsão de restabelecimento da energia elétrica.
Rua de bares em Pinheiros sem luz, mas com clientes
Fábio Tito/g1
O presidente da empresa afirmou que a central telefônica da empresa recebeu mais de 1 milhão de chamados desde a noite anterior e está ampliando a capacidade de atendimento.
Por ora, a Enel diz que os canais mais recomendados pela empresa para o contato dos usuários são os seguintes:
SMS: envie gratuitamente mensagem de texto do seu celular para o número 27373 com a palavra luz e o número da instalação que está sem energia. exemplo: luz 012345678.
Pelo aplicativo da Enel, site enel.com.br e whatsapp: (21) 99601-9608.
Sete pessoas morreram em consequência do temporal em SP
Abastecimento de água
A falta de luz na Grande SP ainda afeta o abastecimento de água em várias cidades da região nesta segunda (14), segundo a Sabesp.
Segundo a empresa, a interrupção do fornecimento de eletricidade afeta o funcionamento de estações elevatórias e boosters, equipamentos que transportam a água para locais mais altos.
Com isso, o abastecimento de água pode ser afetado nas seguintes regiões:
CAPITAL: Americanópolis, Vila Clara, Capão Redondo (parte), Pirajussara (parte), Jardim Mimás, Jardim Aeroporto, Jardim Antártica, Jardim Peri, Jardim Peri Alto e Jardim Santa Cruz;
COTIA: Jardim Atalaia;
SANTO ANDRÉ: Jardim São Gabriel, Jardim Santo André, Jardim Marek, Jardim Santo Antônio de Pádua e Cidade São Jorge;
CAJAMAR: Jordanésia;
EMBU DAS ARTES: Jardim Vila Alegre;
MAUÁ: Zaíra, Vila Tavares, Sítio Bela Vista, Jardim Cruzeiro, Jardim São Gabriel, Jardim Miranda D’Aviz, Jardim Paranavaí, Jardim Alto da Boa Vista, Jardim Zaíra-Macuco, Jardim Zaíra, Parque das Américas
Ventania na região da Bela Vista, em SP
Mortes e estragos da sexta
Na contagem feita até o início da tarde deste sábado (12), sete pessoas morreram no estado de SP em virtude das chuvas. Três delas em Bauru, no interior, e quatro na Região Metropolitana:
Bauru: três mortes após queda de muro;
São Paulo: uma morte após queda de árvore no bairro Campo Limpo;
Diadema: uma morte após queda de árvore;
Cotia: duas mortes após queda de muro.
Queda de poste na Avenida Morumbi, Zona Sul de SP
Confira mais fotos e vídeos do temporal:
Ventania derrubou teto de casa no Jardim Independência, em São Bernardo do Campo, Grande SP, na noite desta sexta-feira (11).
Montagem/g1/Acervo pessoal
Queda de árvore na Avenida Lauro Gomes, em Santo André, na Grande São Paulo
Abraão Cruz/Reprodução
Tempestade atinge São Bernardo do Campo nesta sexta-feira (11)
Thomaz Banhara Kravezuk
Queda de árvore na Rua Kaoro Oda, perto da Subprefeitura do Butantã e do Metrô Vila Sônia, na Zona Oeste
Arquivo pessoal
Vídeo mostra bairro ficando sem energia em SP
Queda de árvore na Rua Jureia com a Rua Luís Góis
Árvore caída fecha rua do Jardim Marajoara em SP
Acidente é registrado em local com semáforo sem energia, em SP
*Sob supervisão de Paola Patriarca

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