Projeto prevê construção de cinco torres com 15 andares cada no local. Ambientalistas se preocupam com a descaracterização da Lagoa da Anta. Venda do Hotel Jatiúca, em Maceió, e criação de novo empreendimento são discutidas
As negociações sobre a venda do Hotel Jatiúca, na Lagoa da Anta, em Maceió, e a construção de um novo empreendimento multimilionário no local foram retomadas, mas seguem sob sigilo. O projeto prevê a construção de cinco edifícios com 15 andares cada, segundo reportagem da Gazeta de Alagoas, o que reacendeu a preocupação com a preservação ambiental da área.
O hotel que se tornou um ícone do turismo de Maceió foi construído há mais de 40 anos em uma área que foi cedida pela prefeitura. A estrutura se destaca pela integração com a natureza da capital. Na época, foi estabelecido que o ecossistema que cerca a Lagoa da Anta não fosse descaracterizado.
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No final de semana, a Gazeta de Alagoas publicou reportagem sobre a retomada das negociações entre o grupo dono do hotel e a compradora, a construtora Record, sobre um novo empreendimento imobiliário. A reportagem cita que o projeto prevê a construção de cinco torres com 15 andares.
Se as negociações avançarem, ambientalistas afirmam que a construção do novo empreendimento poderá causar impactos ambientais significados na região.
Para o consulto ambiental Alder Flores, é fundamental que o assunto seja discutido de maneira ampla.
“O que fazer que os esgotos sanitários desse hotel?, porque evidentemente a população aqui vai duplicar com as torres que serão construídas. A questão dos resíduos sólidos é preciso avaliar. A qualidade ambiental da Lagoa da Anta, o acesso das pessoas, o tráfego. Tudo isso que ser avaliado dentro de uma matriz complexa. É preciso que haja avaliação urbanística, que envolve uma série de fatores, e avaliação ambiental. A licença ambiental e a licença urbanísticas são semelhantes, mas não se confundem. É necessário que as pessoas, os técnicos e os órgãos competentes vejam qual é o projeto, o que é que tem para que possa ser discutido abertamente e aberto ao público. O público tem que ter acesso a essas informações, que não é sigilo”, disse.
A discussão também chegou à Câmara Municipal de Maceió. O vereador Allan Pierre, do MDB, defende a desapropriação do espaço para construção de um parque público.
“A especulação imobiliária. O momento imobiliário de Maceió é um momento muito bom, mas não nos permite pensar que aquela área da Lagoa da Anta, que é uma área histórica e importante para a qualidade de vida da parte baixa de Maceió, para a nossa orla marítima, torne-se também um espaço de construções habitacionais com fins comerciais. A gente tem proposto, se isso avançar, eu vou propor aqui na Câmara, audiência pública, propor que o Município faça a desapropriação da área e transforme aquilo ali em um parque, um espaço de convívio preservando a Lagoa da Anta”, afirmou o vereador.
O plano diretor de Maceió completa 20 anos agora em 2025 sem passar por revisão. Lacunas na legislação municipal podem viabilizar a construção do empreendimento sem restrição.
O Ministério Público Estadual (MP-AL) acompanha a situação desde quando o hotel anunciou a venda para a construção, em novembro de 2023. Na ocasião, os detalhes sobre as negociações e o que seria feito no local não foram revelados. O representante da construtora disse à época que o projeto ainda estava em estudo.
A preocupação com a preservação da Lagoa da Anta e as características ambientais do local levou o MP-AL a pedir detalhes sobre o projeto imobiliário e a abrir um procedimento para apurar o caso.
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