31 de janeiro de 2025

Monitoramento por inteligência artificial e planos de contingência: o que mudou 25 anos após enchentes históricas no Sul de MG


Fortes chuvas deixaram várias cidades debaixo d´água no Sul de Minas no ano 2000; doze pessoas morreram. Há 25 anos, o Sul de Minas registrava uma das maiores enchentes de sua história
Há 25 anos, foram registradas as maiores tragédias relacionadas a enchentes no Sul de Minas. Mesmo com o passar dos anos, os avanços em estudos e tecnologias, especialistas não descartam a possibilidade de novos desastres.
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As fortes chuvas destruíram cidades no ano 2000. Doze pessoas morreram. Oitenta mil precisaram abandonar as suas casas. O governo de Minas Gerais, na época, decretou estado de calamidade pública em 22 municípios.
Em Itajubá, uma das cidades mais afetadas da região, o governo municipal criou um plano de contingência mais abrangente. Em 2000, 80% do município ficou submerso. Segundo o atual secretário de Defesa Social, hoje a prefeitura consegue se organizar para enfrentar uma nova situação de crise.
“Um plano de contingência, ele visa atribuir papéis e colocar no planejamento a atribuição de cada instituição. Então, de maneira geral, é isso que um plano de contingência contém. Nós vamos avançar um pouco mais com os planos específicos para cada tipo de desastre, por exemplo, um plano de atuação em enchentes. E aí, nesse plano, nós procuramos, por meio de planejamento, estudos, vislumbrar que tipos de problemas teremos para planejar e empregar os nossos esforços de forma adequada para aquele tipo de situação”, explicou o secretário de Defesa Social de Itajubá, André Coli.
Sul de Minas viveu uma das piores enchentes de sua história há 25 anos, no ano 2000
Acervo EP
O município investiu em tecnologias para avaliar os estragos das chuvas e agir com antecedência. Uma central de monitoramento foi criada há seis anos com o objetivo de amparar os moradores que vivem em áreas de risco.
“Aquele percentual tem que significar algo para a comunidade. Então eu digo para a comunidade que ao chegar a 85% em determinado local, qual é a providência que a comunidade tem que adotar e quais as providências que o poder público tem que adotar também para fazer um desvio de rua, um desvio de via, indicar as pessoas seguirem para um abrigo e tudo mais”, disse o secretário.
Monitoramento com inteligência artificial
E quando o assunto é tecnologia, os avanços surpreendem. Os equipamentos utilizados pela prefeitura foram desenvolvidos pela Universidade Federal de Itajubá.
Estudantes dos cursos de Engenharia de Controle e Automação e Engenharia Eletrônica criaram uma empresa de monitoramento hidrológico, que usa inteligência artificial para fazer previsões.
“A gente capta os dados, tem as 25 estações, elas são físicas e a gente usa a inteligência para agregar valor a esses dados, pegar tudo, juntar e te falar uma coisa mais simples para a população. Vai ter problema ou não vai ter problema”, disse o estudante e diretor técnico da empresa, Caio Tácito Borges da Costa.
Equipe utiliza inteligência artificial para o monitoramento de rios em Itajubá
Ricardo Caroba / EPTV
Os equipamentos estão instalados nos leitos dos principais cursos d’água da cidade, que durante as chuvas oferecem riscos à população.
“O que a gente tem registrado aqui em Itajubá principalmente são alagamentos nos ribeirões menores que cortam a cidade. Esses alugamentos são muito frequentes, todo ano acontece. A gente tem, por exemplo, o Ribeirão José Pereira, que corta aqui a parte comercial, central da cidade. Tem o Ribeirão Anhumas e outros ribeirões. E também ruas, ruas que alagam também com muita frequência”, disse o professor e coordenador do sistema de monitoramento, Benedito Cláudio da Silva.
Riscos de novas catástrofes
Nos últimos 25 anos nenhum episódio assim foi visto novamente, mas para este professor especialista em controle de enchentes a natureza pode surpreender. Ele não descarta a possibilidade de uma nova catástrofe e atingir a região novamente.
“Apesar dos avanços que nós tivemos em algumas coisas em termos de preparação nada de efetivo. O controle é uma parte muito importante, mas o planejamento como um todo ele ainda é muito deficiente. É como saber o que fazer naquele momento. E esse embasamento que a gente tem para falar que, olha, isto vai acontecer, a gente pega tudo que aconteceu no passado e repete isso, vamos dizer assim, para o futuro”, disse o professor especialista em controle de enchentes, Alexandre Augusto Barbosa.
Sul de Minas viveu uma das piores enchentes de sua história há 25 anos, no ano 2000
Acervo EP
Diversos bairros foram construídos em cima de áreas que podem alagar. E para o especialista, se uma situação como a de 2000 se repetir. As pessoas começaram a desocupar as casas de madrugada em barcos, caminhões e tratores, que trabalham o tempo todo para socorrer à população. Os estragos serão ainda maiores.
“As cidades cresceram, cresceram de forma desordenada ainda, podem falar que foi de forma ordenada, mas não é, e muitas vezes com recomendações não só nossas mas de outras pessoas que não se fizessem uma construção por exemplo naquele local lá no bairro tal de pousa alegre ou de Santa Rita o pessoal ainda teima, acha que as coisas podem não acontecer no futuro e vão acontecer e de maneira ainda pior, em maior escala. Você tem que estar preparado para aquilo. Mas, no momento em que acontecer, a maior parte vai ser pega, que nós chamamos, o nosso jargão popular de calça curta”, completou o professor.
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