22 de outubro de 2024

Nove médicos são vítimas de violência no ambiente de trabalho por dia no Brasil, aponta levantamento do CFM

Conselho Federal de Medicina analisou boletins de ocorrência registrados nas delegacias de Polícia Civil dos estados e do Distrito Federal entre 2013 e 2024. A maior parte dos registros é de ameaça, vias de fato, perturbação do trabalho, lesão corporal, furto, injúria, desacato, calúnia e difamação. Foto ilustrativa de um consultório médico
Imagem/Freepik
Um levantamento inédito feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) apontou que nove casos de violência contra médicos em estabelecimentos de saúde (público e privado) são registrados por dia no país — um caso a cada três horas.
Para chegar a esse número, o CFM analisou os boletins de ocorrência registrados nas delegacias de Polícia Civil dos estados e do Distrito Federal entre 2013 e 2024. O Rio Grande do Norte não encaminhou as informações solicitadas a tempo e o Acre informou não ter os dados em sua base (veja mais abaixo).
Desde 2013, foram registrados mais de 38 mil BOs em que médicos foram vítimas de violência. 2023 detém o recorde, com 3.993 boletins (os dados completos de 2024 serão conhecidos só em 2025).
Segundo o levantamento, a maior parte dos registros é de ameaça, vias de fato, perturbação do trabalho, lesão corporal, furto, injúria, desacato, calúnia e difamação.
Veja outros dados do levantamento:
47% dos BOs foram registrados contra mulheres;
66% dos casos ocorrem no interior;
São Paulo registrou praticamente a metade dos casos de violência;
Paraná ocupa o segundo lugar no ranking, seguido por Minas Gerais.
José Hiran Gallo, presidente do CFM, ressalta que é importante adotar medidas efetivas para prevenir e combater a violência contra os médicos. Ele também aponta que o profissional precisa exercer a profissão em paz.
“Os profissionais carecem de segurança física dentro das unidades. Não é apenas o patrimônio que precisa de cuidados. A garantia de condições para o exercício da atividade médica, dentre os quais a oferta de espaço seguro, é imprescindível, assim como o acesso dos pacientes ao direito fundamental à saúde, tanto na rede pública quanto na rede privada”, alertou.
O órgão fez algumas ressalvas sobre o levantamento. O Rio Grande do Norte, por exemplo, não encaminhou as informações a tempo. Já o Acre informou não ter dados em sua base. Mato Grosso e Paraná informaram dados relativos à violência em hospitals e clínicas médicas contra qualquer profissão (o CFM fez uma estimativa mínima de 10% que envolveria só médicos).
Estimativa semelhante foi feita no Rio de Janeiro, onde a maioria das ocorrências deixou o campo da profissão da vítima em branco; e com as informações prestadas pelo Rio Grande do Sul, que forneceu apenas dados de violência contra médicos sem definir o local onde ocorreu o fato.
“Vale ressaltar a subnotificação dos casos, já que alguns estados não informaram precisamente a quantidade de médicos que sofreu algum tipo de violência dentro de estabelecimentos de saúde”, completa o CFM.

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