24 de setembro de 2024

Morre, aos 82 anos, em Aracaju, ex-combatente Milton Coelho

Em torturas sofridas durante a Ditadura Militar, ele ficou cego dos dois olhos. A informação foi confirmada pelo Comitê Memória, Verdade e Justiça. Milton Coelho
Ascom/Comissão da Verdade/SE/arquivo
Morreu nesta quarta-feira (17), aos 82 anos, o ex-combatente da Ditadura Militar Milton Coelho de Carvalho. Ele estava internado há cerca de uma semana em um hospital particular em Aracaju. A informação foi confirmada pelo membro do Comitê Memória, Verdade e Justiça, Marcelio Bonfim.
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O velório ocorre a partir das 10h30, em um velatório localizado na Rua Itaporanga, na região Central da capital. Ele deixa esposa e dois filhos.
Trajetória
Natural de Salvador (BA), Milton Coelho de Carvalho veio com a família para Aracaju na década de 1950 por causa de constantes perseguições políticas a seu pai, que era comunista.
Milton Coelho estudou no Atheneu Sergipense e foi aprovado em concurso público da Petrobras como encarregado do almoxarifado.
Membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Milton também enfrentou perseguição e dificuldades. Dez anos após iniciar as suas atividades como petroleiro e com posição estratégica no PCB, ele foi alvo da Operação Cajueiro, durante a Ditadura Militar, deflagrada em fevereiro de 1976, que prendeu e torturou dezenas de sergipanos. Durante as torturas, Milton ficou cego dos dois olhos.
“Ele não teve a chance de conhecer os filhos. Ele os conhece pela voz. É uma vítima que precisa ser registrada”, disse Marcelio Bonfim.
Em março de 2023, Milton Coelho recebeu o título de cidadão aracajuano pela Câmara Municipal, através de requerimento da então vereadora Ângela Melo, que faleceu em outubro do mesmo ano.
Vereadora Ângela Melo e Milton Coelho
Ana Caru
Pesar
O deputado federal por Sergipe, João Daniel (PT), comentou a morte do ex-combatente. “Quero lamentar profundamente a perda de Milton Coelho, um importante quadro da esquerda sergipana que lutou e resistiu contra a Ditadura Militar, tendo sido torturado pelos militares na época”, escreveu.

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