Agressão aconteceu em abril de 2022, em um posto de combustíveis, no bairro Cidade Satélite. Promotora de Justiça destacou que o capitão usou ofensas homofóbicas durante a agressão. Policial militar dá tapa em frentista de posto em Boa Vista
O Ministério Público de Roraima (MP-RR) pediu à Justica que condene o capitão da Polícia Militar Jefferson Gomes da Silva, de 40 anos, réu por agredir um frentista negro com um tapa no rosto em um posto de gasolina de Boa Vista. O crime ocorreu em abril de 2022 no bairro Cidade Satélite, zona Oeste. Um vídeo registrou a agressão (veja acima).
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O pedido de condenação, assinado pela pela promotora de Justiça Ilaine Aparecida Pagliarini, foi enviado à 2º Vara Criminal no dia 14 deste mês. No parecer, ela destacou que Jefferson usou ofensas homofóbicas contra a vítima, o frentista Eduardo Wilhiam.
“No caso, o réu chamou Eduardo de ‘viadinho’. Observa-se que ele se utilizou de expressão degradante referente à orientação sexual da vítima para ofender sua honra objetiva. Ficou comprovado nos autos que o réu proferiu frases com a nítida intenção de ofender a dignidade da vítima por preconceito decorrente de sua orientação sexual, tanto é que logo em seguida Jefferson falou ‘eu vou fazer você virar homem'”, informou a promotora no pedido.
O g1 procurou a defesa do capitão Jefferson e aguarda resposta.
A Polícia Militar informou que paralela à ação penal, tramitou na corporação um procedimento administrativo disciplinar para apurar a conduta capitão, o que “culminou em sanção interna”. Não foi informada a medida adotada contra o militar.
A promotora pediu que o capitão seja condenado pelos crimes de lesão corporal simples e injúria racial em razão da ofensas homofóbicas cometidas pelo capitão contra o frentista.
Ministério Publico de Roraima pede condenação de PM
Vídeo
No vídeo da agressão, foi registrado quando o militar se aproximou do funcionário e desferiu um tapa no rosto dele, que não reagiu e se abaixou para pegar seu boné. Em seguida, o policial saiu e seguiu em direção a um carro estacionado no local.
O motivo, de acordo com as investigações, foi um desentendimento sobre o abastecimento do carro do policial. Ele pediu que o jovem abastecesse o veículo, mas ele informou que estava realizando a limpeza do chão, onde havia derramado combustível, e pediu que Jefferson se dirigisse a outra bomba.
A promotora também destacou que a vítima foi vítima de injúria racial por parte do capitão da PM. À época do crime, o capitão disse que agrediu o jovem após ser chamado de “macaco”. O frentista conversou com o g1 e afirmou que além da agressão física, o militar, que estava à paisana, também usou ofensas homofóbicas, chamando a vítima de “viado” e de “vagabundo”.
“Depois da agressão dele, eu chamei ele de vagabundo, mas foi depois que ele me agrediu. Em momento algum eu chamei ele disso [macaco]. Ele me chamou de vagabundo e disse ‘vou te ensinar a ser homem, vou quebrar esse teu aparelho [dentário]’. Me chamou de ‘viado’, e eu não falei nada desse tipo [injúria racial] com ele”, relatou o frentista ao g1 à época.
O PM chegou a dizer que não foi homofóbico e se confundiu ao dizer que não conhecia o “gênero sexual” do jovem, em vez de orientação sexual. Ele também voltou a afirmar que foi chamado de “macaco” e “gorila” na discussão, mas que reconhece o erro, “pois durante a discussão perdi a calma e pratiquei um ato de lesão corporal”.
Frentista agredido por PM relata homofobia e rebate acusação de injúria racial
Agressão no posto de gasolina
O inquérito da Polícia Civil que investigou o caso foi concluído no dia 28 de setembro pelo 3º Distrito Policial. As investigações apontaram que Jefferson agrediu o estudante, de 22 anos, à época frentista, com um tapa do rosto.
O motivo, segundo a Civil, foi um desentendimento sobre o abastecimento do carro do policial. Ele pediu que o funcionário abastecesse o veículo, mas o jovem informou que estava realizando a limpeza do chão, onde havia derramado combustível, e pediu que Jefferson se dirigisse a outra bomba.
No entanto, o policial não gostou da resposta e perguntou ao jovem se ele o conhecia e sabia “com quem estava falando”. Além disso, o capitão afirmou que era amigo do proprietário do posto e que, por isso, o funcionário seria demitido.
A vítima, então, decidiu guardar o material de limpeza e foi seguido pelo policial. Na ocasião, ele foi chamada de “vagabundo” e “muito veado”. O jovem também foi chamado de “macaco”, de acordo com a Civil.
Após as ofensas, o funcionário tentou falar com o PM, momento em que foi atingido com um tapa no rosto. Em seguida, o policial seguiu para o seu veículo, aguardou o abastecimento e deixou o local.
Durante as investigações, o PM negou os crimes de lesão corporal dolosa, ameaça e injúria. Mas, admitiu que agrediu fisicamente o funcionário e que a ação foi “em decorrência a uma provação”.
Em depoimento, Jefferson da Silva relatou que havia sofrido injúria racial. O jovem negou a acusação. À época do crime, a Polícia Militar informou que adotaria as medidas cabíveis ao caso.
Com a conclusão do caso, a Polícia Civil enviou o inquérito policial para o Ministério Público de Roraima (MPRR), onde o caso é analisado pela 2ª Promotoria de Justiça Criminal de Atuação Residual seguindo o trâmite legal.
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