11 de janeiro de 2025

Motoboy sofre queimaduras no pescoço após se enrolar em fios soltos em Cariacica, ES

Além das queimaduras no pescoço, o jovem fraturou a mão e machucou a perna. No hospital, o médico disse ao motoboy que se ele estivesse em uma velocidade mais alta, não teria sobrevivido. Motoboy sofre queimaduras no pescoço após se enrolar em fios que estavam soltos
Um motoboy de 22 anos sofreu queimaduras no pescoço após se enrolar em fios que estavam soltos na Avenida América, em Cariacica, na Grande Vitória. Com o desespero de tirar os cabos de si, Artur Rios disse que se jogou da motocicleta, fraturando também a mão esquerda. O acidente ocorreu na quinta-feira (6) e um amigo do profissional gravou um vídeo logo após o ocorrido (assista acima).
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“Para mim, foi um susto imenso. A gente nunca espera que vai acontecer. Acabei tendo uma fratura importante na mão porque, quando senti o fio no pescoço, me desesperei, acabei me jogando da moto e caí com muita pressão em cima do braço”, comentou o motoboy.
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O motoboy foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/192) para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), em Vitória. Na unidade, o jovem descobriu que poderia não ter sobrevivido se estivesse em uma velocidade maior.
Motoboy Artur Rios, e 22anos, sofre queimaduras no pescoço após se enrolar em fios soltos em avenida de Cariacica, no Espírito Santo
Reprodução
“O médico me explicou que se eu estivesse 20 km/h mais rápido, eu não estaria aqui”, desabafou.
Além das queimaduras e de também ter quebrado a mão, o jovem também machucou a perna. Inicialmente, Artur ficou em observação por risco de ter fraturado a cervical, mas foi liberado da unidade e já se recupera em casa.
‘Poderia ter decapitado meu filho’
Motoboy corta pescoço e quebra braço por causa de fios solto no meio da rua em Cariacica
Pai do motoboy, Rosimar Rios contou que soube do acidente do Artur por uma ligação. Na ocasião, ele até pediu para falar com o filho, mas a pessoa disse que não poderia, pois o motoboy já estava na ambulância do Samu.
“Você já pensa que o pior aconteceu. Uma velocidade maior ou uns centímetros a mais, poderia ter decapitado o meu filho. Isso é grave”, destacou o pai do jovem.
A Avenida América, onde o acidente aconteceu, está na fase final das obras, realizada pelo Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES). Onde tinha um valão, foi instalado uma ciclovia. No entanto, ao passar pelo local, é possível ver muitos fios e cabos soltos.
O bombeiro Rodolfo Tavares, que mora no bairro, afirmou que o problema não é novo.
Fios soltos são um problema recorrente na região onde o acidente aconteceu em Cariacica, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
“Você vai ver que tem fios soltos aqui na avenida, mas se você for na rua Canadá, na rua México, entre outras, você vai ver que também está a mesma coisa. O que está acontecendo é que os ‘nóias’ estão atuando no bairro, arrancando fios, cobre. Nós estamos ficando sem internet. Não é por causa da obra, mas por causa dos nóias”, contou.
O g1 procurou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Anael), a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a empresa responsável pelo fornecimento de energia elétrica, a prefeitura de Cariacica e também o Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES) sobre o acidente com o motoboy e a responsabilidade dos fios soltos. Veja as notas no final da reportagem.
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Não é o primeiro acidente com fios
Artur Rios, de 22 anos, sofreu acidente com fios em março de 2024. Três meses depois, o jovem teve queimaduras no pescoço na avenida América, em Cariacica, no Espírito Santo.
Reprodução/TV Gazeta
O motoboy também contou que não foi o primeiro acidente com fios que sofreu. Em março deste ano, na rodovia Leste-Oeste, também em Cariacica, na Grande Vitória, o jovem contou que sofreu um acidente ao ser parado em uma blitz rotineira.
“Os policiais estavam fazendo os procedimentos certinho e a minha moto estava toda certinha, graças a Deus. Daí um caminhoneiro ultrapassou o sinal vermelho e pegou os fios que estavam baixos. Os fios vieram ao meu encontro e eu caí em cima da minha moto. Tive ferimentos nas costas e no nariz; alguns policiais também foram acertados”, comentou o jovem.
O que as autoridades dizem
Fios soltos pelo chão em Cariacica, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Questionada sobre o assunto, a EDP, empresa concessionária de energia elétrica na Grande Vitória, disse que os cabeamentos mencionados pertencem e são de responsabilidade de empresas de telecomunicação.
“Essas empresas são responsáveis pela operação, manutenção e recolhimento de seus cabos e equipamentos”, disse a concessionária por nota.
A EDP afirmou ainda que notifica sistematicamente as empresas de telecomunicações/internet, com objetivo de melhorar e regularizar as condições da rede de telefonia compartilhada nos postes, bem como para a retirada de cabos rompidos, minimizando o impacto das fiações e restabelecendo a ordenação da rede de telecomunicações/internet.
Segundo a concessionária, a empresa também atua na retirada de cabos que oferecem risco à segurança da população, sempre que identificado pelas equipes. Importante frisar ainda que é observada a intensificação de furto de cabos de telecomunicações/internet, onde acabam ficando pontas e cabos soltos.
“No referido caso, as empresas responsáveis serão notificadas para que adequem seus cabos o quanto antes. Além disso, a EDP enviará uma equipe à Avenida América, no Jardim América, para eliminar o risco”, acrescentou.
Fios pendurados em Cariacica, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) afirmou por nota que a responsabilidade pela manutenção da fiação é das empresas distribuidoras de energia elétrica e operadoras de telefonia, de acordo com regras de compartilhamento de postes firmados entre Anatel e ANEEL.
“As reclamações devem ser feitas pelos contatos das próprias concessionárias, disponíveis nos sites e nas redes socais das empresas. Se não houver resposta a essas reclamações, a demanda pode ser encaminhada à ANEEL e/ou à Anatel. Uma das premissas para encaminhar essas reclamações é informar a localização exata das ocorrências”, disse a agência por meio de nota.
A prefeitura de Cariacica, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento da Cidade e Meio Ambiente (Semdec), informou que notifica a empresa que deixa a fiação cair na calçada ou na rua, impedindo o trânsito e o ir e vir das pessoas.
“Sobre fiação suspensa que ofereça risco, a coordenação de Posturas poderá acionar a Defesa Civil ou o Corpo de Bombeiros, de acordo com as normas de segurança. A instalação e organização de fios nos postes é de responsabilidade da empresa que fará a instalação no local, seja de internet, energia ou telefonia. Os moradores podem fazer denúncias de fiação pelo telefone 162”, disse a gestão.
Avenida América em Cariacica, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) explicou que qualquer demanda relacionada ao cabeamento aéreo e/ou postes (aspectos estéticos/visuais e/ou distanciamento de fios, seja em relação ao solo ou em relação à rede de energia elétrica) e demais correlatos de rede externa de serviços de telecomunicações instalados compartilhando redes de distribuição de energia elétrica são de responsabilidade primária das distribuidoras de energia elétrica.
“A Anatel atuará nos casos de eventuais interrupções dos serviços de telecomunicações, decorrentes ou não de falhas nas redes de telecomunicações das prestadoras – rede externa, por exemplo – e que, por conseguinte, afetem a qualidade dos serviços, isto é, os indicadores previstos na regulamentação vigente”, explicou por meio de nota.
O Departamento de Estradas e Rodovias (DER), responsável pela obra na Avenida, não respondeu até a publicação desta reportagem.
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