A desistência de Haley confirma o que a eleição presidencial americana de 2024 vai ser uma repetição da última: Donald Trump contra Joe Biden. Nikki Haley desiste da corrida à presidência depois da Superterça
A eleição presidencial americana teve um fato importante nesta quarta-feira (6): a única rival de Donald Trump dentro do Partido Republicano desistiu de disputar a candidatura à Casa Branca.
“Chegou a hora de suspender minha campanha”, anunciou nesta quarta-feira (6) Nikki Haley.
Ela agradeceu os apoiadores, parabenizou o adversário Donald Trump, mas não declarou com todas as letras que vai apoiar o rival – pelo menos, por enquanto. Ela disse:
“Agora cabe a Donald Trump conquistar os votos das pessoas que não o apoiaram; e eu espero que ele faça isso”.
Nikki Haley foi embaixadora dos Estados Unidos na ONU durante o mandato de Trump. Era ela quem ecoava para o mundo a política externa do então presidente. Mas ao longo da campanha, se destacou como a maior opositora dele entre os republicanos. Disse que representava uma nova alternativa.
Na terça-feira (5), na “Superterça”, Haley venceu em apenas um dos 15 estados que fizeram prévias. A vitória foi em Vermont – um dos estados mais progressistas. Donald Trump ganhou em todos os outros 14 estados. O resultado fez a única rival dele sair da disputa.
A desistência de Haley encerra, na prática, a disputa interna do Partido Republicano, e também confirma o que já vinha ficando muito claro: a eleição presidencial americana de 2024 vai ser uma repetição da última: Donald Trump contra Joe Biden.
O atual presidente também ganhou de lavada as primárias da “Superterça”. Sem competição dentro do Partido Democrata, Biden venceu em todos os estados e foi atrás dos eleitores de Haley, agora órfãos. Ele escreveu:
“Donald Trump deixou claro que não quer os eleitores de Nikky Haley. E eu deixo claro: há espaço na minha campanha para eles”.
Disse ainda que, como Haley, acredita na preservação da democracia americana, no cumprimento da lei e no tratamento de todos com decência, dignidade e respeito.
Pesquisas eleitorais mostram que os apoiadores de Haley são mais moderados e têm maior rejeição a Donald Trump do que a maioria dos republicanos.
No Texas, Trump venceu Haley com facilidade: 77% dos votos. É o estado com a maior fronteira com o México, epicentro da crise migratória. Tema que aparece como uma das maiores preocupações dos americanos a oito meses da eleição presidencial.
‘Superterça’ é fundamental na eleição dos EUA, que tem a imigração como um dos temas principais em 2024
Na noite de quarta-feira (5), quando comemorou a vitória na “Superterça”, Trump retomou o discurso duro contra imigrantes.
“Temos assassinos, traficantes dos piores níveis, gente que não deveria estar vindo’, acusou sem apresentar nenhum dado concreto sobre isso.
Trump também voltou a dizer que vai fechar a fronteira. Antes de se eleger presidente em 2016, ele prometeu construir um muro na fronteira com o México, que tem mais de 3 mil km. Segundo dados do governo, em quatro anos de mandato, Trump ergueu 120 km de cerca e reformou outros 700.
Na quarta (5), no Texas, o Jornal Nacional encontrou famílias inteiras que tentavam cruzar a pé e a nado a fronteira. Crianças, mulheres grávidas enfrentam a correnteza do rio que separa os dois países. O JN conversou com uma mulher que relatou ter sido sequestrada e estuprada no lado mexicano, e que disse que quer chegar aos Estados Unidos a qualquer custo.
Longe dos palanques, os imigrantes de verdade não parecem os descritos por uma parte da classe política americana.
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