Segundo a Enel, normalização deve ocorrer até 8h30. Problema foi causado por uma falha na rede subterrânea da concessionária e atingiu 35 mil pessoas. Bairros estão sem luz desde as 10h de segunda (18). Apagão no Centro de SP causa transtorno em hospitais; alguns bairros ainda estão sem luz
Moradores e frequentadores do Centro da cidade de São Paulo permaneciam sem luz na manhã desta terça-feira (19). Segundo a Enel, a previsão é a de que a energia seja reestabelecida para todos os clientes até as 8h30.
A concessionária afirma que já terminou os trabalhos de reparos na rede subterrânea onde ocorreu a falha.
Ainda de acordo com Enel, o problema começou por volta das 10h de segunda-feira (18) em uma escavação realizada pela Sabesp que atingiu acidentalmente cabos da rede subterrânea da distribuidora, e causou a interrupção da energia.
A Sabesp, porém, negou que a obra tenha atingido a rede elétrica.
“Antes de iniciar a obra, como é de praxe, a Sabesp fez uma sondagem de todas as redes que passam no local. Por este motivo, a escavação no local foi feita manualmente, a partir das 11h, sem qualquer movimentação na fiação”, disse a Sabesp em nota.
Hospitais, comércios e casas afetados
Hospitais, casas, apartamentos e lojas tiveram de enfrentar mais de dez horas sem energia elétrica. Pouco antes das 19h, a energia elétrica foi retomada apenas em algumas regiões.
A dona de casa Jane Aparecida precisava de atendimento ortopédico na Santa Casa, mas não conseguiu.
“Não atenderam, só fizeram a ficha, não chamaram ninguém. Não funciona painel, os banheiros todos sujos, não tem papel, não tem sabão. Está um verdadeiro caos.”
Ao lado do Cemitério da Consolação, doentes renais crônicos que tinham hemodiálise marcada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ficaram esperando a energia voltar. Eles estavam preocupados e revoltados.
“Eu estou esperando por uma questão de não desobedecer. Por mim, já tinha ido embora, sei que não vai voltar. Você acha que a Enel vai dizer ‘O coitadinho está lá sem fazer a hemodiálise dele’? Não, não…”, lamentou o técnico em informática Luis Cenise.
O apagão também atingiu semáforos da Avenida Angélica e de outras ruas de Higienópolis. Na Faculdade de Medicina da Santa Casa, as aulas foram suspensas. Moradores também reclamaram do sinal de internet nos celulares, que oscilou durante toda a tarde.
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Pacientes que fariam quimioterapia no Instituto do Câncer Dr. Arnaldo tiveram de voltar para casa. “Não deu pra fazer. [Apenas] amanhã ou na quarta-feira”, disse o motorista José Rodrigues.
O Hospital Santa Isabel também operou apenas com as atividades essenciais. Geradores de energia garantiram o básico.
Em nota, a Santa Casa informou quer remarcou atendimentos de pacientes ambulatoriais e que utilizou geradores para áreas de internação e emergências.
Apagão atinge a região de Higienópolis, Santa Cecília e Consolação
Claudia Castelo Branco/Arquivo pessoal
Na Vila Buarque, Dona Berenice, de 74 anos, recém-operada, precisou subir nove andares do seu prédio para conseguir chegar ao apartamento em meio ao apagão (veja vídeo abaixo).
Senhora de 74 anos sobe nove andares em meio a apagão
Comércio afetado
Em frente à Santa Casa, um restaurante que serve, em média, 120 refeições por dia, não preparou nem 30 nesta segunda (18). O gerente, José Carlos, entrou em contato com a Enel e foi informado de que não havia previsão de retorno.
“Os freezers, os sorvetes vão estragar, fora as mercadorias que estão lá em cima. Tem de R$ 700 a R$ 1 mil de sorvete. Vai perder tudo, chegou hoje”, afirmou.
Claudinei Schiassi, dono de livraria, conta que seu prejuízo é online:
“Nós temos as penalidades pelos market places. A gente atende as vendas online, tem um prazo pra entregar. A gente não consegue emitir nota e não consegue entregar, então vou ser penalizado amanhã por esse atraso, né. Algumas penalidades a gente fica uma semana sem poder vender. Por uma falha que não é nossa, né”.
O jornaleiro Paulo Cardoso reclama da prestação de serviço.
“Tá tudo descongelado. No escuro, eu vou ter que fechar mais cedo. Desde as 10h30 da manhã. A gente paga energia tão cara. Se ficar um dia sem pagar, eles já mandam mensagem, fazem a maior palhaçada. Na hora de prestar o serviço pra gente, a gente tá assim. Eu estou na escuridão e tenho que fechar”.
Semáforo sem luz no Higienópolis após bairro sofrer com apagão nesta segunda-feira (18)
Claudia Castelo Branco/Arquivo Pessoal