29 de setembro de 2024

No Pantanal, setor pecuário sofre com as consequências da seca e do fogo

Fogo mata animais e ameaça aldeias indígenas. A maioria dos rios e lagos secou. Para o Ibama, há fortes indícios de que a origem dos focos seja criminosa. A Polícia Federal vai investigar os incêndios. Incêndios e seca ameaçam a pecuária na região do Pantanal
No Pantanal, o setor pecuário está sofrendo com as consequências da seca e do fogo.
O cobertor de fumaça no céu do Pantanal abafa a atividade econômica de maior expressividade deste bioma brasileiro. A pecuária existe na região há mais de três séculos e agora se vê diante de uma crise que deixa os criadores sem chão. Porque seus animais estão sem pasto. A seca e os incêndios já consumiram 13% do pantanal brasileiro somente neste ano, de acordo com o Laboratório de Análises de Satélites Ambientais da UFRJ.
Incêndios já devastaram mais da metade da Ilha do Bananal, no Tocantins
São 19 milhões de cabeças de gado em Mato Grosso do Sul. Sete vezes mais que a população do estado, de 2,7 milhões de habitantes, de acordo com o Censo 2022.
Grande parte do rebanho nasce no Pantanal, onde muitas áreas são alagáveis e o percentual de aproveitamento da terra é menor que em outras regiões do país. Por isso, as fazendas pantaneiras são especializadas em bezerros. Nascem 800 mil por ano, somente no pantanal sul-mato-grossense.
Mas a clientela dos pantaneiros anda preocupada. São os criadores de engorda, do gado de corte para a produção de carne.
Sem o pasto, eles não conseguem engordar o gado como antes. E, com receio de faltar alimento para o rebanho, eles deixam de comprar bezerros dos criadores pantaneiros. É o gatilho da crise.
“A situação hoje é muito brava, pela seca que a gente tem passado, pelos incêndios que têm ocorrido nessa época de muita seca. O produtor do bezerro quer vender seu produto e quem quer comprar não consegue adquirir i produto porque também está seco ou queimado o campo dele”, afirma Gilson de Barros, presidente do Sindicato Rural de Corumbá (MS).
Uma fazenda em Miranda (MS) é especializada em melhoramento genético. Ela cria touros para vender para os criadouros de bezerros do Pantanal. Como eles não estão vendendo, eles não estão tendo receita e não conseguem comprar os touros da região. E está todo mundo sem pasto. Então, o dono de uma fazenda precisou levar parte do gado para uma outra fazenda, que fica a 150 quilômetros.
“São 2 os problemas: primeiro deles é o problema da suplementação, da alimentação desses animais. E o segundo problema é a parte comercial. Não são só os custos que estão se elevando. O produto está valendo menos. Com a seca prolongada, tive que reduzir o rebanho”, afirma João Carlos Marson, criador de gado de melhoramento genético.
Se tá difícil para os fazendeiros, imagina para quem só tem um pedacinho de terra para viver com a família e os animais no quintal.

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