27 de dezembro de 2024

Moradores se assustam com tremor de terra e estrondo no interior do Acre: ‘senti minhas pernas tremerem’

Corpo de Bombeiros confirmou que tremor foi sentido por volta da meia-noite, mas não houve ocorrências graves relacionadas. Abalo não foi registrado por plataformas de monitoramento geológico. Tremor não foi detectado por serviços geológicos, mas foi reportado no site do Centro de Sismologia da USP
Reprodução/Centro de Sismologia USP
Os moradores do município de Tarauacá, no interior do Acre, relataram um tremor de terra seguido por um forte estrondo na madrugada dessa terça-feira (1). O abalo, porém, não foi registrado por plataformas de monitoramento geológico, mas foi confirmado pelo Corpo de Bombeiros do município e também foi reportado por um usuário do site do Centro de Sismologia da USP.
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O promotor de eventos Lucas Dourado, morador do município, conta que estava com a família em frente a casa de um tio no bairro Senador Pompeu por volta de meia-noite quando sentiu o abalo no solo e ouviu um forte estrondo, que pensou ser uma explosão.
“Fiquei assustado e com medo de que fosse uma explosão de algo inflamável, pois houve um forte barulho no momento do tremor. Estava de pé e senti minhas pernas tremerem, além de perceber o chão balançar”, relata.
Ainda segundo Dourado, apesar do susto, ele a família não se feriram nem registraram danos graves no local.
“Foi uma experiência diferente, algo que nunca havia presenciado antes. Tanto minha família quanto meus amigos ficaram muito assustados e preocupados”, acrescenta.
De acordo com o comandante da corporação, capitão Marcos, agentes que estavam de plantão no quartel sentiram o tremor, mas informaram que não foram acionados para ocorrências graves relacionadas ao tremor.
A corporação está verificando casas e prédios do município para avaliar relatos de rachaduras em paredes e danos semelhantes.
“Alguns integrantes da guarnição, que estavam aqui no quartel, perceberam o abalo. Mas, não tivemos nenhuma solicitação, fizemos algumas verificações também e não constatamos nenhum dano até o presente momento. E nem fomos informados por nenhum morador que tenha sido prejudicado por esse abalo”, explica.
Falha geológica
Tarauacá, distante cerca de 408 km de Rio Branco
Arquivo/Gleilson Miranda/Secom
A cidade de Tarauacá, distante cerca de 408 km da capital Rio Branco, é uma região onde abalos sísmicos não são novidades. Em janeiro deste ano, no espaço de oito dias dois tremores foram detectados no município, sendo um de magnitude 6,6 e outro de magnitude 6,5.
Ambos os abalos foram registrados por plataformas de monitoramento e tiveram epicentro a cerca de 600 quilômetros da superfície. À época, um dos tremores foi sentido até mesmo na capital acreana, e moradores relataram ver móveis de casa balançarem.
Em janeiro de 2019, os moradores de Tarauacá sentiram um terremoto que, de acordo com Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), chegou a magnitude 6,8.
Em junho de 2022, um terremoto de magnitude 6,5 atingiu a região da fronteira entre o Peru e o Brasil. O tremor ocorreu por volta de 22h no horário de Brasília, a uma profundidade de 616 km e a cerca de 111 km da cidade de Tarauacá, no Acre.
Ainda em 2022, o professor e doutor em geografia da Universidade Federal do Acre (Ufac), Waldemir Lima dos Santos, explicou que o município é o que mais registra terremotos e com grandes magnitudes no estado acreano.
O professor é autor do projeto “Eventos Tectônicos no Acre: Levantamento e caracterização inicial da ocorrência de terremotos”, desenvolvido no laboratório de geomorfologia e sedimentologia da Ufac. O material estuda abalos sísmicos no estado acreana entre 1950 e 2016. Segundo o estudo, entre os anos 2000 a 2016 foram registrados 38 terremotos no Acre com magnitude acima de 5 graus. A maioria na cidade de Tarauacá.
A explicação para esses eventos, conforme o especialista, seria uma possível falha geológica porque o município fica dentro de uma grande depressão. Ele complementa o seguinte:
“A cidade está dentro de uma grande depressão, então, temos lá o Platô de Cruzeiro do Sul, que é parte alta, e depois descemos Tarauacá, Feijó, até Sena Madureira [cidades do interior], onde tem uma grande depressão no estado, que chamamos de depressão Juruá/Iaco. Depois temos uma planície que pega Rio Branco até Acrelândia. É possível que nessa região, como os terremotos ocorreram em linha, se você olhar no mapa vai estar alinhados, pressupõe que haja uma falha geológica naquele município, que corta, inclusive, o Acre ao meio”, frisou.
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