7 de janeiro de 2025

Novo ensino médio: 65% dos alunos querem flexibilidade na escolha das disciplinas, diz Datafolha

A maioria dos estudantes quer uma escola em que é possível estudar as disciplinas tradicionais e também escolher uma área para se aprofundar ou fazer um curso técnico. Pesquisa mostra que 65% dos estudantes aprovam o Novo Ensino Médio
Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (11) mostrou o que os estudantes pensam sobre o novo ensino médio.
É como dar os primeiros passos em direção a um futuro que está logo ali.
“Eu sonhava em ser uma advogada e agora eu estou tão perto do que eu quero fazer, dá um medinho, mas eu também fico muito entusiasmada”, conta a estudante Sara Caron.
A Sara entrou em 2024 no ensino médio em uma escola pública em São Paulo. Escolheu um curso de humanas como itinerário formativo, em que cada um escolhe a área de interesse.
“Eu vou estudar algo que eu realmente gosto, né? E aí eu consigo ter uma noção melhor do que que eu quero, se eu realmente quero estudar aquilo e me formar e seguir carreira naquilo”, comenta Sara.
O novo ensino médio está em vigor desde 2022. Durante os três anos, os estudantes têm carga horária de 3 mil horas, sendo 1,8 mil obrigatórias para formação geral básica e 1,2 mil para os itinerários formativos.
“A gente tem aula de marketing digital, que é muito bom, artes visuais também que é maravilhoso, principalmente para hoje em dia, nesse mercado de tecnologia, é muito importante. E pela nossa escola estar introduzindo isso logo no segundo ano, é muito bom”, diz a estudante Ana Beatriz Engracia, de 16 anos.
Uma pesquisa encomendada pelo Todos Pela Educação ao Datafolha mostra que a maioria dos alunos que começaram o ensino médio em 2024 prefere o novo ensino médio. 65% querem uma escola em que é possível estudar as disciplinas tradicionais e também escolher uma área para se aprofundar ou fazer um curso técnico.
O levantamento mostra também que mais da metade dos estudantes que começaram o ensino médio em 2024 desconhecem as mudanças e que, quanto maior o nível de informação sobre a reforma do ensino médio, maior é a proporção dos que que preferem o novo modelo. Dos 8% que se disseram bem informados sobre o ensino médio quase 80% preferem o novo currículo, que está em vigor.
Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos pela Educação, defende o novo modelo, com adequações:
“O que o jovem brasileiro está dizendo é que ele quer um ensino médio mais flexível, mais antenado com as suas vocações, com seus projetos de vida, nos seus temas de maior interesse. É importante manter a essência do novo ensino médio, dessa reforma do ensino médio, corrigindo problemas questões que foram aparecendo na implementação, mas não voltar atrás do modelo que a gente tinha, que era o modelo antigo de ensino médio único, todo mundo igualzinho com as mesmas disciplinas sem a possibilidade de uma flexibilização desse currículo.”
Desde que foi implementada, a reforma tem enfrentado algumas resistências. No fim de 2023, o governo federal enviou ao Congresso uma projeto de lei com algumas alterações. O vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação, Hélio Queiroz Daher, diz que algumas mudanças são necessárias, mas que não se deve voltar ao sistema antigo.
“Independente do ponto de vista de carga horária, de questões mais técnicas, o Brasil todo tem que estar unido para oferecer um ensino médio de qualidade para cada estudante, que possa combater evasão escolar ou abandono, que possa dar dignidade e uma expectativa de um futuro melhor para cada um deles. É o que eles querem, eles querem poder escolher”, afirma Hélio.
“Aqui a gente escolhe o que vai fazer e é mais tranquilo a gente aprender também”, comenta Ana Beatriz.
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