Ocorrências vão desde quebra de veículo a acidentes. Maria Ely, 56 anos, trabalha no SAU no km 187 da Rodovia Hermínio Petrim (SP-308) há quatro meses. Profissionais mulheres atuam nas rodovias administradas pela Eixo SP; usuários se surpreendem ao vê-las como motoristas de guincho
Imprensa/Eixo SP
“Mulher no volante, perigo constante”, “lugar de mulher é na cozinha”, “quero ver saber trocar pneu”: são vários os estereótipos usados para estigmatizar a presença feminina em muitos lugares. Em algumas rodovias da região de Piracicaba (SP), as mulheres têm feito a diferença e provam que não mais espaço para esse tipo de comportamento.
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Na base do Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU) localizado no km 187 da Rodovia Hermínio Petrim (SP-308), em Charqueada (SP), administrada pela Eixo SP, a motorista de guincho Maria Ely Casaque de Souza encara os serviços do dia a dia com muita determinação. A unidade funciona 24h por dia para dar suporte de emergência aos usuários da via.
“No começo, fiquei preocupada porque sabia que teria de dirigir em rodovias e isso exige muita responsabilidade”, lembra a motorista de guincho.
Agora, ela já está familiarizada com a rotina. Maria Ely é responsável pelo pronto atendimento aos usuários em momentos de dificuldades durante a viagem, como a quebra do veículo, acidentes, panes e outros imprevistos que podem acontecer no trânsito.
É preciso agilidade e sangue-frio para atender as ocorrências que vão desde um pneu furado a acidentes sérios, mas as profissionais que atuam nas rodovias dão conta do recado.
Historicamente, a operação nos trechos era realizada por homens, o que explica a surpresa de vários motoristas ao ver uma mulher na direção do guincho.
Roberta Helena Nucci, 23 anos, também é motorista de guincho leve.
Divulgação/Eixo SP
Reações: espanto e pedido para tirar foto
Colegas de profissão de Maria Ely relatam várias situações que vão desde o espanto dos usuários ao vê-las, algo que geralmente rende algumas risadas, até ao preconceito de alguns ao ver uma mulher motorista de guincho. Ainda assim, a função é gratificante para a maioria.
“Eu dirijo caminhão desde os meus 18 anos. Era algo que eu já estava acostumada. Então, quando surgiu a oportunidade, aceitei o desafio,” diz a motorista de guincho Roberta Helena Nucci, de 23 anos.
Segundo a profissional, normalmente, os usuários são mais respeitosos e amigáveis quando percebem que o socorro será feito por uma mulher.
“As pessoas conversam mais, querem saber como é o serviço, pedem pra tirar foto. É gratificante”, afirma.
A motorista Alessandra Janaína Perez, 35 anos, atua no mesmo setor, muitas vezes, as próprias mulheres ficam surpresas quando veem que o atendimento na rodovia é prestado por outra mulher.
“Mas, sinto que isso está mudando. Era mais comum no começo. Agora, menos. Até porque aumentou o número de mulheres trabalhando no trecho. E os usuários vão se acostumando com essa mudança”, comenta.
O machismo ainda permanece em algumas situações, aponta a inspetora de tráfego, Rosenilda da Silva Rodrigues, 46 anos.
“Tem usuários que questionam nossa capacidade por sermos mulheres. Dizem que não temos força, que não conseguimos trocar um pneu. Isso não é verdade e nem levo mais em consideração”, relata Rosenilda que ainda destaca o dinamismo como um aspectos que caracterizam a profissão.
“Esse é um dos pontos marcantes da profissão. A cada dia é sempre uma novidade diferente. Temos dias calmos e tranquilos. Outros são bem agitados e corridos. Tem usuários que são educados, tem também aqueles que são mal educados, e assim vai. O importante é não perder o jogo de cintura e ter muita cautela e responsabilidade”, frisa.
Liderança feminina
Além das motoristas de guincho, as inspetoras de tráfego também estão nas rodovias da região e em todas as outras áreas da concessionária, seja no setor operacional, administrativo ou em cargos de liderança.
Para a coordenadora de Operação de Tráfego da Eixo SP, a presença feminina é essencial para solucionar questões que podem surgir no dia a dia.
“A presença das mulheres não apenas diversifica as equipes, mas também contribui para a resolução de problemas de maneiras diversas. Elas trazem perspectivas únicas, habilidades complementares e um compromisso com a excelência. A diversidade de pensamento e a experiência que as mulheres oferecem contribuem muito para o dia a dia da Concessionária”, afirma.
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