27 de dezembro de 2024

Moradoras do litoral de SP denunciam golpe após excursões canceladas: ‘sacanagem’

Técnica de enfermagem e empresária de Guarujá (SP) só foram informadas sobre o cancelamento das viagens horas antes do embarque. Uma delas ainda não recebeu o dinheiro, enquanto a outra alegou ter sido reembolsada depois que a história repercutiu na web. A empresa disse ter enfrentado problemas, mas que acertou as pendências com os clientes. Agência de turismo de Guarujá (SP) é acusada de cancelar viagens e não estornar dinheiro de algumas vítimas
Arquivo pessoal
Moradoras de Guarujá, no litoral de São Paulo, acusam uma agência de turismo de aplicar golpes envolvendo excursões para parques. Ao g1, duas vítimas contaram, nesta quinta-feira (2), que pagaram por passagens de ônibus e ingressos para as atrações, mas a empresa cancelou os passeios. Uma delas ainda não recebeu o dinheiro de volta. (veja abaixo).
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Uma das vítimas é a técnica de enfermagem Nicolly Dias, de 19 anos. Ela e mais três amigas compraram há dois meses uma excursão da agência Giratour para um parque aquático em Itupeva (SP). A viagem, que deveria ter acontecido no último domingo (28), foi cancelada na noite anterior e o dinheiro ainda não foi devolvido.
Nicolly contou à equipe de reportagem que conheceu a empresa por um anúncio nas redes sociais. Por lá, ela combinou os detalhes da venda com um homem pelo WhatsApp. O valor do passeio, por pessoa, ficou em R$ 230. A empresa cobrou R$ 100 no ato e R$ 130 três dias antes da viagem.
Como o grupo de Nicolly embarcaria para o parque às 6h de domingo, ela entrou em contato às 18h de sábado (27) para acertar os horários com a empresa. A técnica de enfermagem disse ter sido respondida no final daquela noite. “Ele me respondeu às dez e poucos da noite dizendo que estava sendo cancelado”.
Conversas entre Nicolly e o responsável pela agência turística de Guarujá (SP)
Arquivo pessoal
Nicolly pediu o estorno do valor, mas o homem só enviou o comprovante de pagamento na manhã de segunda-feira (29). Ela checou o extrato e constatou que o dinheiro não havia sido depositado. “Minha raiva não era nem dele ter cancelado o parque. [Era] ele agindo na sacanagem”, disse.
Cancelamento a uma hora da viagem
A empresária Fernanda Mangueira, de 40 anos, foi prejudicada por outro suposto golpe da mesma agência. A moradora de Guarujá registrou um boletim de ocorrência contra o homem após comprar passagens de ônibus para o parque Hopi Hari, em Vinhedo (SP), para um festival LGBT no dia 20 de abril.
Responsável pela agência, em Guarujá (SP), alegou que conta bancária estava bloqueada
Arquivo pessoal
“No dia da excursão, faltando uma hora para o embarque, ele mandou uma mensagem para mim dizendo que teve um problema com a agência de ônibus e que a viagem tinha sido cancelada”, contou.
O responsável enviou uma Transferência Eletrônica Disponível (TED) à empresária, mas, como era sábado, o valor não foi depositado na conta. A mulher notou entendeu ter caído em um golpe e decidiu ir ao parque por conta própria .Ela gastou mais R$ 270 com transporte para chegar ao festival.
Decepcionada, Fernanda decidiu publicar um vídeo nas redes sociais expondo a situação. Depois que tomou tal atitude ela descobriu que várias outras pessoas foram lesadas pela mesma agência de turismo.
“As pessoas foram comentando, foram se identificando, e foram me chamando na DM [campo de mensagens] do Instagram, no WhatsApp, para falar que também sofreram golpe […]. A gente descobriu que ele já tinha mudado de nome da empresa”.
‘Que as pessoas não caiam mais’
Só depois que o vídeo viralizou é que o dono da agência entrou em contato pedindo desculpas e alegando que a conta bancária dele havia sido bloqueada. Ele fez um Pix e devolveu os R$ 270.
Fernanda recebeu inúmeras mensagens denunciando golpes por parte do dono da agência. Segundo ela, as queixas dão conta de que ele já falsificou passagens de avião e lesou outras agências de turismo.
“A intenção da gente é seguir adiante [com processo], mesmo com o ressarcimento. Que as pessoas saibam disso e não caiam mais [em golpe]”, contou.
O que diz a agência?
Ao g1, o dono da Giratour, Maurício Santos Silva, disse que as viagens foram canceladas por diferentes motivos. A de Fernanda para o Hopi Hari não aconteceu, segundo ele, porque a agência de transporte teve um problema, enquanto a de Nicolly foi pela desistência dos demais clientes.
O responsável pela agência de turismo disse ainda que Nicolly teria se recusado a preencher uma ficha de reembolso para o ressarcimento. “Tenho as mensagens. Todos os demais passageiros dessa viagem do parque aquático foram reembolsados pois preencheram a ficha”, afirmou.
Ainda segundo Maurício, o dinheiro não caiu na conta de Nicolly porque ele digitou o CPF errado. “Falei que iria verificar com o banco, mas o banco não faz estorno de transferências. Por mais que tenha enviado de maneira errada, só precisamos que ela preencha o termo do pedido do cancelamento do ingresso para que seja ressarcida”.
Sobre a viagem de Fernanda, o dono da agência disse que todos os clientes foram reembolsados em 25 de abril, dentro do prazo que constava no contrato.
Providências cabíveis
Maurício informou que a imagem dele divulgada nas redes sociais associada ao não reembolso das viagens, o que acabou “gerando incitação ao ódio e à violência”. De acordo com ele, o setor jurídico da agência foi acionado para tomar as providências cabíveis.
Após a veiculação desses conteúdos, várias denúncias ao perfil da empresa e perfil pessoal do dono foram realizadas. Assim, teriam sido suspensos da plataforma.
O WhatsApp da empresa foi derrubado como denúncia de spam, o que estaria impossibilitando o contato com os demais clientes. Quem precisar deve entrar em contato pelo e-mail adm.giratour@outlook.com.
O g1 entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem.
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