Taiene Priscila de Oliveira em entrevista ao Encontro, da TV Globo, pediu justiça e disse que tinha receio de ser morta. Motorista de aplicativo negou que tenha cometido o crime. Em entrevista ao Encontro, da TV Globo, na manhã desta quinta-feira (4), Taiene Priscila de Oliveira, que foi tirada à força de dentro do carro junto com a filha em Volta Redonda, no interior do Rio de Janeiro, disse que tinha receio de ser morta pelo motorista de aplicativo.
“Fiquei desesperada, do jeito que ele saiu furioso daqui nem imaginava que eu fosse sair com vida dessa situação. Eu estava com o celular o tempo inteiro na mão, para poder ter provas, ter foto, imagens, mas eu não esperava dele me arrancar (do carro). Quando eu vi que ele ia fugir, de imediato peguei o celular e comecei a filmar para ter o rosto dele e tentar pegar a placa do carro”, contou Taiene em entrevista a Patrícia Poeta.
Mulher agredida por motorista de aplicativo é entrevistada por Patrícia Poeta no Encontro
Divulgação/TV Globo
O caso aconteceu na noite de domingo (31) – relembre o crime abaixo. A vítima, que estava ao lado da irmã Khener na entrevista, revelou que toda a família está traumatizada. A filha, de cinco anos, chegou a ter febre no dia do ocorrido.
“A gente ainda está um pouco traumatizada, estamos nos recuperando, porque foi um momento, assim, de crueldade. E a minha filha, na primeira noite, ela teve até febre. Tem sido difícil pra ela dormir, porque acorda chorando, agitada”, desabafou.
Durante a conversa com a apresentadora Patrícia Poeta, Taiene pediu justiça e criticou o motorista de aplicativo, identificado como Douglas Modesto, por não ter assumido a autoria do crime.
“Eu quero justiça. Ele já foi até à delegacia ontem, deu um depoimento e está negando, falando que não reconhece as imagens, falou que não é ele (nas imagens)”, criticou.
Em depoimento prestado na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam), Douglas negou que tenha cometido o crime, registrado por uma câmera de segurança (veja abaixo). Segundo a polícia, ao ser confrontado pela gravação, ele afirmou que não reconhece as imagens.
Douglas Modesto, motorista de aplicativo que tirou mãe e filha à força de carro
Divulgação/Redes sociais
“Testemunhas foram ouvidas e foram juntadas aos autos imagens dos fatos, onde pode-se claramente ver um motorista agressivo e violentamente arrastando a mulher em defesa com sua filha no colo para fora do carro. O inquérito já foi concluído e remetido ao Ministério Público para que seja dado prosseguimento à ação penal”, disse a delegada titular da Deam, Juliana Montes.
Ele foi indiciado por lesão corporal e liberado. Caso seja condenado, a pena pode chegar a 4 anos de prisão pelo fato das vítimas serem mulheres e, uma delas, menor de idade.
A 99, plataforma para qual o motorista prestava serviço, divulgou nota e informou que “bloqueou preventivamente o agressor na plataforma enquanto as autoridades apuram o caso”. Disse também que está em contato com a passageira para oferecer acolhimento e cobertura de despesas médicas (leia o comunicado na íntegra abaixo).
Outra agressão a passageiro
Essa não foi a primeira vez que o motorista foi acusado de agressão contra passageiros. Em outubro de 2020, de acordo com a Deam, ele agrediu um passageiro que havia solicitado uma corrida do bairro Morada da Granja ao bairro Paraíso de Cima, em Barra Mansa, cidade vizinha.
O homem já estava dentro do carro quando o motorista teria dito que no destino dele “só mora bandido”.
Durante uma discussão, após andar cerca de 20 metros com o carro, o motorista parou o veículo, empurrou o passageiro para fora e exigiu que ele pagasse pela corrida.
Com medo, o passageiro ameaçou a ligar para a polícia. Neste momento, o condutor arrancou o celular das mãos dele e jogou no chão por pelo menos três vezes.
Para se defender, a vítima pegou um cone e uma pedra. Já o motorista arrancou com o carro e fugiu em alta velocidade.
Ficha criminal e multas de trânsito
Ainda segundo a Deam, o condutor possui outras anotações criminais por furtos, uso de documento falso, porte de drogas, violência psicológica contra mulher, dano e injúria.
O carro utilizado pelo motorista para corridas foi rebocado pela Guarda Municipal nesta quarta-feira (3) por ter ficado estacionado em cima de uma calçada, no bairro Monte Castelo.
Após o reboque, a Guarda Municipal descobriu que o condutor já havia sido multado 17 vezes:
Estacionamento irregular (quatro vezes)
Transitar em velocidade superior a máxima permitida (três vezes)
Avançar sinal vermelho do semáforo (três vezes)
Dirigir falando ao celular (duas vezes)
Transpor bloqueio viário (uma vez)
Transitar em contramão (uma vez)
Dirigir sem usar o cinto de segurança (uma vez)
Deixar de dar preferência a pedestre (uma vez)
Fazer conversão em local proibido (uma vez)
Conduzir veículo registrado que não esteja licenciado (uma vez)
Relembre o caso
Mãe e filha são arrancadas de dentro de carro de aplicativo em Volta Redonda
A agressão aconteceu depois de um desentendimento envolvendo o trajeto da corrida, solicitada por volta de 22h15, no bairro Retiro, com destino ao bairro Eucaliptal. No carro, além de Taiene e a filha, estavam outras três pessoas: a irmã, o sobrinho e um amigo.
Em depoimento, Taiene contou que, durante o trajeto, sua irmã teria colocado uma parada programada no bairro 249 para que o amigo pudesse ser deixado em casa.
Segundo o boletim de ocorrência, a irmã de Taiene pediu para que o motorista passasse por uma outra rua, de modo que o amigo fosse deixado em frente de casa, mas que ele teria negado com a justificativa de que não poderia mudar a rota determinada pelo GPS.
Quando passava pelo bairro Conforto, após o rapaz já ter desembarcado, o motorista se perdeu e pediu ajuda à irmã da vítima, que falou para ele seguir o GPS.
Ainda conforme o boletim de ocorrência, insatisfeito com a resposta, o motorista parou o carro na Rua 238, perto de um bar, e ordenou que todos descessem. Apenas a irmã de Taiene e o sobrinho conseguiram sair do veículo.
Mulher é agredida por motorista de aplicativo em Volta Redonda
Reprodução/Arquivo pessoal
“Eu não consegui descer, porque eu estava tentando acalmar a minha filha dentro do carro dele (…) E aí ele entrou dentro do carro novamente e arrancou com o carro. A gente foi andando [dentro do carro] do bar até um certo ponto ali da Rua 2, com as duas portas traseiras abertas. E ele em alta velocidade”, disse Taiene.
O condutor arrancou com o carro e só parou a cerca de 600 m, na Rua 2, quando mãe e filha foram retiradas à força de dentro do veículo.
As duas se machucaram e foram levadas para o Hospital Dr. Nelson Gonçalves (antigo Cais do Aterrado). Elas receberam atendimento e já tiveram alta.
Mulher é agredida por motorista de aplicativo em Volta Redonda
Reprodução/Arquivo pessoal
Nota da 99 na íntegra
“A 99 lamenta profundamente o caso. Assim que a denúncia foi registrada em sua Central de Segurança, a empresa bloqueou preventivamente o agressor na plataforma enquanto as autoridades apuram o caso e mobilizou uma equipe que busca contato com a passageira para oferecer acolhimento e informações para o acionamento do seguro para cobertura de despesas médicas. A empresa está disponível para colaborar com as investigações das autoridades.
A companhia reforça que o respeito mútuo é obrigatório para a utilização do app e que possui uma política de tolerância zero para atitudes ofensivas ou agressivas e quaisquer outras formas de violência. Por isso, investe em segurança e conscientização por meio de iniciativas como a do Guia da Comunidade 99, que divulga orientações sobre como agir e quais comportamentos não são aceitos na plataforma.”
Siga o g1 no Instagram | Receba as notícias no WhatsApp
VÍDEOS: as notícias que foram ao ar na TV Rio Sul