Em meio ao cenário de destruição causado pela força da chuva na Região Sul do Espírito Santo nos dias 23 e 24 de março, a solidariedade se mantém forte nas cidades mais atingidas pelo temporal. Mimoso do Sul, no ES, uma semana após as fortes chuvas no Sul do ES
Como celebrar a Páscoa após uma tragédia? Essa é a pergunta que mais de 11,7 mil pessoas tentam responder após deixarem as residências onde moravam devido às fortes chuvas que atingiram a Região Sul do Espírito Santo entre a noite do dia 23 e madrugada do dia 24 de março. A solidariedade tenta ser a resposta diante da destruição e mortes que assolaram cidades.
Há mais de sete dias, a ajuda de voluntários pode ser vista na limpeza de cada rua e casa nos municípios afetados, mas também em atitudes com a produção de marmitas, mesmo que de forma ainda improvisada, nas doações que não param de chegar de todo o estado e até nos ovos de chocolate que deixaram a Páscoa mais doce para duas mil as crianças da região.
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Além de vidas perdidas na tragédia das chuvas, o prejuízo passa pela perda de roupas, móveis e documentos. Muitas famílias perderam tudo. A força da água força da água quebrou portões de ferro e levou casas inteiras ao chão, além de arrastar dezenas carros e até caminhão do Corpo de Bombeiros. (assista o vídeo no início da reportagem).
De acordo com o boletim extraordinário divulgado pela Defesa Civil do Espírito Santo, divulgado às 11h desta sexta-feira (28), o temporal deixou ao menos 20 pessoas mortas e duas desaparecidas. Os óbitos foram registrados em Mimoso do Sul (18 vítimas) e Apiacá (2 mortos).
Moradores tentam reconstruir cidades após temporal no Sul do ES
Além disso, 11.397 pessoas ainda estão desalojadas (foram para residência de familiares ou amigos) e outras 384 estão desabrigadas, isto é, perderam o imóvel e foram encaminhados a abrigos públicos no Espírito Santo.
Os abrigos onde as vítimas estão ficam em seis municípios, sendo eles Apiacá (com 203 desabrigados), Mimoso do Sul (100), Bom Jesus do Norte (64), Alegre (14) e Vargem Alta (3). Os espaços que recebem essas pessoas ficam em escolas e igrejas das cidades. É onde os desabrigados estão recebendo acolhimento e doações, todos os dias.
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A força da solidariedade
Em meio ao cenário de destruição causado pela força das chuvas, a solidariedade, por sua vez, se mantém forte nas cidades mais atingidas pelo temporal.
Fernanda é uma das voluntárias que está ajudando as vítimas das chuvas no Sul do Espírito Santo
Ana Elisa Bassi
Em Mimoso do Sul, por exemplo, a sede Cooperativa de Laticínios de Mimoso do Sul (Colamisul) tornou-se um centro de distribuição de donativos. Até uma cozinha improvisada foi montada para atender os moradores. Mesmo sem muita estrutura, moradores e voluntários se revezam fazendo marmitas para aqueles sem casa e até os outros que estão na cidade para ajudar.
Doações para as vítimas das chuvas em Mimoso do Sul, no Espírito Santo
Ana Elisa Bassi
De Vila Velha, na Grande Vitória, um grupo de motociclistas atravessou 174 quilômetros com três carros carregados com botija de gás, água, roupas e até um fogão. Além dos suprimentos, as motocicletas usadas em viagens agora também servem para levar as doações a bairros ainda difíceis de acessar.
Motociclistas levam ajuda a Mimoso do Sul, no Sul do ES
Reprodução/TV Gazeta
Os municípios próximos também disponibilizaram servidores para ajudar as cidades mais atingidas, a exemplo da voluntária Hellen Ramalho, que trabalha na Prefeitura de Presidente Kennedy.
“Estamos separando as roupas masculinas e femininas para facilitar no momento de enviar. Todas serão enviadas ainda hoje (ontem)”, explicou a servidora pública Hellen Ramalho, voluntária de Presidente Kennedy.
Afeto em forma de ovo de Páscoa: crianças recebem doação de 2 mil ovos em Mimoso do Sul
Para a data mais doce do ano não passar em branco para as crianças de Mimoso do Sul, uma das cidades mais destruídas, um grupo de voluntários realizou a distribuição de ovos de chocolate. Tudo foi feito nesta sexta-feira (29). Foram algumas horas de afeto em forma de doce. O mínimo para levar um pouco mais de leveza diante de dias duros de reconstrução.
Militares do Exército Brasileiro atuam nas cidades atingidas pelo temporal no Sul do Espírito Santo
Ana Elisa Bassi
Além dos voluntários, as ações de limpeza da cidade contam ainda com tropas do 38° Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro, localizado em Vila Velha, na Grande Vitíoria. Os militares atuam nas cidades desde segunda-feira (25), após pedido do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande.
Fuzileiros navais chegam ao Sul do ES
Já a Marinha do Brasil cedeu um grupo com 83 fuzileiros (assista acima) para ajudar as comunidades mais afetadas, que está atuando em Mimoso do Sul e Apiacá desde quinta-feira (28).
O grupamento conta com 15 viaturas e as equipes já estavam trabalhando no desbloqueio de vias, transporte de suprimentos especiais, distribuição de água, e outras atividades desde quinta-feira.
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Mutirão de limpeza é organizado pelas redes sociais
Sete dias após a tragédia das chuvas no Espírito Santo, a limpeza de alguns municípios, como Mimoso do Sul e Apiacá, continua sendo um desafio para que os moradores consigam retomar a rotina normal. Até quinta-feira (29), por exemplo, nenhuma loja tinha conseguido reabrir devido aos prejuízos dos comerciantes locais.
Limpeza nas cidades mais atingidas pela chuva no Sul do Espírito Santo foi intensificada no feriado
Reprodução/TV Gazeta
Desde então, capixabas de norte a sul se mobilizaram e enviaram água, roupas, alimentos, itens de higiene pessoal e limpeza. A rede de apoio, que também passou a contar com o voluntariado de pessoas de outros estados, como de Minas Gerais.
Voluntário veio de Minas Gerais para ajudar vítimas das chuvas no Sul do Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
“Sou voluntário e vim de Caratinga, Minas Gerais, junto com um grupo de 15 pessoas. São 300 quilômetros até aqui e vamos ficar até segunda-feira para ajudar a limpar”, disse um jovem, ao vivo, para a TV Gazeta.
A corrente do bem foi ainda mais fortalecida no feriado nacional da Sexta-feira Santa, celebrado nesta sexta-feira (29). Um mutirão foi mobilizado na internet e centenas de pessoas deixaram a folga de lado, colocaram botas e outros sapatos fechados e enfiaram os pés, literalmente, na lama, para ajudar na limpeza dos municípios mais atingidos com pás, baldes e outras ferramentas.
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Uma das voluntárias responsáveis pela mobilização on-line foi a Lara Fraga. Por meio de uma publicação nas redes sociais, ela convocou familiares e amigos para participarem da ação em Mimoso do Sul.
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“Me sinto realizada e abençoada por Deus. Tenho uma rede social que uso de forma particular e hoje eu vi que ela serviu para servir”, disse a voluntária.
A voluntária Nathalya Vitoriano veio da cidade de Muqui, localizada ao lado do município de Mimoso.
“A gente vem mesmo cansada e exausta emocionalmente, porque temos os nossos problemas também… Mas nessa hora a gente esquece de tudo”, disse.
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Já o voluntário Igor Miéis é de Venda Nova do Imigrante, município da Região Serrana do Espírito Santo, e também estava com a mão na massa (ou melhor, na limpeza) nesta sexta-feira.
“A ajuda é muito bem-vinda e eu me sinto muito grato em poder fazer isso pelas pessoas”, comentou.
Gratidão aos voluntários
A casa do pai do fisioterapeuta Alexandre Repinaldo foi invadida pela força da água. Todos os móveis e eletrodomésticos foram perdidos. Emocionado, o profissional disse que seria impossível fazer todo o trabalho sozinho.
Mutirão de limpeza em Mimoso do Sul: voluntários usaram folga para ajudar a cidade
“Eu agradeço do fundo meu coração. Fico até emocionado. A gente perdeu tudo”, desabafou.
A comerciante Maria Aparecida, que perdeu tudo, também não sabia como limpar a loja sozinha. No entanto, na manhã de sexta-feira, quando chegou ao local, tinha pessoas esperando para ajudá-la.
“É muito gratificante porque, quando a chega, a gente acha que não vai ter como, que não vai ter solução. Mas eu sou uma mulher de muita fé. Eu creio que as coisas vão se ajeitar”, disse em lágrimas.
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Atuação do Poder Público
Diante do volume de chuva e do tamanho da destruição e dos prejuízos, no dia 23 de março governo do estado decretou situação de emergência em 13 cidades da região. Foram elas: Alegre, Alfredo Chaves, Apiacá, Atílio Vivacqua, Bom Jesus do Norte, Guaçuí, Jerônimo Monteiro, Mimoso do Sul, Muniz Freire, Muqui, Rio Novo do Sul, São José do Calçado e Vargem Alta.
Governador Renato Casagrande (de boné) fala sobre a situação de Mimoso do Sul após chuva no Espírito Santo
Reprodução
No domingo (25), um dia após a enchente, o governo federal, por meio do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), anunciou que enviou uma equipe da pasta prestar apoio a municípios do Sul do Espírito Santo atingidos pelas fortes chuvas.
Entre as medidas imediatas do governo do estado, uma delas foi a disponibilização do Cartão Reconstrução para as pessoas atingidas pelas chuvas no Sul do Espírito Santo. O benefício no valor de R$ 3,5 mil poderá ser usado para aquisição de móveis, eletrodomésticos, roupas, alimentos, material de construção ou qualquer item que a família entenda como prioritário.
Na terça-feira (26), o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, entregou o relatório inicial com as demandas de infraestrutura urbana, rural e rodoviária, além de habitação, com custo estimado em R$ 743 milhões. De acordo com o documento, será necessária a construção de 560 novas unidades habitacionais, além da reparação de quase 1,7 mil residências, com investimento previsto de R$ 275,3 milhões.
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