20 de setembro de 2024

Nos 25 anos do Ministério da Defesa, Lula diz que Forças Armadas não devem servir a uma ideologia

Presidente afirmou que ‘verdadeira missão’ dos militares é servir à ordem e atuar em nome da soberania e proteção do povo. Ao comentar inquérito aberto contra coronéis, ministro Múcio disse que homens de alta patente tentaram desequilibrar o Exército, mas comando evitou. O presidente Lula ao lado da primeira-dama Janja e do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro
Reprodução/Canal Gov
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (28) que as Forças Armadas não devem servir a uma “ideologia”, mas à ordem, à soberania e à proteção do povo brasileiro.
Lula deu as declarações durante pronunciamento na cerimônia de comemoração aos 25 anos do Ministério da Defesa, no Clube do Exército em Brasília. O evento contou com a participação dos comandantes Forças Armadas e do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
“Celebramos hoje a verdadeira missão das Forças Armadas, que é de servir a nação brasileira, garantir a ordem, não em nome de uma ideologia ou a serviço de pretensões políticas individuais, mas em nome, acima de tudo, da soberania de um país e da proteção do povo brasileiro”, afirmou Lula.
Nesta terça-feira (27), o Exército Brasileiro abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar quatro militares por possíveis crimes relacionados à elaboração da “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”.
Essa carta, segundo investigações da Polícia Federal, foi utilizada como instrumento de pressão ao então comandante do Exército, general Freire Gomes, para que ele aderisse a um golpe de Estado em 2022
Em entrevista a jornalistas, ao ser questionado sobreo inquérito, José Múcio disse que, na gestão passada, militares de alta patente tentaram desequilibrar o Exército, o que foi evitado pelo comando da força.
“Foram militares de alta patente que resolveram estimular, vamos dizer assim, o fracionamento do bom equilíbrio do Exército, desestimular o trabalho do general. Ele prontamente, competentemente, abriu inquérito, descobriu os culpados e serão punidos. As Forças Armadas para serem fortes não podem trabalhar sob a aura da suspeição”, afirmou o ministro.
Exército abre inquérito contra quatro militares pela autoria de carta golpista
Venezuela
Durante a entrevista, Múcio foi questionado sobre a situação da fronteira brasileira com a Venezuela.
Ele afirmou que, no momento, a fronteira com os venezuelanos é a “mais difícil” para o Brasil em razão de questões políticas do país vizinho – o atual presidente Nicolás Maduro foi declarado vencedor da eleição, diante de protestos de fraude por parte da oposição.
“Nós temos fronteiras com 10 países, a mais difícil no momento, por questões políticas deles, é a Venezuela. Nós estamos preparados para defender a integridade do território nacional”, disse Múcio, ao ser questionado sobre o tema e a postura da diplomacia brasileira.
Lula não reconheceu nem vitória de Maduro nem a vitória da oposição. O Brasil mantém o pedido de que as atas das seções de votação sejam apresentadas pelo governo venezuelano.
Múcio afirmou que o Brasil não precisa de Forças Armadas preparadas “para atacar ninguém”, mas que os militares precisam estar preparados por isso o reforço da presença na fronteira com a Venezuela.
“Nós precisamos de uma defesa para dizer não, aqui não entra, aqui não passa, aqui é território do povo brasileiro. Nós temos feito isso, nossa fronteira com a Venezuela está bastante preparada para qualquer evento, temos lá blindados, reforçamos pessoal do Exército, da Marinha. Estamos todo lá torcendo para que nada aconteça. Não vai acontecer, mas temos que estar preparados”, afirmou.
Concurso para a Defesa
Ministro da Defesa, José Múcio
ANDRE VIOLATTI/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Múcio também anunciou na cerimônia que será realizado um concurso para contratar servidores civis no Ministério da Defesa. A data do concurso ainda será defnida.
Múcio também informou que o Programa Calha Norte será transferido do Ministério da Defesa para o Ministério da Integração.
O programa foi criado em 1985 e integrado ao Ministério da Defesa desde 1999, o programa desenvolve projetos e obras nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
“Não [depende do Congresso], é só nós acertarmos. Na verdade, o programa ficou distorcido porque o Calha Norte foi criado para trabalhar no norte do Amazonas, mas hoje tem trabalhos no Tocantins, no Maranhão e é incompatível com o Ministério da Defesa”, explicou Múcio.

Mais Notícias