22 de setembro de 2024

Nascida na periferia da Grande BH, produtora do filme Marte Um completa 15 anos de história: ‘Não queremos ser uma exceção’

A premiada Filmes de Plástico é formada pelos diretores André Novais, Gabriel Martins, Maurílio Martins e pelo produtor Thiago Macêdo. Filme “Marte 1” vai representar o Brasil no Festival de Cinema Sundance, nos Estados Unidos
Filmes de Plástico/Divulgação
A produtora Filmes de Plástico — criadora do longa-metragem “Marte Um” — completou 15 anos neste mês de abril. Fundada em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a empresa é uma verdadeira fábrica de filmes premiados.
O catálogo foca em produções humanistas e com temas diversificados, e já somam mais de 50 prêmios desde sua criação.
A equipe é formada pelos diretores André Novais Oliveira, Gabriel Martins, Maurilio Martins e pelo produtor Thiago Macêdo Correia. Todos nasceram e foram criados na periferia de Contagem, onde encontraram, não só boas histórias, mas também aprenderam na prática que a reprodução da realidade iria muito além de um set de gravação.
Juntos, os filmes feitos pela produtora mineira já foram selecionados para mais de 200 festivais no Brasil e no mundo, entre eles estão:
Quinzena dos Realizadores em Cannes
Festival de Cinema de Locarno
Festival de Rotterdam
FID Marseille
Indie Lisboa
BAFICI
Festival de Cartagena
Los Angeles Brazilian Film Festival
Festival de Cinema de Brasília
Mostra de Cinema de Tiradentes
‘Marte Um’ é escolhido melhor longa brasileiro de 2022
Elo que une
Em sua casa no bairro Laguna, em Contagem, o diretor Maurílio Martins relembrou como aconteceu o encontro com o amigo Gabriel Martins ainda na faculdade, há cerca de 16 anos. Na época, os dois estudavam cinema em Belo Horizonte.
Os dois eram vizinhos de bairro, mas só foram se ver pela primeira vez no primeiro dia de apresentação na classe. A identificação foi “quase que instantânea”, contou Maurílio. Até então, os dois não conheciam outras pessoas que também saíram da periferia para cursar faculdade de cinema.
Já a união entre os quatro cineastas se deu a partir do contato de Gabriel com Thiago Macêdo e André Novais. Os três haviam se conhecido em um curso livre de cinema, e Gabriel apresentou a dupla à Maurílio, formando o quarteto que está junto há 15 anos.
“A gente brinca que o Gabriel foi o elo condutor de nós quatro [diretores]. Foi um movimento natural. Desde o primeiro momento já se notava algo muito especial na gente. Pareceu até um grande encontro de banda. Quatro pessoas, numa determinada cidade e num determinado momento”, disse Maurílio ao g1.
No dia 1º de abril de 2009, o grupo decidiu formar de vez a Filmes de Plástico. O nome surgiu de uma ideia de Maurílio durante uma conversa informal com Gabriel, em uma fila de banco.
Para os artistas, o diferencial da produtora é justamente o “olhar” para questões socialmente importantes, “olhar” esse que só as pessoas que cresceram em lugares esquecidos pelo poder público têm, como explica o diretor.
De lá para cá, o elo não só se fortaleceu como também ganhou espaço em salas de cinema, mostras nacionais e debates públicos. Em janeiro de 2022, o premiado “Marte Um” foi exibido na edição do Festival de Cinema Sundance, nos Estados Unidos, um dos principais festivais de cinema independente do mundo.
Pertencimento
Equipe da Filmes de Plástico
Divulgação/Letícia Marota
Segundo Maurílio, ser agraciado em premiações nacionais e internacionais tem sua importância, principalmente em um trabalho feito por mãos de pessoas que saíram de bairros periféricos. No entanto, a satisfação pessoal está em pertencer a algo muito maior.
A emoção do diretor deixa escapar um ar de “dever cumprido” à medida que ele percebe que outros estudantes de cinema, com histórias e realidades parecidas com a dele, têm na Filmes de Plástico uma referência de possibilidade de sonho realizado.
“Nossa luta é que a gente nunca seja a exceção. Temos algo que nos une, só não conseguimos identificar de pronto, mas as pessoas que os seguem conseguem ver isso nos filmes. Apesar de tudo ter acontecido, estou falando daqui, do mesmo lugar que nasci e produzi os filmes. Nesses 15 anos conseguimos voar muito alto, mudamos, aprendemos, evoluímos, mas continuamos sendo as mesmas pessoas que éramos 15 anos atrás”.
Equipe da Filmes de Plástico em 2010
Divulgação
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