Polícia Técnico-Científica concluiu que Igor Sauceda dirigia carro de luxo acima do limite de 50 km/h para a via. Empresário está preso por homicídio após atingir moto de Pedro Figueiredo porque ele quebrou retrovisor. Crime foi em 29 de julho na Avenida Interlagos, na Zona Sul. Igor Sauceda (à esquerda) foi acusado de usar seu Porsche amarelo para atropelar e matar motociclista Pedro Figueiredo (à direita) em São Paulo
Reprodução
O motorista do Porsche amarelo que atropelou e matou um motoboy em julho dirigia o carro de luxo a 102,3 km/h no momento em que atingiu a moto da vítima na Avenida Interlagos, na Zona Sul de São Paulo. É o que aponta a conclusão do laudo do Instituto de Criminalística (IC) da Superintendência da Polícia Técnico-Científica ao qual o g1 teve acesso.
Segundo o documento, o empresário Igor Ferreira Sauceda conduzia o Porsche a mais do dobro da velocidade máxima permitida para a via, que é de 50 km/h. Ele atingiu a moto de Pedro Kaique Ventura Figueiredo por trás e derrubou a motocicleta com o piloto.
“Constatação da velocidade no momento da colisão: através da avaria registrada no momento exato da colisão, a unidade do PSM registrou uma velocidade de 102.375km/h no momento do impacto (29/07/2024 01:15:53 AM). Esta é a velocidade real registrada, sem desvio padrão ou margem de erro”, informa trecho da conclusão do laudo do IC.
O Instituto de Criminalística estabeleceu a estimativa da velocidade em que o Porsche estava no momento da colisão a partir da análise do módulo interno do carro de luxo, uma espécie de “caixa-preta”, com informações sobre o veículo.
O PSM citado na conclusão do laudo significa Porsche Stability Management, um sistema ativo para controle da estabilidade do veículo durante manobras extremas de condução. Nele há informações sobre velocidade etc.
A delegacia que investiga o caso pediu para a Polícia Técnico-Científica fazer a reconstituição do crime. Os peritos usaram um scanner 3D e drones. Eles deveriam fazer uma animação simulada de como ocorreu a batida entre o Porsche e a motocicleta.
O 30º Distrito Policial (DP), Tatuapé, responsável pela investigação, ouviu ainda depoimentos de testemunhas, entre elas a do motorista de um caminhão e um motoboy que viram o atropelamento.
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Empresário responde por homicídio
Justiça mantém motorista de carro de luxo preso
Câmeras de segurança gravaram o atropelamento(veja vídeo abaixo). Pedro foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e teve a morte confirmada num hospital. Ele sofreu politraumatismo e hemorragia cerebral, segundo o laudo da causa da morte divulgado à época, esse do Instituto Médico Legal (IML). A vítima tinha 21 anos.
Igor foi preso em flagrante pela polícia por conta das imagens que mostram que o motorista do carro de luxo quis atropelar Pedro. O motivo: instantes antes, o motoboy havia quebrado o retrovisor do lado do condutor do Porsche. O empresário tem 28 anos.
Segundo a acusação feita pelo Ministério Público (MP), Igor teve a intenção de matar Pedro. A Promotoria o acusa por homicídio doloso triplamente qualificado por motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. A Justiça o tornou réu no processo pelos crimes.
Igor Sauceda é acusado de usar seu Porsche amarelo para atropelar e matar motociclista
Montagem/g1
O laudo do Instituto de Criminalística que revelou a velocidade em que o Porsche estava quando atropelou o motociclista só foi concluído após cobrança da Justiça. Foi dado um prazo de cinco dias, desde a semana passada, para que o documento ficasse pronto e fosse incluído no processo.
Com isso, a Justiça deverá marcar a data da audiência de instrução do caso para decidir se levará o motorista do Porsche a júri popular para ser julgado pelo crime.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), com sede em Brasília, negou, na semana passada, um novo pedido de liberdade feito pela defesa do motorista do Porsche.
Motorista alega acidente
Motorista de Porsche que matou motociclista em SP já foi acusado de perseguição
O Ministério Público (MP) pede à Justiça um “valor mínimo de indenização a ser pago aos familiares da vítima”. Isso porque, de acordo com a Promotoria, “Pedro era casado e sua esposa estava grávida na data do crime”.
O MP também sugeriu que o motorista do Porsche seja condenado a mais de 18 anos de prisão.
O g1 não conseguiu localizar os advogados de Igor para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem. Mas apurou que a defesa alegou que o cliente não teve intenção de matar o motoboy, não possui antecedentes criminais, trabalha e tem residência fixa. E que o atropelamento foi um acidente.
Igor alegou que seguiu o motociclista, mas que não quis atropelar nem matar o piloto. O empresário não se feriu com gravidade. Segundo o exame de corpo de delito do IML, ele teve uma “escoriação” de “3 cm” no braço direito. Apresentou “lesões corporais de natureza leve”, informa o laudo.
Uma semana antes de perseguir, atropelar e matar o motociclista, Igor usou o mesmo Porsche para seguir uma família que era sua sócia num bar que possui no Itaim Bibi, Zona Sul da capital. Vídeos gravados pelas vítimas mostram o carro amarelo do empresário próximo do veículo delas.
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