22 de fevereiro de 2025

No AP, autoridades debatem turismo em cidade modelo projetada na floresta Amazônica


Serra do Navio, no interior do Estado, foi tombada pelo Iphan em 2010. Evento ocorre nesta sexta-feira (21) na Unifap e conta também com a presença de moradores.  Acampamento no mirante da mina F12 em Serra do Navio
Wirley Almeida/Divulgação
Está ocorrendo nesta sexta-feira (21) na Universidade Federal do Amapá (Unifap) o fórum “Convergências para o Desenvolvimento Sustentável de Serra do Navio: Preservando o Patrimônio Cultural e Natural”. A ideia é debater o potencial turístico da cidade modelo criada na floresta Amazônica, na década de 50. 
Participam do evento professores da Unifap, profissionais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), representantes da gestão municipal e estadual, e moradores da região. O evento é baseado no estudo realizado por meio do Termo de Execução Descentralizada (Ted), do Iphan. 
🔍A cidade foi tombada pelo órgão como patrimônio histórico em abril de 2010. 
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 AP no WhatsApp
Turismo em Serra do Navio 
Entre 1957 e 1959, a cidade foi projetada para abrigar os funcionários e seus familiares que trabalhavam em toda a cadeia de exploração de minério, mas na década de 90, a Indústria e Comércio de Minérios S.A (Icomi) deixou a região, encerrando suas atividades no Estado. 
Como herança, a empresa deixou todo o cenário da exploração mineral para trás, como casas, maquinários e minas, local de onde foi retirado o minério. Todo esse material é visto por autoridades e moradores como potencial turístico. 
Minério estocado na região após a exploração
Fabiana Figueiredo/Arquivo g1
A região, que passou a ser chamada de “cidade fantasma”, de acordo com a prefeitura, hoje recebe cerca de 100 turistas por semana. 
“Serra de Navio é uma cidade histórica, então hoje a gente precisa preservar. É muito importante a gente saber que estamos sendo vistos, em torno de 100 turistas visitam Serra durante o fim de semana e nosso objetivo é desenvolver o município a partir disso”, afirmou a prefeita Paulinha Santos. 
A ideia é explorar os diferentes setores de Serra do Navio. Para os moradores, o debate é visto de forma positiva. Esse é o caso de Diana Soares, ela vive há 40 anos na cidade. 
“Esse fórum é um momento ideal para a gente buscar ações para o município. O turismo tem crescido nos últimos anos e percebemos que estamos alcançando mais público para as nossas lagoas e mirantes. Eu tenho visto esse crescimento e junto disso estão os nossos empreendedores, tanto os comerciantes, quanto a hotelaria e outros setores”, disse Diana. 
Diana Soares, moradora há 40 anos de Serra do Navio
Mariana Ferreira/g1
Assista à matéria abaixo e conheça mais da Mina F12, um dos principais pontos turístico de Serra do Navio:
Mirante da Mina F12: passeio que virou febre em Serra do Navio movimenta o turismo
Michel Flores, superintendente do Iphan, destaca que o tombamento da cidade influencia em diferentes fatores, um deles está associado ao turismo agregado com a identidade cultural.
Segundo Flores, a partir do tombamento de um espaço há um ponto turístico de interesse, já que o fato desperta a curiosidade das pessoas sobre o local. 
Em Serra do Navio, uma dessas características apontadas pelo Iphan é que a região guarda um registro importante da história do Brasil [exploração de minério], além de ter sido uma cidade pensada para o clima tropical amazônico. 
“Serra do Navio tem essa importância histórica no contexto de formação da sociedade brasileira e especialmente para a sociedade do Amapá. Ela representa a vinda desses projetos inovadores de exploração mineral. A gente tem turistas estrangeiros que vêm estudar essa arquitetura da cidade, nós temos a questão da identidade cultural, então os serranos se reconhecem como patrimônio cultural, isso tudo faz parte da identidade deles”, detalhou Michel Flores. 
Preservação do patrimônio 
Entre as ações realizadas após o tombamento está a regularização fundiária. A prefeita de Serra destaca que, até o fim de abril, mais 100 títulos de propriedade serão entregues à população.
“É muito importante essa regularização porque há muitos moradores antigos na região que não tinham um documento dizendo que a casa era deles, por isso, hoje estamos tratando sobre a entrega definitiva desses títulos e posteriormente vamos tratar da Vila comercial” afirmou a prefeita. 
A titulação é acompanhada por técnicos do Iphan. Segundo o órgão, a ideia é que estes moradores possam realizar restaurações nessas residências, mas preservando as características da época da criação da cidade. 
“O Iphan atua como intermediário na regularização fundiária. O nosso objetivo é que as casas sejam repassadas aos moradores para que eles tenham o título de propriedade e assim eles possam estar valorizando esse patrimônio. Vai ser a casa dele, que é um bem tombado e que vai poder estar realizando os cuidados necessários para a preservação. Por meio da Unifap, vamos prestar uma assessoria para que os moradores façam projetos de expansão, mas preservando os elementos originais da casa” disse o superintendente do Iphan. 
A previsão é que até o fim de abril esses títulos sejam entregues aos moradores de Serra do Navio. 
Cidade modelo 
Exposição do Iphan trás memórias da época da exploração de minério
Mariana Ferreira/g1
A vila de Serra do Navio é um conjunto urbano moderno construído no meio da floresta Amazônica pelo arquiteto Oswaldo Arthur Bratke. O município possui, atualmente, segundo Censo do IBGE, 5 mil habitantes. A vila fica a 200 km de distância da capital, Macapá. 
📲 Siga as redes sociais do g1 Amapá e Rede Amazônica: Instagram, X (Twitter) e Facebook
📲 Receba no WhatsApp as notícias do g1 Amapá
Veja o plantão de últimas notícias do g1 Amapá
VÍDEOS com as notícias do Amapá:

Mais Notícias