19 de outubro de 2024

Novas pacientes relatam deformações no corpo após cirurgias estéticas com médico indiciado em Florianópolis

Marcelo Evandro dos Santos foi indiciado por lesão corporal gravíssima, após denúncia à Polícia Civil. Ele diz que vai esclarecer todas as acusações na Justiça. Novas pacientes relatam problemas com plásticas feitas por cirurgião em Santa Catarina
A vítima que sofreu graves lesões durante cirurgias estéticas realizada pelo médico Marcelo Evandro dos Santos, em Florianópolis, não foi a única a relatar deformações no corpo após ter sido convencida por ele a fazer uma série de procedimentos no mesmo dia.
Na segunda-feira (14), o cirurgião foi indicado por lesão corporal gravíssima em consequência de denúncia feita por Letícia Mello. Ela teve queimaduras, bolhas, necrose e perda de tecido após passar por 12 cirurgias no mesmo dia e ficar mais de dois meses hospitalizada.
Procurada, a defesa do cirurgião disse, em nota, que Marcelo está convicto de sua ética e comprometimento na forma que conduz o trabalho e que as acusações serão esclarecidas na Justiça (veja íntegra abaixo).
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Diana Silva Antunes, outra paciente ouvida pela NSC TV, conta que procurou o médico para colocar silicone e fazer uma lipoaspiração. As cirurgias foram realizadas em março de 2020. Na ocasião, por orientação do médico, fez mais três procedimentos. Ao todo, foram cinco e mais de 10 horas de anestesia.
“Ele me disse que eu teria que fazer mastopexia [cirurgia de lifting da mama] com prótese, que só silicone não iria adiantar no meu caso e abdominoplastia com lipo, que ele poderia lipar papada, interno de coxa, joelhos, os braços, e que se eu fizesse a cirurgia ele me ia me dar um enxerto no glúteo também, que na época eu nem sabia que existia”, contou.
Quem é o médico indiciado por lesões em procedimentos estéticos
Ela relata que chegou a questionar o tempo e a quantidade de procedimentos ao mesmo tempo, e que foi tranquilizada por ele. Três anos depois, no entanto, ela voltou à sala de operação. Precisou tirar as próteses e, ao fim do procedimento, notou uma gaze sobre uma das mamas.
“Veio uma enfermeira colocar um óleo e eu vi uma queimadura grande. Depois eu questionei o que havia acontecido no meu seio e ele disse que foi uma reação alérgica. Não deu muita importância, me deu alta e aquilo ali começou a doer muito. Meu seio ficou em carne viva”, relata.
Segundo Diana, o seio dela começou a abrir e a formar uma casca escura, o que era relatado ao médico, que não demonstrava preocupação. “Ele dizia para aguardar, que não era nada”.
Diana Antunes relata problemas com plásticas feitas por cirurgião em Santa Catarina
Já Flávia Alexandre da Silva perdeu parte da auréola. Segundo ela, o cirurgião realizou um procedimento de redução de mama e, após ter parte do tecido necrosado, o cirurgião disse que era normal o que havia ocorrido.
“Estava tudo bem, vim para casa feliz da vida, tinha realizado meu grande sonho. Começou a minha auréola a sangrar, a necrosar, e eu perdi um pedaço dela. Ele disse que era normal também. Quero justiça por mim, por todas nós”, afirmou.
A lesão corporal grave, prevista no artigo 129 do Código Penal, prevê pena de um a cinco anos de prisão em casos de condenação.
Além do indiciamento, em que vai responder por crime, o cirurgião já foi condenado na área civil, anteriormente, ao menos quatro vezes. No caso mais grave, indenizou familiares de uma paciente que morreu após lipoaspiração, em 2021.
MP abre investigação
Letícia mostra como ficou após procedimento
Reprodução/NSC TV
O Ministério Público, ao saber do caso na terça-feira (15), informou que abriu investigação e que busca identificar mais vítimas. Um dos focos da investigação do órgão é verificar se o cirurgião tem alertado as pacientes sobre os riscos das operações.
“O objetivo também é identificar se essa cirurgia tem uma regulamentação específica e se está sendo feita de acordo com as normas legais administrativas junto ao Conselho Regional Federal de Medicina”, disse o promotor de justiça Wilson Paulo Mendonça Neto.
Paciente mostrou danos à pele após cirurgia plástica em Santa Catarina
Reprodução
O que diz o médico
Em 23 anos na área da medicina, atuando nas especialidades de cirurgia geral e cirurgia plástica, sempre priorizei a saúde e o bem-estar dos meus pacientes, prestando o atendimento mais personalizado e humano possível, além de seguir e respeitar o Código de Ética Médica e todos os princípios e valores da profissão.
Solicito todos os exames necessários e forneço todas as orientações pré e pós-operatórias, além de estar sempre à disposição dos meus pacientes para atendimento e acompanhamento em casos de eventuais intercorrências. Esclareço que existem reações biológicas inerentes a cada paciente, as quais são informadas em termos de consentimento antes de cada cirurgia.
Como membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Society of Aestgetic Plástico Surgery (ISAPS) e da Associação Brasileira de Cirurgiões Plásticos (BAPS), estou em constante atualização profissional, realizando cursos de qualificação e participando de congressos voltados ao conhecimento e aprimoramento do domínio dos procedimentos em cirurgia plástica. Realizo uma média de 300 cirurgias por ano e, em todas, utilizo as técnicas mais modernas e recomendadas dentro da especialidade.
O Código de Ética Médica veda que o profissional exponha fatos dos quais teve conhecimento em razão de sua função, mesmo que tornados públicos. Além disso, os processos citados nesta matéria encontram-se sob sigilo processual. Por tais razões, minha manifestação sobre cada caso continuará sendo feita nos autos das respectivas ações.
Tenho confiança na ética e no comprometimento com que conduzo o meu trabalho e estou seguro de que todas as acusações serão esclarecidas na justiça.
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