22 de setembro de 2024

Mulher lésbica agredida no Metrô diz que PM falou que ela ‘iria apanhar como um homem’

Agressão aconteceu na plataforma da estação da Luz no último sábado (6) e foi filmada por testemunhas. Nesta segunda (8), governador Tarcísio de Freitas repudiou ação do policial. Mulher é agredida por policial militar no Metrô de SP
Reprodução/Redes sociais
A mulher agredida no Metrô de São Paulo no último sábado (6) ouviu do policial militar que a abordou que ela “iria apanhar como um homem”. A vítima é lésbica e estava vestindo uma bermuda com as cores da bandeira LGBTQIAP+.
O episódio aconteceu na plataforma da estação da Luz, da Linha 1-Azul, no Centro da capital paulista, e foi filmado por testemunhas. As imagens com o flagrante do PM desferindo um tapa no rosto da jovem viralizaram nas redes sociais (veja abaixo).
No vídeo, o policial aparece discutindo com a vítima, que está sentada na plataforma. Ele diz “abaixa a mão para mim”, enquanto a mulher responde “você que está me batendo”. Em seguida, o agente dá um tapa no rosto dela.
Mulher é agredida com tapa no rosto por policial militar na estação de Metrô da Luz, em SP
Ao g1, a advogada Ana Marques contou que a jovem – que prefere não ser identificada – estava sentada na plataforma com as pernas viradas em direção à via, enquanto aguardava o trem. Então, o policial militar fardado apareceu e a puxou pelo colarinho da blusa.
No boletim de ocorrência, ao qual o g1 teve acesso, testemunhas relataram que o policial deu “um tapa na cabeça, três tapas no rosto e um pontapé na costela” da vítima. O caso foi registrado no 2° Distrito Policial do Bom Retiro.
Segundo a advogada, a jovem também foi agredida verbalmente, sendo xingada de “sapatão” e de outras palavras de baixo calão. Para ela, a ação foi “inadmissível” e a classificou como “homofobia”.
“Ela não deveria estar ali com a perna balançando na via, era perigoso, mas ele [PM] deveria ter abordado de uma forma diferente. Ele não a abordou, já puxou pelo colarinho e começou a discutir. Ela estava usando uma bermuda com as cores da bandeira LGBT. Ele já disse para ela: ‘Já que você é homem, tem que apanhar igual a um homem’. E aí começou a desferir algumas agressões nela”, afirma a advogada.
Após a agressão, o agente embarcou no trem e não foi mais visto. Nesta segunda-feira (8), a Polícia Militar informou que ele já foi identificado e afastado do trabalho na rua até o fim das investigações da corporação.
Mulher fica ferida após ser agredida por PM no Metrô
Arquivo pessoal
Estado de pânico
Ana Marques também contou que a jovem está com o rosto vermelho e inchado, além de apresentar ferimentos no braço e nas costas. “Ela está em estado de pânico, de desespero, de mal-estar, um medo que você não tem ideia.”
Momentos antes de sofrer a agressão no sábado, a vítima tinha sido deixada pelo pai na estação da Luz. Ela estava a caminho de sua casa em Guarulhos, na Grande São Paulo, onde vive com a esposa.
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Segundo a advogada, ela realizou o exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal na tarde desta segunda. O resultado deve sair em 10 dias. Uma denúncia também será registrada na Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual do estado de São Paulo.
Procurada no domingo (7), a Secretaria da Segurança Pública (SSP) lamentou o ocorrido e informou que “a conduta apresentada não condiz com as diretrizes das forças de segurança paulistas”.
A Ouvidoria da Polícia também recebeu as imagens da agressão e solicitou a investigação pela Corregedoria da PM, além do afastamento do policial.
O deputado estadual suplente Agripino Magalhães Júnior ainda repudiou a ação. “Tal violência é inaceitável e fere os princípios mais básicos de respeito aos direitos humanos e da População LGBTQI+. Exigimos respostas imediatas da instituição Polícia Militar do Estado de São Paulo diante deste episódio violento e vergonhoso.”
Tarcísio repudia conduta de policial
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) também repudiou a conduta do policial nesta segunda.
“A imagem choca. A gente repudia esse tipo de agressão, pede desculpas à sociedade, nós não vamos tolerar esse tipo de comportamento. Nós estaremos aqui sempre do lado da polícia, quando a polícia estiver combatendo o crime, estiver combatendo o bandido, nós vamos dar todo o respaldo. Agora agressão, desvio de conduta, falta de urbanidade no trato com as pessoas nós não vamos tolerar. Esse militar vai ser afastado das ruas, vai ser severamente punido e todo mundo que descambar para o lado da indisciplina, da conduta errada, daquela conduta que prejudica a instituição será severamente punido.”

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