23 de setembro de 2024

Motoristas acusam policial civil de assédio sexual: ‘Passava a mão, pegava no rosto, dizia que a boca era linda’

A Perícia Forense do Ceará, onde o acusado está trabalhando, afirmou que está investigando o caso e que vai tomar “todas as medidas cabíveis”. Motoristas terceirizados acusam policial civil de assédio sexual e moral
Um escrivão da Polícia Civil do Ceará está sendo acusado de assédio moral e sexual contra vários motoristas terceirizados que prestaram serviço para ele, que atualmente ocupa um cargo de confiança na Perícia Forense (Pefoce), em Fortaleza. (Veja relatos no vídeo acima)
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Segundo as denúncias, o homem tentava beijar e tocar as partes íntimas dos motoristas, pedia fotos, enviava mensagens pornográficas e perseguia os terceirizados quando tinha suas investidas recusadas. Muitas vezes, ele oferecia dinheiro, presentes e passeios em troca de práticas sexuais.
Conforme as vítimas, a situação ocorre há cerca de dois anos. Entre 10 e 15 motoristas denunciam ter sofrido assédio moral ou sexual do policial. Alguns deles, inclusive, alegam ter sido demitidos após a recusar os avanços do policial.
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Divulgação
Uma das vítimas com quem a TV Verdes Mares conversou, que não será identificada, diz que o motorista que não aceita as investidas do escrivão “automaticamente passa a ser perseguido e ele cria circunstância, pede para assinar advertência e acaba colocando para fora”.
“No WhatsApp ele já pediu pra mostrar a foto dos nossos órgãos, ele pergunta o que a gente tá fazendo e pede pra mostrar a foto, pede pra deixar ele em casa, no trajeto, no translado, ele convida pra subir no apartamento, então, você fica constrangido, porque você não sabe, fica até sem reação”, completou a vítima.
Uma testemunha que conversou com a TV Verdes Mares apontou que ele chegava a tocar e tentar beijar um colega de trabalho que é motorista.
“Ele chegou passava a mão nas pernas dele, pegava no rosto dele, virava o rosto dele, dizia que a boca era linda”, relata. “[Fazia] pedido pra dar um beijo, tipo assediando, né, durante o trajeto do trabalho até a residência dele, pedia pra subir no apartamento, entendeu, e são coisas assim que pro pai de família fica muito constrangedor, certo, e são situações que até hoje vem acontecendo e nada acontece”.
Uso pessoal do cargo público
Além das práticas de assédio moral e sexual, as vítimas denunciam que o funcionário público também utilizava os serviços dos motoristas terceirizados e dos carros da Pefoce para resolver assuntos pessoais, como fazer compras e ir ao cartório.
Muitas vezes, segundo a denúncia, o escrivão usava viaturas descaracterizadas da Polícia Civil para fazer serviços particulares.
Vítimas afirmam que entre 10 e 15 motoristas sofreram assédio sexual ou moral
TV Verdes Mares
No inquérito da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública do Ceará (CGD), ao qual o g1 teve acesso, um motorista terceirizado contou que passou a ser assediado logo que foi designado para trabalhar no setor da Pefoce comandado pelo policial. Porém, quando este recusou as investidas, foi transferido.
Meses depois, este motorista foi transferido de volta para a Pefoce e os assédios recomeçaram. No depoimento, o motorista afirma que o escrivão disse que “era para estarmos em uma convivência melhor se tivesse aceitado as propostas que foram feitas”. Pouco depois, o motorista saiu de férias, e quando voltou foi demitido.
Em nota, a Perícia Forense informou que “não compactua com nenhuma situação de assédio moral ou sexual e que tomará todas as medidas cabíveis”, e destacou que o caso foi remetido à CGD e ao Ministério Público do Ceará. Também em nota, o Ministério Público informou que vai instaurar procedimento para apurar o caso.
Sobre as demissões dos motoristas terceirizados, a Pefoce explicou que “apenas devolve os colaboradores” para a empresa terceirizado, e que a empresa é que decide demitir ou não o colaborador.
Segundo a Pefoce, a devolução do colaborador ocorre “quando há cometimento de conduta inadequada que fere às normas e diretrizes da instituição, o que aconteceu nesse caso [do motorista demitido na volta das férias], tendo sido a devolução realizada por outras razões, antes de quaisquer denúncias por parte do terceirizado”
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Divulgação
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