Vitória foi encontrada morta em área de mata após sair para andar de patins e ficar 8 dias desaparecida, em 2018. Odilan Alves foi o 4º condenado pelo crime; ele foi preso em 2019, acusado de ser o mandante de cobrança de dívida que causou a morte da adolescente. Beto Vaz, pai de Vitória Gabrielly, fala sobre condenação de último réu
Larissa Pandori/g1
Após a condenação do quarto e último réu indiciado por envolvimento na morte da adolescente Vitória Gabrielly Vaz, em 2018, o pai da vítima, Beto Vaz, falou sobre a mistura de sentimentos por ver a justiça sendo feita, mesmo sabendo que isso não diminui a dor pela perda da filha.
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Caso Vitória: último réu é condenado a 36 anos de prisão por assassinato de adolescente
Emocionado, Beto contou que Vitória faria 18 anos na sexta-feira (22), mas que, para ele e a mãe, Rosana Guimarães, ela continua tendo os mesmos 12 anos que tinha quando foi brutalmente assassinada, em Araçariguama (SP).
“Os áudios que nós temos guardados dela, as fotos… São de uma menina. A vida de todo mundo está seguindo, preso ou não. A nossa parou lá atrás. Tanto é que hoje a gente está revivendo esse momento. Então, é difícil, mas, ainda assim, a gente pode acreditar que há possibilidade de justiça nesse país, que as coisas ainda estão acontecendo. Enquanto família, não é uma cura, mas é um remédio”, lamentou.
Vitória Gabrielly Vaz foi morta em 2018, na cidade de Araçariguama (SP)
Reprodução/TV TEM
Rosana também disse que o resultado do júri popular de Odilan Alves Sobrinho, investigado por comandar o tráfico de drogas em Araçariguama e acusado de ser o mandante da cobrança de dívida que causou a morte da adolescente, é “pequeno e indiferente”, pois não trará a menina de volta.
No sábado (23), os pais pretendem fazer uma última homenagem à menina no ginásio onde ela foi vista pela última vez, andando de patins.
Vitória Gabrielly tinha 12 anos quando desapareceu, em 2018, após sair de casa para andar de patins, em Araçariguama. O corpo dela foi encontrado oito dias depois, no meio de um matagal.
Beto Vaz e Rosana Guimarães, pais de Vitória Gabrielly, durante júri popular de quarto indiciado pela morte da adolescente
Larissa Pandori/g1
Júri popular
Odilan Alves foi condenado, em primeira instância, a 36 anos e três meses de prisão, durante júri popular realizado no Fórum de São Roque (SP) na quarta-feira (20), seis anos após o homicídio.
Ele foi condenado por homicídio (com quatro qualificadoras: motivo torpe, meio cruel, ocultação de cadáver e crime cometido para assegurar ocultação do sequestro anterior) e sequestro. A pena deve ser cumprida em regime inicial fechado. Cabe recurso.
Odilan foi preso em 2019, quando era investigado por comandar o tráfico na região. Segundo a Polícia Civil, na época, o homem havia confessado o comando da venda de entorpecentes nos pontos do Jardim Brasil, mas negou o crime.
O réu já cumpria 25 anos de prisão por penas somadas das comarcas de Itapevi, na grande SP, e São Roque, por tráfico de drogas, associação criminosa, posse de arma e munição.
Caso Vitória Gabrielly: réu Odilan Alves chega ao fórum de São Roque (SP)
Gabriela Almeida/g1
Outros condenados
Odilan foi o quarto e último réu indiciado a ser julgado por envolvimento no crime. Outras três pessoas também foram condenadas por participação no assassinato da adolescente.
Logo após o corpo de Vitória ter sido encontrado, três pessoas foram presas e condenadas por homicídio doloso. Odilan foi preso quase um ano depois do crime e reconhecido por duas testemunhas por meio de fotos.
Jovem foi vista pela última vez andando de patins no bairro Vila Nova em Araçariguama (SP)
Arquivo Pessoal
Além de Odilan, o casal Bruno Oliveira e Mayara Abrantes e o servente de pedreiro Júlio César Lima Ergesse já foram condenados por participarem do crime.
O primeiro a ser jugado foi Júlio César, em 2019. Com as qualificadoras de motivo torpe, meio cruel, recurso que impossibilitou a defesa e crime cometido para ocultar, a primeira condenação de Júlio chegou a 34 anos. O material genético da menina foi encontrado nas unhas dele.
Relembre por que o desaparecimento da menina ganhou repercussão nacional
Pai da Vitória chegou a comentar sobre prisão de Odilan
A defesa do servente de pedreiro entrou com recurso no Superior Tribunal de Justiça para tentar anular o júri de 21 de outubro de 2019. Em segunda instância, o Tribunal de Justiça diminuiu a pena dele para 23 anos e quatro meses de detenção, sendo quase dez anos a menos.
Júlio Ergesse foi o primeiro a ser condenado no Caso Vitória Gabrielly
Carlos Henrique Dias/g1
Em 2021, o casal Bruno Oliveira e Mayara Abrantes também foi condenado. Segundo a sentença do juiz Flávio Roberto de Carvalho, Bruno foi condenado a 36 anos e três meses. Já Mayara foi sentenciada a 36 anos pelo homicídio, sequestro e ocultação de cadáver com qualificadoras.
O casal teria cumprido as ordens de Odilan ao sequestrar e matar a menina.
Relembre o caso
Vitória Gabrielly desapareceu na tarde do dia 8 de junho de 2018, quando saiu de casa para andar de patins, em Araçariguama. Uma câmera de segurança registrou a menina na rua no dia do sumiço (veja abaixo).
O desaparecimento mobilizou buscas diárias com cães farejadores e policiais pela região.
Menina de 12 anos sai para andar de patins e desaparece em Araçariguama (SP)
A adolescente foi encontrada morta oito dias depois, em 16 de junho, em uma mata às margens de uma estrada de terra, no bairro Caxambu.
Corpo de menina desaparecida em Araçariguama é encontrado ao lado de patins
Divulgação/PM/Arquivo
Segundo a polícia, a garota estava com os pés e as mãos atados e o corpo amarrado a uma árvore. Vitória usava a mesma roupa que vestia no dia em que sumiu e os patins foram encontrados perto do corpo.
Patins da menina Vitória foram levados pela perícia à delegacia de Araçariguama
Witter Veloso/TV TEM/Arquivo
Mayara, Bruno e Júlio foram presos acusados de participação direta na morte da menina. Os três foram levados para a penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba (SP). Eles negaram os crimes desde o início.
A polícia apurou que Vitória foi raptada por engano para que uma dívida de drogas fosse quitada. A menina teria sido morta depois que os criminosos perceberam que estavam com a pessoa errada.
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