4 de fevereiro de 2025

Morador da periferia do DF realiza sonho e se torna diplomata aos 35 anos


William Silva Placides tomou posse no Itamaraty após seis tentativas no concurso considerado um dos mais difíceis e disputados do país. Jovem da periferia do DF se torna diplomata aos 35 anos
Aos 35 anos, William Silva Placides realizou o sonho de se tornar diplomata. Até os 19, ele morou no Sol Nascente, periferia do Distrito Federal, onde viu de tudo: desde as enchentes até os casos de criminalidade. Mas, ele se recusou a não lutar por uma vida diferente (veja vídeo acima).
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Depois de se graduar em relações internacionais, William fez a prova para ser diplomata seis vezes. Em cinco delas, chegou até a final. O concurso é considerado um dos mais difíceis e disputados do país.
O resultado que ele tanto esperava veio no fim do ano passado, quando o nome de William saiu na lista dos aprovados. A posse no Itamaraty foi em janeiro deste ano.
“Às vezes, a galera está na ‘quebrada’, está em uma situação de vulnerabilidade, fica descrente de si mesmo, acha que não consegue, que não merece tal coisa. O meu recado seria assim: acredite em seus sonhos, estuda forte, faz o seu que a hora vai chegar, vai acontecer”, diz William.
Como tudo começou
Do Sol Nascente para o mundo: jovem da periferia do DF torna-se diplomata aos 35
Reprodução/Arquivo pessoal
William é natural de Itapecerica da Serra, em São Paulo. Ele conta que veio com a mãe para Brasília em busca de melhores oportunidades.
“Minha mãe se separou e resolveu vir para Brasília buscar mais oportunidades para a gente porque realmente a máquina pública funciona melhor, tem mais serviços, mais acesso, né? Só que quando a gente chegou aqui, a gente foi parar lá no Sol Nascente”, lembra William.
Após muito estudo, em 2007, veio a primeira conquista de William com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
“Eu tive a grata surpresa de ter ficado em quarto lugar [entre os alunos] das escolas públicas do DF, o que deu uma nota que me dava acesso a basicamente qualquer curso. Acabei escolhendo relações internacionais”, diz o diplomata.
Quatro idiomas
Jovem da periferia do DF, diplomata aos 35 anos, conta que precisa falar quatro idiomas
Desde então, ele conheceu mais possibilidades de explorar o mundo. Estagiou na embaixada da Itália, onde conheceu de perto a profissão de diplomata. Mas, então, veio uma mudança temporária na carreira.
“Durante o período da universidade, eu passei no concurso para entrar para carreira de atividades penitenciárias, que hoje é a Polícia Penal de Brasília, onde eu passei 14 anos e meio. Casei, tive filhos”, conta William.
Ele diz que, à época, o concurso para o Itamaraty parecia algo muito distante. Mas, de 2017 para cá, ele não desistiu. Hoje, ele está no Instituto Rio Branco (IRBr), academia que forma os diplomatas do Brasil.
“A gente estuda quatro idiomas estrangeiros ao mesmo tempo: espanhol, francês e o inglês, e tem que escolher entre árabe, chinês e russo, que foi a minha escolha. Depois de três anos em Brasília, eu vou ser desdobrado e vou passar provavelmente 10 anos servindo entre países diferentes, representando a nossa nação”, comemora William.
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