Nesta segunda-feira (3), uma equipe do Ibama visitou a aldeia Pará Rokê, em uma ação humanitária. Vacinou animais e entregou alimentos. Aldeia indígena inundada ainda depende de doações
No extremo sul do Rio Grande do Sul, uma aldeia indígena está precisando de doações.
Uma estrada de terra leva a uma das três tribos indígenas da cidade de Rio Grande. A aldeia Pará Rokê, que no idioma mbya guarani significa Portal do Mar, tem 21 famílias – cerca de 80 pessoas que ficaram ilhadas.
“A gente passou como se a gente estivesse na pandemia. Muitas famílias estavam em suas próprias casas isoladas porque não dava para sair. Era muita chuva”, conta o cacique da Aldeia Para Rokê Gildo Gomes da Silva.
Talcira Gomes foi visitar os filhos em Porto Alegre. O plano era retornar na primeira semana de maio, mas ela só conseguiu voltar na quinta-feira (30), quando o acesso pela estrada foi reestabelecido.
Repórter: Quando a senhora chegou em casa, o que encontrou?
Talcira Gomes: Nada, não encontrei mais nada. Estava tudo destruído pela água.
A principal construção da aldeia, a Opy, é a casa onde são feitos os rituais ancestrais e espirituais, que estão suspensos porque a água destruiu toda a parte interna. Em respeito às tradições dos Pará Rokê, o Jornal Nacional não pode filmar ou fotografar lá dentro.
“A gente fez uma valeta para a água escorrer para lá porque ela entrava só para dentro. Ajudou um pouco, porém não suportou, porque era muita água”, diz o cacique Gildo Gomes da Silva.
No extremo sul do RS, aldeia indígena precisa de doações
Jornal Nacional/ Reprodução
Os indígenas Pará Rokê vivem da venda de artesanatos e plantam para consumo próprio.
“Aipim, estou perdendo metade agora, e batata doce também a metade. Milho, amendoim, perderam, apodreceu tudo”, conta o agricultor Tarcísio Gomes.
As famílias estão vivendo de doações. Nesta segunda-feira (3), uma equipe do Ibama visitou a aldeia, em uma ação humanitária. Vacinou animais e entregou alimentos. Os técnicos do Ibama também vão levar da Embrapa de Pelotas mudas de árvores frutíferas para serem replantadas em aldeias prejudicadas pela água.
“O propósito é revegetar o local com frutíferas nativas que já faz parte da cultura nossa, em geral, e deles especialmente. Frutas da tradição, da própria cultura Guarani”, afirma Mauricio Vieira de Souza, analista ambiental Ibama.