16 de novembro de 2024

Motorista de app morto em ataque no aeroporto internacional de SP enviou vídeo para a esposa após ser baleado; veja


Simone Novais conta que depois de César enviar o vídeo, tentou falar com ele, mas o telefone já deu caixa-postal. Casal tinha três filhos e planejava comer sushi na noite do ataque. No momento do assassinato de delator do PCC, ele levou um tiro nas costas. Motorista de aplicativo baleado no aeroporto de Guarulhos manda vídeo para a esposa de dentro da ambulância
O motorista de aplicativo que morreu após o ataque a tiros que matou Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, delator do PCC, no Aeroporto Internacional de São Paulo, na sexta-feira (8), enviou um vídeo para a esposa depois de ser baleado, dentro da ambulância.
Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, foi atingido por um tiro de fuzil nas costas e foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Guarulhos. Morador de Guarulhos, ele deixa três filhos.
No vídeo curto, ele diz para a esposa, Simone Novais, que tomou um tiro e está na ambulância (veja acima).
“Ele fala assim: ‘levei um tiro, estou na ambulância. Aí, depois do vídeo, eu liguei em seguida. No que eu liguei, já deu caixa postal, né?”, conta à TV Globo.
“Aí, o amigo dele que estava acompanhando ele na ambulância me ligou e falou o que tinha acontecido: ‘Teve um tiroteio aqui no aeroporto e eu estou na ambulância. Ele foi baleado e está perdendo muito sangue. Aí, ele falou estou indo para o hospital geral e eu já desliguei e falei que estava indo para lá também. Aí, quando eu cheguei lá, ele já estava em cirurgia. Eu já não vi mais ele vivo. Fiquei com ele o tempo todo na UTI, me deixaram ficar lá, mas aí já não acordou mais”, completa;
Ela disse que eles foram casados por 21 anos e têm três filhos (20 anos, 13 anos e 3 anos).
Quarenta e cinco minutos antes do ataque, eles tinham se falado e combinado de comer sushi naquela noite. O enterro do motorista está previsto para ocorrer nesta segunda-feira (11).
Um funcionário terceirizado do aeroporto, que trabalhava no momento do ataque, também teve ferimentos na mão e está em observação no hospital.
A terceira vítima é uma mulher de 28 anos que foi atingida por um tiro de raspão no abdômen. Ela já recebeu alta.

Delator do PCC morto
Gritzbach foi alvejado à luz do dia, por volta das 16h, na saída da área de desembarque do Terminal 2 por dois homens que desceram de um carro preto. Até a publicação desta reportagem, os autores estavam foragidos. Ele levou 10 tiros, segundo registro da Polícia Civil de São Paulo.
Até o momento, ninguém foi preso.
De acordo com o registro policial, foram ao menos 29 disparos, de calibres diversos. Gritzbach foi atingido por 4 tiros no braço direito, 2 no rosto, 1 nas costas, 1 na perna esquerda, 1 no tórax e 1 no flanco direito (região localizada entre a cintura e a costela).
Duas armas foram apreendidas pela polícia neste sábado (9): um fuzil e uma pistola. As duas estavam próximo ao local em que o carro foi abandonado, a pouco mais de 7 km do aeroporto, ainda em Guarulhos. Até a publicação desta reportagem, não havia confirmação pericial de que foram elas as usadas no crime.
Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, motorista de aplicativo baleado em Cumbica na sexta-feira (8).
Acervo pessoal
A família de Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, motorista de aplicativo baleado em Cumbica na sexta-feira (8).
Acervo pessoal
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Empresário fez acordo para delatar PCC e policiais
Gritzbach era investigado por envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e, em março, havia fechado um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) com a promessa de entregar esquemas de lavagem de dinheiro.
Nos depoimentos, o empresário acusou um delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de exigir dinheiro para não o implicar no assassinato de um integrante do PCC (Anselmo Santa, o Cara Preta).
Além disso, forneceu informações que levaram à prisão de dois policiais civis que trabalharam no Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
PMs que fariam escolta alegaram falha em carro para não estar no local
O Ministério Público de São Paulo afirma que ofereceu mais de uma vez segurança ao empresário e que ele sempre recusou a proteção.
O empresário, então, contratou 4 seguranças, todos policiais militares.
Nenhum dos 4, porém, estava com Gritzbach no momento do assassinato.
Segundo depoimento de 2 deles, um dos carros em que iriam buscar Gritzbach e a namorada no aeroporto – o casal voltava de Maceió – teve um problema na ignição. O outro, ainda de acordo com os policiais, estava com quatro pessoas, e teve de fazer meia volta para deixar um dos ocupantes em um posto de combustível.
Investigadores desconfiam dessa versão (leia mais). Uma das linhas de investigação do DHPP é que os seguranças teriam falhado de forma proposital.

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