Autor foi um dos que mais narraram a cidade de Nova York. Auster ganhou diversos prêmio em todo o mundo e foi uma das principais atrações da Festa Literária de Paraty, em 2004. Morre o escritor americano Paulo Auster
Paul Auster foi um dos escritores que mais narraram a cidade de Nova York. Às vezes, de uma forma um pouco sombria.
Mas quando o jornalista Pedro Bial perguntou o que o fazia feliz, em 2019, ele mostrou seu lado mais solar.
“Acordar e dizer: eu ainda estou aqui, terei outro dia, talvez um dia inteiro, é algo glorioso, conforme eu envelheço eu fico mais feliz de poder estar aqui. Não valorizamos isso quando somos jovens, achamos que vamos viver para sempre, mas tenho cada vez menos dias e tento aproveitar ao máximo….”, refletiu o escritor.
Inegavelmente: aproveitou.
Paul Benjamin Austin nasceu em Newark, em Nova Jersey. Estudou literatura francesa, italiana e britânica na Universidade de Columbia. Chegou a trabalhar como tradutor em Paris.
Com a morte do pai, e com o dinheiro herdado, pôde se dedicar exclusivamente à escrita.
A carreira decolou em 1982, com o livro de memórias “Invenção da Solidão”, sobre o relacionamento com o pai.
Foi nessa época que Paul Auster se mudou para o bairro do Brookly, onde escreveu primeiro romance dele. “Cidade de Vidro” chegou a ser rejeitado por 17 editoras antes da publicação em 1985.
O livro se tornou a primeira parte da obra famosa do autor mais: a Trilogia de Nova York.
Neste local, foi entrevistado pela Globo em 2018, quando contou por que decidiu, ainda criança, ser escritor.
“Meus pais não foram à universidade, eles não liam livros… Quando eu tinha nove anos, lembro de escrever meu primeiro poema. Comprei um pequeno caderno, uma caneta ou lápis, voltei ao parque, sentei e escrevi um poema sobre a primavera. E te garanto que era um péssimo poema. Ainda bem que o perdi. Mas o que descobri enquanto escrevia aquele poema era que me sentia mais conectado com o mundo ao meu redor. Dessa forma, escrever para mim sempre foi uma forma de me conectar com as coisas e as pessoas ao meu redor, com o mundo. Tudo o que não sou eu, e é por isso que eu escrevo”, relatou Paul Auster.
Auster continuou, ao longo de toda vida, escrevendo à mão no caderno e datilografando manuscritos. Fez isso mais de 30 vezes. Livros de ficção, não-ficção e poesia.
Ganhou prêmios no mundo todo. Fez os leitores viajarem em suas obras e também viajou muito por causa delas. Foi a principal estrela da Festa Literária de Paraty, em 2004.
O escritor também levou o Brooklyn às telas de cinema. Nos anos 1990, trabalhou em roteiros de filmes e até codirigiu alguns.
Em ‘Sem Fôlego’, Harvey Keitel, Lou Reed, Madonna e Michael J. Fox atuam em uma comédia cheia de ironia.
Em 2017, Auster lançou “4231”, seu romance mais maduro – onde o acaso mudar de várias formas a vida do personagem principal.
O escritor perdeu o filho do primeiro casamento em 2022, cinco meses depois de sofrer com a morte da neta. Um ano atrás, lançou seu último livro, “Baumgartner”, sobre o luto.
Meses depois, a mulher de Paul Auster, a escritora Siri Hustvedt, contou que o marido tinha sido diagnosticado com câncer de pulmão.
Em agosto, ela publicou: “Cuidando de Paul, entendi como é a elegância sob pressão. Robusto e complacente, com o humor intacto, ele fez deste período de doença, que já dura quase um ano, bonito, não feio.”
Paul Auster morreu nesta terça (30), aos 77 anos – e até então tinha conseguido aproveitar ao máximo.