12 de outubro de 2024

Mulher denuncia ex-marido dono de construtora por série de agressões e violência psicológica

Empresário Edgilson Dantas Santos, de 53 anos, dono de uma empresa de construção e imobiliária em Roraima, foi denunciado por agredir a ex-esposa, de 43 anos, durante mais de cinco anos. Justiça expediu mandado de prisão contra ele, que está foragido. Empresário é procurado por agredir ex-mulher em Boa Vista
“Ele me jogou em cima da cama, subiu em cima de mim, me enforcou tanto que pensei assim: ‘eu vou morrer’, e comecei só a rezar porque eu não tinha forças para reagir”.
As violências físicas narradas foram algumas das sofridas por uma mulher, de 43 anos. O agressor é o ex-marido dela, o empresário Edgilson Dantas Santos, de 53 anos, dono de uma empresa de construção e imobiliária em Roraima.
Segundo a vítima, que não quis se identificar, a violência começou no terceiro ano de relacionamento, que iniciou em 2017. O casamento terminou em agosto de 2024, após uma série de agressões.
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Vítima teve a mão quebrada e os dedos fraturados pelo empresário.
Arquivo pessoal
Entre as séries de violências que sofreu em todos esse anos, a vítima relatou que teve o nariz quebrado, dedos das mãos fraturados, foi enforcada e ameaçada de morte: “Ele sempre falou que se um dia ele fosse preso eu podia fazer o que fosse. mas ele iria mandar me matar, eu ia morrer”, disse.
A última agressão aconteceu no dia 2 de junho na casa onde ela vivia com o empresário e a filha deles, de 10 anos, na capital Boa Vista. No dia, a mulher foi agredida com socos, chutes e foi enforcada.
A vítima registrou um boletim de ocorrência no dia 27 de setembro, na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), e conseguiu uma medida protetiva. Três dias depois, no dia 30, a Justiça de Roraima expediu um mandado de prisão preventiva contra Edgilson. Ele, no entanto, continua solto.
O g1 procurou a Polícia Civil para saber porque o mandado de prisão ainda não foi cumprido e aguarda o retorno.
Procurado, o advogado do empresário, Newman da Silva Ferreira Júnior, afirmou que ele não praticou “os atos a ele imputados, afirmando sua absoluta inocência”. Disse ainda que os “fatos narrados” ocorreram em 2021 e que já foram esclarecidos às autoridades (leia a nota na íntegra mais abaixo).
Empresário Edgilson Dantas Santos é denunciado por série de agressões contra a ex-esposa.
Arquivo pessoal
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Agressões verbais e físicas
Os primeiros episódios de violência foram verbais e começaram no terceiro ano de casamento. A vítima era impedida de falar em algumas situações de desconforto e quando tentava, interrompida com gritos. Depois de muitos, o agressor começou a feri-la fisicamente, entre xingamentos constantes.
Em uma das brigas, ela foi torturada com uma sacola plástica na cabeça e teve a cabeça enfiada em um vaso sanitário. Elas aconteciam principalmente na casa do casal, em Boa Vista, e em uma fazenda no município de Cantá.
“No balcão [da casa] tinha uma sacola com uns remédios, uma sacola plástica. Ele tirou os remédios, botou no chão e colocou a sacola plástica na minha cabeça e começou a me enforcar com a sacola. Quando a gente fica sem ar a gente não tem força, eu estava muito fraca. Depois disso ele saiu me puxando pelos cabelos, me levou até o vaso [sanitário] e colocou minha cabeça dentro do vaso. Ele me deu muitos chutes nas costelas, no estômago e eu pedindo para ele parar”, disse a mulher.
Vítima registrou agressões que sofria enquanto estava casada com o empresário
Arquivo pessoal
Durante mais de cinco anos, a vítima foi agredida com socos, chutes e até teve uma das mãos quebradas. Ao g1 e a Rede Amazônica, ela contou que, após algumas agressões, Edgilson pedia para que ela pensasse na família deles, falava que iria mudar de comportamento e encaminhava um versículo bíblico.
Para esconder e justificar os ferimentos da mulher, ele pedia para que ela cobrisse os hematomas com maquiagem e afirmava para as pessoas que ela havia caído. “As vezes que ele me agredia eu ficava escondida, ele dizia para eu passar maquiagem, para eu não falar [sobre as agressões], para pensar na nossa filha e não destruir a vida da minha filha, a vida dele”.
Última agressão
A vítima conta que chegou ao limite no dia em que foi agredida na frente da filha com quem tem com o agressor, da sobrinha dela, de 21 anos, e de um sobrinho, de 10.. A agressão, a última que ela sofreu, aconteceu no dia 2 de junho na casa da família.
De acordo com o relato dela, Edgilson Santos estava bebendo com um amigo e ao chegar em casa, se trancou dentro do quarto do casal. A vítima pediu para entrar e tomar banho, o que irritou o homem. Na ocasião, ele abriu a porta do quarto e puxou a mulher pelos cabelos para dentro do cômodo.
Ela foi agredida com diversos socos no rosto e teve a cabeça jogada contra a quina de um banheiro, além de ser enforcada pelo empresário. Foram as crianças que acionaram a Polícia Militar, que deteve o homem. No momento da prisão, ele já estava deitado em outro quarto da casa, dormindo.
“A minha sobrinha ficou em choque, ela não sabia o que fazer e foi nesse momento que meu sobrinho de 10 anos ligou para polícia, juntamente com minha filha. Eu tinha acabado de desmaiar, eu estava toda machucada, com um corte na cabeça. Tinha muito sangue, muito sangue”, contou a vítima.
Na delegacia, ela foi coagida por amigos e pelos filhos do Edgilson, de um casamento anterior, para que ele não fosse denunciado. Um dos filhos dele, inclusive, a ameaçou de morte. Com isso, no dia, ela decidiu não denunciar.
“Eu lembro que quando a polícia tirou ele de dentro do carro, ele olhou para mim e era como se o olhar dele dissesse: ‘se prepara’. Eu estava com muito medo, eu estava com muito medo, imagina tudo que eu estava sentindo naquele momento. O delegado não tinha chegado e eles [amigos] ficavam pedindo para eu ir embora e não depor, e eu vulnerável fui”, lembra.
Após o episódio ela se mudou da casa, junto com a filha. Desde então, sofria violência psicológica. Em mensagens de texto, o empresário xingava a vítima e afirmava que se ela o respeitasse isso “não aconteceria”. Segundo a mulher, ele ainda a ameaçou de morte caso denunciasse os crimes.
“Ele sempre falou que se um dia ele fosse preso eu podia fazer o que fosse. mas ele iria mandar me matar, eu ia morrer”, disse.
No dia 27 de setembro, após uma série de mensagens ofensivas, ela decidiu entrar na delegacia para denuncia-lo. O caso foi atendido pela delegada Letícia de Oliveira Paiva, dedicada a ajudar vítimas de violência doméstica.
No dia 30 de setembro, uma medida protetiva foi deferida contra o empresário proibindo de se aproximar da ex-mulher, pelo 1° Juizado de Violência Doméstica da comarca de Boa Vista.
No mesmo dia, o mandado de prisão contra ele foi expedido pelo mesmo juizado. Ele foi assinado pela juíza Rafaelly da Silva Lampert.
Nota na íntegra
A defesa do Sr. EDGILSON DANTAS SANTOS, que teve seu nome vinculado a um ato de violencia doméstica, vem a público esclarecer que o Defendido não praticou os atos a ele imputados, afirmando sua absoluta inocência.
A referida denuncia trata-se da insatisfação da denunciante em virtude da separação ocorrida à 08 (oito) meses atrás, tendo o imputado dado fim à relação. Os fatos narrados já foram esclarecidos às autoridades, são pretéritos, ocorridos em 2021.
Informa ainda que desde o ocorrido se colocou imediatamente à disposição das autoridades policiais, e tem colaborado com a apuração da verdade, solicitando as diligências necessárias a elucidação dos fatos e consequente busca pela justiça.
A defesa esclarece que seu cliente se manteve silente até o momento, com o único propósito de não atrapalhar as investigações cuidadosamente levadas pela Polícia Civil e Ministério Público, razão também para não se pronunciar a respeito do mérito das acusações, que correm em segredo de justiça.
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