Unidades vão tratar exclusivamente moradores com confirmação ou suspeita da doença. Objetivo é desafogar outros postos de saúde. Cidade é a que mais registrou infecções na região neste ano. Mogi Guaçu (SP) registra, no início de 2025, uma explosão de casos de dengue. De acordo com dados obtidos pela EPTV, afiliada da TV Globo, com o governo municipal, a cidade soma 779 confirmações da doença em apenas duas semanas do ano novo. O número representa 11,5% do total de registros de 2024, que foi de 6,7 mil.
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Em epidemia, o município é o que mais tem casos de dengue nas regiões de Campinas e Piracicaba neste ano e investiga três mortes suspeitas pela doença. O aumento fez a Secretaria de Saúde acender um alerta para evitar um descontrole de contaminações e estabelecer um plano de ações, que envolve mutirões e a criação de “postos sentinelas”.
Os postos sentinelas vão funcionar, a partir do dia 27 de janeiro, na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim Guaçu Mirim e na do Jardim Zaniboni. O objetivo é atender exclusivamente moradores com casos confirmados e suspeitos de dengue, e desafogar os outros postos de saúde. Já os mutirões de limpeza acontecem entre 23 e 25 deste mês.
Bairros com maior incidência
Santa Terezinha I e II
Jardim Santo Antônio
Ype Amarelo
Parque Cidade Nova
Vila São Carlos
“O mutirão é necessário porque ainda temos dificuldade que a população entenda que a luta é conjunta. A gente ainda sofre com descarte de lixo, imóveis fechados. Então, a conduta acaba não surtindo efeito, mas a gente vai continuar fazendo. Hoje podemos dizer que não estamos em colapso, mas estamos monitorando, se houver mudança, vamos mudar as estratégias”, disse a secretária de Saúde da cidade, Kelly Cristina Cavalheiro.
A titular da pasta ainda confirmou que uma das mudanças de estratégia pode ser o decreto de estado de emergência para combate da doença, como o que foi publicado em Amparo.
Mogi Guaçu
Reprodução/EPTV
Preocupação
Segundo dados do Ministério da Saúde, o aumento de casos no Brasil no início do ano foi mais evidente nas últimas semanas de dezembro de 2024, quando o chamado sorotipo DENV3 começou a se espalhar de forma mais significativa, representando 31,8% dos casos no Amapá, 28,7% em São Paulo, 18,2% em Minas Gerais e 9,3% no Paraná.
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Esses estados lideram a circulação do DENV3, que tem mostrado um crescimento preocupante em comparação com os outros sorotipos predominantes, como o DENV1 e o DENV2 (entenda mais abaixo).
E de acordo com infectologistas ouvidos pelo g1, essa taxa de crescimento acende um alerta para o serviço de saúde de todo o país já que o avanço do DENV3 pode levar a um cenário alarmante, com um aumento expressivo no número de casos em um curto prazo. E tudo isso após um ano já marcado por recordes de diagnósticos, como foi 2024.
“O aumento dos casos de dengue 3 chama a atenção porque grande parte da população é suscetível, já que o vírus circulou em níveis baixos nos últimos anos e por causa disso, muitas pessoas não desenvolveram imunidade contra esse sorotipo”, explica a professora da USP Maria Anice Mureb Sallum, que atua na área de taxonomia e ecologia de mosquitos vetores de agentes infecciosos há mais de 45 anos.
O Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, visto através de microscópio eletrônico na Fiocruz Pernambuco, no Recife.
AP Photo/Felipe Dana
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