O Ramadã é o nono mês do calendário lunar. É considerado sagrado para os muçulmanos porque, segundo o Islã, foi nesse mês que Deus entregou ao profeta Maomé os versos do Alcorão. Grupo de refugiados celebra o primeiro Ramadã no Brasil
Muçulmanos do mundo inteiro estão celebrando o mês sagrado, o Ramadã. No Brasil, a data tem um valor especial para um grupo de refugiados.
Essas mulheres vieram para o Brasil fugindo do regime opressor do Talibã no Afeganistão e da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza. E, pela primeira vez, as famílias de Rahima Ahmadi e Jamila Farahmand e de outros refugiados passam o período do Ramadã longe de casa. Eles estão abrigados na vila Minha Pátria, em Morungaba, no interior de São Paulo, uma instituição da igreja batista, parceira da ONU.
“Nós somos cristãos acolhendo refugiados muçulmanos e que neste mês está se dedicando a esse período”, diz Jeniffer Forte Soares, coordenadora do projeto Vila Minha Pátria.
O Ramadã é o nono mês do calendário lunar. É considerado sagrado para os muçulmanos porque, segundo o Islã, foi nesse mês que Deus entregou ao profeta Maomé os versos do Alcorão. Em 2024, o Ramadã começou no dia 10 de março e vai até o início de abril. Durante esse período, os muçulmanos precisam jejuar, do nascer até o pôr do sol.
O jejum é obrigatório para os muçulmanos nesse período. Mas o Ramadã é muito mais do que ficar sem comer nem beber durante o dia. É aumentar a já intensa rotina de orações, é evitar palavras e pensamentos ruins, é fazer caridade sempre que possível. Tudo para se purificar, se tornar uma pessoa melhor. Isso é tão importante para eles que, mesmo longe de casa, em uma situação de refugiados, todo o esforço é feito para manter os costumes durante o Ramadã.
Assad Rahimi está no Centro de Acolhimento de Povos Fraternos, da Prefeitura de Guarulhos, que tem três casas, com 207 vagas — todas ocupadas. Ele pensou que não conseguiria praticar seus costumes aqui, mas conta que, assim que começou a jejuar, percebeu que não seria tão difícil.
Começa o Ramadã, mês sagrado de jejum e orações para os muçulmanos; entenda
As famílias têm ajuda para manter as práticas do Ramadã. A comida — normalmente mantimentos da cesta básica brasileira — muda um pouco para se adaptar à cultura dos hóspedes. E eles agradecem de um jeito bem gostoso.
“Eles sempre acabam fazendo os pratos e vem entregar para a gente. Eles gostam bastante de compartilhar essa cultura. Eu gosto”, conta Luiza Marins de Moraes, coordenadora de serviços de acolhimento de Guarulhos.
Na tarde desta quarta-feira (27), as mulheres prepararam “farene”, um mingau doce, e o “nan”, o pão assado. Quando o sol se pôs, chegou a hora de mais uma oração e do “iftar”, a quebra do jejum. É uma refeição feita em comunidade. Cada família leva o que tem: coalhada, tâmaras, arroz, chá.
Aimal Amini fugiu do Afeganistão em outubro de 2023 com a mulher e três filhos. É o primeiro Ramadã deles no Brasil. E Aimal diz que eles estão felizes. Com mesa cheia, os novos amigos e a liberdade de rezar por uma nova vida.
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