26 de janeiro de 2025

Moody’s eleva nota de crédito da Argentina pela primeira vez em 5 anos


Rating soberano do país subiu de ‘Ca’ para ‘Caa3’, com perspectiva ‘positiva’. Ainda assim, classificação representa risco alto de inadimplência e baixo interesse de investidores. Presidente da Argentina, Javier Milei.
Ciro De Luca/ Reuters
A agência de classificação de risco Moody’s elevou nesta sexta-feira (24), de “Ca” para “Caa3”, a nota de crédito soberano de longo prazo da Argentina em moeda estrangeira. Essa é a primeira vez em cinco anos que a agência decide subir a nota do país.
Apesar da melhora na nota, a classificação ainda indica que a Argentina apresenta alto risco de inadimplência e, consequentemente, baixo interesse de investidores. (entenda mais abaixo)
Ao anunciar a decisão, a Moody’s afirmou que a forte mudança de política do governo ajudou o país a enfrentar os desafios econômicos e a estabilizar suas finanças externas. Dados oficiais divulgados na última segunda-feira (20) mostram que a Argentina alcançou um superávit comercial recorde de US$ 18,9 bilhões em 2024.
O resultado coincide com o primeiro ano completo de gestão do presidente ultraliberal argentino, Javier Milei, que adotou uma série de medidas para reduzir os gastos públicos.
Além da política de “déficit zero” de Milei, o mercado financeiro tem se mostrado otimista com o país por conta da queda da inflação e do compromisso do governo em cumprir com suas obrigações de dívida.
Conforme a Moody’s, a administração de Milei herdou uma inflação galopante, reservas internacionais esgotadas e extensos desequilíbrios econômicos, o que levou a uma probabilidade muito alta de um “evento de crédito”.
“Ajustes fiscais decisivos, juntamente com medidas para interromper o financiamento monetário, foram implementados e se mostraram eficazes em resolver os desequilíbrios,” afirmou a agência.
Na decisão desta sexta-feira, a perspectiva da Argentina também foi revisada de “estável” para “positiva” — o que indica uma possível nova elevação na nota —, à medida que o governo continua em seu programa de estabilização macroeconômica.
Em 2020, a Moody’s havia rebaixado a classificação de crédito da Argentina. A mudança ocorreu quando as negociações de reestruturação da dívida foram interrompidas pela pandemia de Covid-19, aumentando o risco de inadimplência do país.
Como funcionam as notas de crédito
As agências têm uma longa escala de classificação, com mais de 20 notas. Quanto mais alta a posição, mais eficiente, confiável e robusta é a economia — e menor o seu risco.
Há ainda uma divisão em duas “prateleiras” principais:
Grau de investimento;
Grau especulativo.
O grau de investimento é um selo de qualidade que assegura aos investidores um menor risco de calotes. A partir da nota de crédito que determinado país recebeu, os investidores podem avaliar se a possibilidade de ganhos (por exemplo, com juros) compensa o risco de perder o capital investido com a instabilidade econômica local.
O grau especulativo surge quando o país perde o selo de bom pagador, porque as agências deixam de dar sua chancela de segurança para um investimento. Nessa situação, é comum que o país perca também possibilidades de investimento.
Alguns fundos de pensão internacionais, de países da Europa ou Estados Unidos, por exemplo, seguem a regra de que só se pode investir em títulos de países que estejam classificados com grau de investimento por agências internacionais.
Veja abaixo os níveis das notas de crédito. Brasil está em posição melhor do que a Argentina:
Veja as notas de crédito do Brasil (ratings) em todas as agências de risco
Kayan Albertin/Arte g1
* Com informações da agência de notícias Reuters
Milei cogita saída do Mercosul por aliança com os EUA

Mais Notícias