27 de outubro de 2024

MP pede para que Polícia Civil investigue médicos acusados de bater ponto sem trabalhar no Hospital Heliópolis, Zona Sul de SP

Promotor da 4ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital destacou a necessidade de oitiva de todos os envolvidos. Na quarta (23), a Secretaria Estadual de Saúde anunciou a exoneração do diretor-geral do hospital. Médicos do Hospital Heliópolis batem ponto e vão pra casa sem cumprir o expediente.
Reprodução/SBT
O Ministério Público de São Paulo oficiou a Polícia Civil para que seja instaurado um inquérito policial a fim de investigar a atuação de médicos acusados de bater ponto sem trabalhar no Hospital Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo.
O pedido do MP foi feito depois de uma notícia de crime apresentada pelo deputado estadual Simão Pedro Chiovetti (PT-SP) informando sobre possíveis delitos contra a administração pública cometidos pelos médicos e funcionários públicos Lawrence Aseba, Fulvio Alessandro de Oliveira Souza, Carlos Augusto Ferreira Junior, Maristela Kodama Iwamizu e possivelmente outros.
Paulo Henrique Castex, promotor da 4ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital, destacou a necessidade de oitiva de todos os envolvidos, possíveis testemunhas e a realização de diligências que as considerarem indispensáveis para o cumprimento dos procedimentos adequados.
Castex também encaminhou o documento à Promotoria do Patrimônio Público para a apuração de possíveis condutas de improbidade administrativa.
O g1 entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) para obter mais informações e aguarda retorno.
Diretor do hospital exonerado
Na quarta-feira (23), a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo anunciou a exoneração do diretor-geral do Hospital Heliópolis. A demissão de Abraão Rapoport foi determinada pelo secretário da pasta, Eleuses Paiva, que nomeou um assessor direto dele, o médico José Luiz Gomes do Amaral, como diretor interino do hospital.
Em nota, a secretaria reafirmou a investigação que tinha sido aberta no dia anterior contra ao menos dois médicos que foram filmados pelo SBT batendo o ponto no hospital e indo embora, no horário do expediente, para cuidar de assuntos pessoais.
“Após as graves denúncias que vieram a público a respeito do Hospital de Heliópolis, o secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva, determinou a exoneração do diretor. Foi também aberta sindicância para apurar todos os casos mencionados e determinar responsabilidades. O assessor direto do secretário, Dr. José Luiz Gomes do Amaral, será diretor interino do Hospital”, disse a SES-SP.
O Ministério Público de São Paulo também entrou no caso e anunciou que vai investigar a situação do hospital em duas frentes: criminal, onde os médicos podem ser responsabilizados por peculato (apropriação de recurso público mediante fraude), e de improbidade administrativa, uma vez que os dois médicos são servidores públicos do estado.
Troca de comando no Hospital de Heliópolis: sai o médico Abraão Rapoport e entra José Luiz Gomes do Amaral.
Montagem/g1/Reprodução e Divulgação
Médicos alvos de sindicância
O urologista Lawrence Aseba Tipo e o cardiologista Fulvio Alessandro Oliveira Souza foram filmados por reportagem do SBT saindo da unidade de saúde sem completar a rotina de trabalho para as quais foram contratados.
De acordo com a reportagem, Lawrence Aseba recebia R$ 5.394,00 para trabalhar dois dias por semana no hospital, mas usava o expediente para correr nas ruas do entorno da unidade.
Já o cardiologista Fulvio Alessandro O. Souza recebe R$ 19.429,79 para dar expediente no hospital três dias por semana, com carga horária semanal de 24 horas.
O Hospital Estadual de Heliópolis, no bairro do Sacomã, Zona Sul de São Paulo.
Divulgação/Governo de SP
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-SP) afirmou que “já identificou os profissionais citados pela reportagem e abriu uma investigação para apurar as denúncias”.
A pasta disse que “repudia a conduta e, sendo comprovadas as irregularidades, os médicos serão punidos”.
“Neste momento, o Hospital Heliópolis passa por obras de melhorias e a unidade já ampliou sua capacidade de atendimento, especialmente de pacientes oncológicos, alcançando mais de mil consultas e duas mil sessões de radioterapia. Mensalmente, são realizadas mais de 15 mil consultas e cirurgias, além de mais de 5.100 sessões de quimioterapia e radioterapia”, declarou a SES-SP.

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