23 de setembro de 2024

Namorada de motorista do Porsche que causou acidente com morte chega à delegacia para depor

Depoimento foi marcado esta terça (9) no 30º DP Tatuapé, que investiga o caso. Fernando Filho, namorado da jovem, responde em liberdade pela morte do motorista de aplicativo Ornaldo Viana. Fernando Sastre de Andrade Filho (foto) é o motorista do Porsche envolvido no acidente que matou um motorista por aplicativo.
Reprodução/TV Globo
A namorada de Fernando Sastre de Andrade Filho, motorista do Porsche que causou um acidente com morte no dia 31 de março na Zona Leste de São Paulo, chegou na manhã desta terça-feira (9) à delegacia que investiga o caso.
A investigação quer saber da jovem se o empresário ingeriu bebida alcoólica, por que ela não quis voltar para casa no carro de luxo com ele e ainda se o namorado dirigia em alta velocidade.
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O 30º Distrito Policial (DP), Tatuapé, apura as causas e eventuais responsabilidades pela morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana. A vítima estava num Sandero que foi atingido pelo carro de luxo na Avenida Salim Farah Maluf.
Em coletiva no sábado (6), o delegado assistente da 5ª Seccional Leste, Carlos Henrique Ruiz, afirmou que é “fundamental” o testemunho da namorada.
Ruiz quer entender o motivo de ela não embarcar no carro com o namorado depois de uma discussão em uma casa de poker.
“A namorada dele [Fernando] está intimada para essa semana. O depoimento dela é muito importante porque existe uma questão que parece que houve uma discussão na porta da casa de poker, onde foi falado que ele não deveria dirigir. Ele teria tido uma discussão com ela e ela pode esclarecer exatamente o que aconteceu, que discussão foi essa. Tanto que o amigo embarcou com ele no carro [e não ela]. Então, essa testemunha é fundamental.”
Câmeras de segurança gravaram a batida. Fernando é suspeito de ter assumido o risco de matar a vítima porque teria bebido e dirigido em alta velocidade. Algumas testemunhas contaram que ele bebeu “alguns drinks”, tinha sinais de embriaguez e transitava bem acima do limite de 50 km/h para a via.
Fernando foi indiciado por homicídio por dolo eventual, lesão corporal e fuga do local do acidente. Ele responde aos crimes em liberdade. A investigação é feita pelo 30º Distrito Policial (DP), Tatuapé.
A Justiça já negou dois pedidos de prisões para o empresário.
Fernando foi interrogado pela polícia e negou ter fugido e estar embriagado, mas admitiu que guiava “um pouco acima do limite” da avenida, e não conseguiu desviar do carro de Ornaldo, que havia desacelerado. O empresário não soube informar, no entanto, a velocidade em que estava no momento da colisão.
A Polícia Técnico-Científica vai analisar as imagens para determinar qual era a velocidade do Porsche. O laudo será feito pelo Instituto de Criminalística (IC).
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Liberação pela PM e fuga
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Abraão Cruz/TV Globo
A Polícia Militar (PM), que atendeu a ocorrência, acabou liberando o motorista do Porsche para sair do local do acidente sem fazer o teste do bafômetro nele. O equipamento poderia indicar se o empresário havia bebido álcool enquanto dirigia, o que é crime.
Os policiais militares alegaram que a mãe de Fernando, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, também foi ao local do acidente e disse que levaria o filho para tratar de um ferimento num hospital. Mas quando os agentes da PM foram depois a unidade médica, não encontraram nenhum dos dois.
A Corregedoria da PM apura se se os policiais militares que liberaram Fernando sem fazer o teste do bafômetro erraram no procedimento. A Ouvidoria da Polícia pediu as imagens das das câmeras corporais dos agentes que atenderam a ocorrência para serem analisadas.
Para a Polícia Civil o motorista do Porsche havia fugido. Depois de 38 horas, ele se apresentou espontaneamente na delegacia que investiga o caso.
A investigação também apura se Daniela cometeu crime de fraude processual pelo fato de a mãe de Fernando, segundo a investigação, ter impedido o motorista do Porsche de fazer teste do bafômetro e ter supostamente mentido ao dizer que o levaria a um hospital, mas não o fez.
CNH foi recuperada
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Fernando havia recuperado sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) 12 dias antes do acidente, segundo a Polícia Civil de São Paulo.
O empresário teve a CNH suspensa em 5 de outubro de 2023 e ficou 152 dias proibido de dirigir após estourar o limite de multas permitidos. Entre as infrações cometidas por Fernando para ter a “suspensão do direito de dirigir” por pouco mais de cinco meses está ao menos uma multa por excesso de velocidade.
Defesa cita ‘fatalidade’ e família de morto alega ‘injustiça’
Câmera de segurança gravou momento que Renault Sandero branco é atingido na traseira por Porsche Carrera azul em São Paulo
Reprodução/Redes sociais
A defesa de Fernando divulgou nota à imprensa informando que seu cliente não bebeu e que o acidente foi uma “fatalidade”.
Ele é gerente de uma das empresas da família e ganha R$ 15 mil de salário. Há cinco anos, foi aprovado em uma universidade privada da capital paulista, o Mackenzie, onde cursou engenharia civil por algum tempo. Segundo a instituição de ensino, ele não está matriculado lá desde 2021.
“Um sentimento de injustiça gigantesco dentro de mim”, escreveu nesta segunda em seu Instagram, Luam Silva, filho de Ornaldo. O motorista por aplicativo deixou mais dois filhos e e esposa.
O amigo de Fernando, Marcus Vinicius Machado Rocha, continuava internado nesta terça na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Luiz Anália. Ele estava no banco do carona do Porsche e teve quatro costelas quebradas no acidente.
Os médicos retiraram seu baço e colocaram drenos nos pulmões por causa das lesões causadas pela batida. O rapaz saiu do coma induzido, mas não há previsão de alta.

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