Anaflávia Gonçalves vai a julgamento nesta terça (27) em Santo André pelos assassinatos dos pais e irmão em 2020. MP recorreu da condenação dela por ter sido considerada culpada só por duas das três mortes. Ré está presa. Outros quatro acusados foram condenados e presos. Após 3 anos, Justiça de SP condena Anaflávia Gonçalves e 2 cúmplices por assassinar a família dela e queimar os corpos
JN
A Justiça decidiu que a mulher acusada de roubar, matar e queimar três pessoas da própria família em 2020 no ABC Paulista terá de ser julgada novamente pelos crimes. O novo julgamento de Anaflávia Martins Gonçalves começou por volta das 11h30 desta terça-feira (27) no Fórum de Santo André, Grande São Paulo. Ela responde presa pelos assassinatos dos pais e do irmão.
O julgamento anterior de Anaflávia, ocorrido em junho de 2023, foi anulado por decisão do Tribunal de Justiça (TJ) a pedido do Ministério Público (MP). O motivo: à época, ela havia sido condenada somente por duas das três mortes.
Anaflávia havia recebido pena de 61 anos, 5 meses e 23 dias de reclusão, em regime inicial fechado, pelos assassinatos dos pais.
No entendimento da Promotoria, os jurados se equivocaram ao culpá-la somente pelos homicídios dos empresários Romuyuki Veras Gonçalves, de 43 anos, e Flaviana de Meneses Gonçalves, de 40, pais dela. E a inocentarem pelo assassinato do estudante Juan Victor Gonçalves, de 15, seu irmão. O adolescente também era filho do casal.
A decisão dos jurados revoltou a até a avó materna da jovem, que esperava que a neta recebesse uma condenação maior. Desembargadores do TJ concordaram com o pedido do MP, anularam o júri, e determinaram que a ré seja julgada novamente.
Anaflávia Gonçalves, Carina Ramos de Abreu, Juliano e Jonathan Ramos e Guilherme Silva, acusados de matar família no ABC
Reprodução/Redes sociais e arquivo pessoal
Segundo a acusação feita pela promotora Manuela Schreiber Silva e Sousa, Anaflávia se uniu com mais outras quatro pessoas para assaltar, assassinar e por fogo no casal Romuyuki e Flaviana e no adolescente Juan Victor. O crime ocorreu em 27 de janeiro de 2020. Os outros réus já foram julgados, condenados e presos (saiba mais abaixo).
O Ministério Público acusou os cinco por roubo, homicídio doloso qualificado (por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou as defesas das vítimas), ocultação de cadáver e associação criminosa.
Os demais acusados de participarem dos crimes com Anaflávia são: Carina Ramos de Abreu (namorada de Anaflávia); os irmãos Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos (primos de Carina); e Guilherme Ramos da Silva (amigo dos irmãos Ramos).
Segundo a Promotoria, três homens armados (Juliano, Jonathan e Guilherme) entraram no imóvel com a ajuda de Anaflávia e Carina. Vídeos de câmeras de segurança gravaram o grupo na residência onde as três vítimas moravam, um condomínio fechado de casas em Santo André.
De acordo com as investigações, os cinco queriam roubar R$ 85 mil que estariam num cofre, mas, como não encontraram o dinheiro, decidiram levar pertences de Romuyuki, Flaviana e Juan Victor e matá-los. Eles foram assassinados com golpes na cabeça durante o assalto na casa.
No dia seguinte, os corpos das vítimas foram encontrados carbonizados dentro do carro da família, numa área de mata em São Bernardo do Campo, município vizinho a Santo André.
O g1 não conseguiu localizar a defesa de Anaflávia para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem.
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Carina e Guilherme foram condenados no mesmo julgamento de Anaflávia, em junho de 2023.
À época, Carina foi punida com 74 anos, 7 meses e 10 dias de reclusão, também em regime fechado. Guilherme foi condenado a 56 anos, 2 meses e 20 dias no fechado.
Quando foram ouvidas pela Justiça, Anaflávia e Carina negaram ter participado dos assassinatos das vítimas. Disseram que o envolvimento delas tinha sido somente no roubo. E chegaram a acusar os irmãos Juliano e Jonathan de matar a família e explodir o veículo em que as vítimas estavam.
Guilherme, vizinho dos irmãos Ramos, acusou Juliano de querer assassinar o casal e o filho. Ele também alegou que participou diretamente do roubo, mas não dos assassinatos.
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Em agosto, Juliano e Jonathan também foram a júri popular. Eles confessaram participação no roubo, mas disseram que a ideia de matar a família tinha sido de Anaflávia.
Ambos foram condenados por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, roubo e associação criminosa. Juliano recebeu pena de 65 anos, 5 meses e 10 dias de reclusão em regime inicial fechado. Jonathan foi punido com 56 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão em regime fechado.