As polícias Civil e Militar e a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) estão na comunidade desde o início da semana passada para pôr abaixo o que consideram o “condomínio do tráfico” Moradores da Maré se envolvem em discussão com PMs, e disparo é ouvido
Moradores do Complexo da Maré se envolveram em um conflito com policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na tarde desta segunda-feira (26). Um vídeo, feito por um morador, mostra o momento em que um disparo é ouvido.
Uma outra filmagem mostra parte da discussão: “olha aí, eles apontando arma para morador, não tem ninguém armado aqui”. Enquanto isso, o policial responde: “se jogar, vai tomar”.
No vídeo, é possível ouvir que os moradores queriam a saída da Polícia Militar da comunidade. Entre gritos e xingamentos, uma criança para no meio da rua e arremessa algo em direção aos policiais. Nesse momento, um disparo é ouvido e as pessoas correm.
Ninguém se feriu. Segundo populares, as pessoas estavam jogando ovos nos agentes. Procurada, a Polícia Militar disse que o comandante do Bope irá analisar as imagens e que a Ouvidoria da corporação está disponível para a formalização de denúncias nos seguintes canais: (21) 2334-6045 ou e-mail ouvidoria_controladoria@pmerj.rj.gov.br. O anonimato é garantido.
Essa segunda-feira foi o 8º dia de operações no Complexo da Maré. As polícias Civil e Militar e a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) estão na comunidade desde o início da semana passada para pôr abaixo o que consideram o “condomínio do tráfico”, um conjunto de imóveis ainda em construção erguidos sem o aval do poder público nem normas de segurança.
De acordo com a Polícia Militar, não há registro de tiroteio entre traficantes e policiais. Os últimos dias de operação foram marcados por manifestações de populares e professores.
Segundo eles, a frequência da ação policial está afetando o rendimento escolar e o direito de ir e vir dos moradores. Nesta segunda, foram 26 escolas fechadas e postos de saúde sem funcionamento.
Objetivo da operação é demolir imóveis ilegais
As investigações apontam que a comunidade do Parque União vem sendo utilizada há anos, através da construção e abertura de empreendimentos, para lavar dinheiro com o comércio de drogas.
Segundo a polícia, há uma estratégia da facção criminosa de colocar ao menos uma pessoa em cada unidade habitacional para fingir que são moradores e dificultar as demolições. A primeira fase da operação registrou que cerca de 90% dos prédios estavam vazios. Nos três primeiros dias desta semana, 24 prédios foram descaracterizados, somando 133 unidades.
A Secretaria de Ordem Pública (Seop) afirma que não há data prevista para o término da operação.