30 de janeiro de 2025

MP pede que polícia volte a investigar se vereadora do Paraná tentou ajudar em fuga de vereador embriagado que matou idoso atropelado


Investigação aponta que, após acidente, vereador Kenny do Cartório (MDB) entrou no carro da Professora Bia (PV), que arrancou, mas foi interceptada pela polícia. Defesa dela nega tentativa de fuga. Vídeo mostra carro de vereadora no local do atropelamento, diz processo
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) pediu que a Polícia Civil (PC-PR) volte a investigar se a vereadora Professora Bia (PV) tentou ajudar o vereador Kenny do Cartório (MDB) a fugir logo após ele matar um idoso atropelado em Guarapuava, na região central do Paraná.
O atropelamento aconteceu em 21 de dezembro de 2024, na calçada de uma avenida, dias antes de Kenny tomar posse para o primeiro mandato. Ele foi preso em flagrante por dois delegados que estavam de folga e que passavam pelo local. Segundo a polícia, o vereador estava embriagado.
Na ocasião, segundo Boletim de Ocorrência (B.O.), os delegados viram o vereador entrando no carro da vereadora, que arrancou o veículo e foi interceptada pouco depois. Um vídeo do carro da parlamentar deixando o local do acidente foi anexado ao processo. Assista acima.
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No dia seguinte, em 22 de dezembro, a polícia descartou a participação de Bia na tentativa de fuga após ouvi-lá.
Menos de 48 horas depois do atropelamento, Kenny foi solto com medidas cautelares após pagar fiança e, em 1º de janeiro, tomou posse como vereador. Ele responde ao processo em liberdade.
Acidente aconteceu no final da tarde de sábado (21)
Samu
No pedido por novas investigações, protocolado em 17 de janeiro, o MP refuta a defesa que Bia deu à polícia sobre o acidente.
O g1 apurou que, em depoimento, ela alegou que estava passando pelo local, viu o acidente e parou para acionar socorro e, na sequência, viu Kenny correndo em direção a ela.
À época, a polícia informou que Bia disse não saber quem era o motorista que tinha causado o acidente. Afirmou, também, que a vereadora estava ligando para a Polícia Militar quando foi abordada.
Para o MP, entretanto, a justificativa “não é crível de ser aceita” porque a parlamentar poderia ter deixado o carro em vez de ter arrancado. O órgão defendeu, ainda, que os dois vereadores já se conheciam e anexou ao processo fotos de ambos juntos em eventos políticos.
Para o MP, há indicativos da vereadora ter cometido crime de favorecimento pessoal, que é quando se ajuda alguém a fugir da polícia.
Vídeo foi anexado ao inquérito e ao processo
Reprodução
“Observa-se que essa versão dada pela vereadora Beatriz não é crível de ser aceita, pois seria muita coincidência, que por óbvio não existe, dela ter parado o veículo justamente para seu colega de vereança entrar no seu carro, sem que ela soubesse quem era essa pessoa, ter arrancado o veículo, e saído com o infrator, quando poderia ela ter saído do carro naquele momento […] A qual somente não conseguiu fazer com que ele se evadisse da ação das autoridades do estado porque dois delegados passavam no momento pelo local e perceberam a ação de ambos”, citou o MP.
Ao g1, a advogada Nicéia Martin, que atua na defesa da vereadora, negou que ela tentou fugir do local e ressaltou que a Professora Bia acionou a polícia por telefone ainda no local do acidente. Afirmou, também, que a vereadora foi ouvida durante as investigações como testemunha “pelo fato de não existirem provas concretas a imputar qualquer crime à vereadora”.
“Caso a vereadora quisesse dar fuga ao indiciado Kenny Rogers, como aduz o Ministério Público, teria se evadido do local sem prestar qualquer tipo de auxílio no momento, o que de fato não ocorreu conforme restou demonstrado através de provas documentais e testemunhais. Portanto, não há qualquer demonstração da ciência por parte da vereadora dos fatos então ocorridos, bem como de tentar ludibriar a autoridade policial ali presente”, disse.
Em nota, a Polícia Civil disse que está em diligências, com a realização de oitivas de testemunhas e análises de imagens para dar prosseguimento nas investigações.
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Idoso morreu atropelado enquanto andava na calçada
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O atropelamento aconteceu em 21 de dezembro, um sábado, por volta das 18h30, na Avenida Vereador Rubem Siqueira Ribas.
Uma câmera de segurança que fica próxima ao local registrou o acidente. As imagens mostram que José Maceno de Almeida, de 82 anos, estava andando na calçada quando foi atingido pelo carro de Kenny – que, na sequência, atingiu um barranco e capotou. Relembre acima.
O idoso não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O B.O. cita que o vereador estava com sinais de embriaguez e “informalmente confirmou ter ingerido bebida alcoólica”.
Os delegados que estavam de folga e passaram pelo local do acidente prenderam Kenny em flagrante por homicídio culposo na direção de veículo automotor, “qualificado pela ingestão de bebida alcoólica, omissão de socorro e evasão do local do acidente”, segundo o B.O.
Segundo a Polícia Militar (PM), Kenny também estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) cassada.
Em depoimento, o vereador optou por manter-se em silêncio e, na época, a defesa dele disse que não ia se manifestar sobre o caso.
José Maceno de Almeida tinha 82 anos
Cedida pela família
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