Em dezembro de 2023, governo do estado assinou um protocolo de intenção para doar a estrutura à Universidade Federal do Ceará, mas o projeto ainda precisa do aval da Assembleia Legislativa e de engenheiros para ser reaproveitada. No Ceará, obra de aquário está parada há 7 anos e não tem prazo definido para ser retomada com outra função
Reprodução/TV Globo
No Ceará, uma obra projetada para atrair turistas está parada há sete anos.
A estrutura de concreto e ferro ocupa 21 mil m² da praia de Iracema, em Fortaleza. O projeto era construir o maior aquário da América Latina e terceiro maior do mundo, com tanques de milhões de litros e diversas espécies marinhas. Hoje, o que se vê na água acumulada por lá assusta os moradores de um condomínio em frente.
“Criatório de mosquitos, porque tem chovido e a água fica acumulada”, conta a dona de casa Mary Vieira.
“Ficam lâminas de água produzindo aí uma grande quantidade de mosquitos que promovem a dengue”, acrescenta Rosa Magalhães Keller, presidente do conselho de administração do condomínio.
O empreendimento foi anunciado em 2009, na gestão do então governador Cid Gomes, do PSB. As obras começaram em 2012 e foram paralisadas duas vezes ao longo do ano porque faltavam estudos arqueológicos e licenciamento ambiental.
Em 2013, um novo recomeço, seguido de mais embargos motivados por ações ambientais. Até que em 2017 o então governador Camilo Santana, do PT, disse que o estado não ia mais fazer a obra, que em cinco anos custou mais de R$ 136 milhões aos cofres públicos.
Em uma das orlas mais famosas do Brasil, o turismo encontrou uma barreira na construção do aquário: a obra abandonada acabou virando um obstáculo e deixou um lado da praia ainda mais isolado, inclusive socialmente.
“Veio uma proposta de que o aquário seria bom para a comunidade, porque ia trazer turismo para cá, para ajudar ela a ganhar mais dinheiro economicamente, fomentando a economia da comunidade do poço da draga”, diz a líder comunitária Cássia Vasconcelos.
O esqueleto do aquário só piorou a situação.
“A estrutura ficou na frente da comunidade e quando o turista, quando as pessoas vêm na orla da praia de Iracema, na beira mar, que chega aqui próximo, se depara com esse lugar escuro, abandonado, ficam até com medo de visitar a comunidade”, acrescenta Cássia.
Em dezembro de 2023, o governo do estado assinou um protocolo de intenção para doar a estrutura à Universidade Federal do Ceará. A ideia é transformar o lugar no Instituto de Ciências do Mar, com cursos de graduação, mestrado e doutorado, mas o projeto ainda precisa do aval da Assembleia Legislativa e de engenheiros que vão avaliar se estrutura de concreto poderá ser reaproveitada.
“A nossa ideia é que neste semestre 1 de 2024 a gente possa ‘startar’, iniciar a licitação da obra. Todo esforço que vai ser feito aqui nessa gestão de reitoria, que é uma gestão que começou em 2023 e vai até agosto de 2027, a gente tenha tudo concluído”, diz Custódio Almeida, reitor da UFC.
A única certeza agora é que o espaço não será um aquário.
“Qualquer coisa que não seja um berçário de mosquitos é bom”, comenta Rosa Magalhães Keller.
O senador e ex-governador do Ceará Cid Gomes disse que, depois do início das obras, os Ministérios Públicos estadual e federal fizeram várias objeções relacionadas a questões ambientais e que, mesmo depois de resolvidas essas questões, o banco americano desistiu do financiamento.
Ele afirma ainda que durante o governo dele a obra estava em pleno andamento.
O ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana, disse que, no período que esteve à frente do governo, realizou várias tratativas para uma parceria público privada. Mas, devido a questões econômicas, agravadas pela pandemia de covid, nenhuma delas prosperou.
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