O g1 procurou a defesa de Jaqueline Santos Ludovico, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem. A briga teria começado após a vítima tentar estacionar no estabelecimento. Agressora joga cone em cliente de padaria; na sequência, outra mulher, amiga da agressora, também arremessa um cone contra o homem
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Imagens de câmeras de segurança da padaria Iracema, na Santa Cecília, Centro da capital paulista, flagraram o momento em que começou a discussão que terminou com uma agressão homofóbica no pré-carnaval de São Paulo deste ano.
A polícia concluiu as investigações na quarta-feira (6) e indiciou Jaqueline Santos Ludovico por lesão corporal e injúria.
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A briga teria começado por causa de uma vaga no estacionamento da padaria.
O carro das vítimas estava chegando ao local;
Quando tentaram estacionar na vaga que estava livre, Jaqueline parou na frente da vaga, de braços cruzados, tentando impedir a passagem;
A discussão teria começado quando as vítimas saíram do carro.
Imagem mostra Jaqueline parada na frente da vaga, quando as vítimas tentam estacionar.
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Ainda segundo as imagens, Jaqueline tentou jogar um cone em Rafael Gonzaga. Ela o perseguiu pelo estacionamento, tentando bater nele. A mulher então se aproximou da vítima e caiu. Nesse momento, uma amiga da agressora também jogou o cone em Rafael.
A discussão começou no estacionamento, mas se arrastou para dentro da padaria, onde Jaqueline xingou a vítima e deu um soco no nariz do namorado dele, Adrian Grasson (veja abaixo).
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“Uma batalha foi vencida, mas agora a luta continuou para que o Judiciário tenha o mesmo entendimento da Decrad, no sentido de reconhecer que quem comete atos LGBTfóbicos precisa ser responsabilizado. E a gente está muito esperançoso de que vá seguir nesse sentido mesmo”, afirmou o jornalista Rafael Gonzaga.
Deputado pede esclarecimentos à SSP
Rafael contou ao g1 que teve de realizar ao menos cinco chamadas ao 190, da Polícia Militar, até conseguir ser atendido no dia da agressão.
Ele ligou para a polícia pela primeira vez por volta de 4h40, mas só por volta de 5h30 apareceram duas viaturas no local. Mesmo com a chegada dos agentes, ele foi informado que a agressora não seria presa em flagrante porque os PMs não presenciaram a ação.
Ainda segundo Rafael, os agentes tentaram diminuir a gravidade do caso.
“É um recado terrível para a sociedade de modo geral, para quem diz que homofobia é mimimi, para quem gosta de fingir que não existe. Eu saí de uma padaria com nariz sangrando por algo que existe, mata, agride, ofende, que é uma parada animalesca, desumana”, afirmou.
Questionada pelo g1 sobre a demora para o atendimento do caso, a SSP disse que “a Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais contra a Diversidade Sexual e de Gênero e outros Delitos de Intolerância (Decradi) apura o caso, registrado como preconceitos de raça ou de cor (injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional) e lesão corporal”.
O deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL) chegou a pedir esclarecimentos à Secretaria da Segurança Pública (SSP), questionando porque a agressora não foi presa em flagrante. O pedido foi publicado no Diário Oficial de 8 de março.
Cortez questiona também se foi aberto um processo administrativo para apurar a conduta dos agentes. O g1 questionou a SSP sobre a solicitação, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
‘Família tradicional’
No vídeo gravado pela vítima, a agressora chegou a dizer que “os valores estão sendo invertidos” (veja vídeo acima).
Depois, a mulher foi contida e passou a agredir as vítimas com termos homofóbicos como “veados”.
O vídeo também mostra que a mulher xingou outras pessoas que estavam na padaria e chegou a falar que “era de família tradicional” e que “teve educação”.
“Sou mais mulher do que você. Eu sou mais macho que você”, diz. “Tirei sangue seu, foi pouco”, fala, na sequência. “E os valores estão sendo invertidos. Eu sou de família tradicional. Eu tenho educação. Diferença dessa por** aí”, disse.
O g1 procurou a defesa de Jaqueline Santos Ludovico, mas até a última atualização desta reportagem, não teve retorno.