24 de setembro de 2024

Número de cirurgias cardiovasculares no HC da Unicamp cresce 40,2% em 1 ano

Setor de cardiologia da unidade está sobrecarregado e atende três vezes mais que a capacidade. Região de Campinas registrou 8 mil procedimentos em 2023, maior quantidade de operações dos últimos cinco anos. Região de Campinas registra aumento no número de cirurgias cardiovasculares
O número de cirurgias cardiovasculares realizadas no Hospital de Clínicas da Unicamp cresceu 40,2% no último ano. A alta também acontece em toda a região de Campinas (SP), que registrou o maior número de procedimentos cardíacos realizados em cinco anos: foram 8.032 apenas em 2023. (Veja os números mais abaixo.)
O aumento da demanda já sobrecarrega o setor de cardiologia do HC, que está atendendo três vezes mais que a capacidade da unidade.
“A nossa ala de cardiologia está bem cheia, principalmente depois da pandemia, com pacientes cada vez mais graves. E o motivo desse aumento de internação é por conta dessa gravidade e por conta disso nós não estamos conseguindo fazer as cirurgias em tempo hábil de todos os pacientes que vem via pronto-socorro com quadros graves, necessitando cirurgia cardíaca”, diz Elaine Cristina de Ataíde, superintendente do HC da Unicamp.
Segundo a superintendente, atualmente 13 pacientes estão internados aguardando por cirurgia no HC. A Unicamp tem tentado aumentar e até mesmo dobrar o número de cirurgias, mas, segundo Elaine, existem alguns ‘entraves’.
“Por exemplo, a necessidade de UTI, que também faz com que às vezes a gente não consiga fazer dois procedimentos no mesmo dia”, diz.
Cirurgia cardiovascular no Hospital de Clínicas da Unicamp em Campinas (SP)
Reprodução/EPTV
Além das tratativas internas para resolver esta questão, a Unicamp aposta em outro procedimento para reduzir a lista de espera.
“E, além disso, outra coisa que a médio prazo também vai reduzir um pouco a lista, é o número maior que nós estamos ofertando de cateterismo. Com isso a gente consegue fazer o diagnóstico e o tratamento mais precoce, deixando esse paciente fora da lista de cirurgia”, diz Elaine.
🏥 O que diz o Estado? A Secretaria Estadual de Saúde informou que está comprometida com a busca de uma solução para a lotação no setor de cardiologia do HC Unicamp. Segundo a pasta, para aumentar os repasses aos hospitais filantrópicos da região, o Estado, por meio da nova tabela SUS Paulista, vai complementar com recursos do Tesouro o montante mensal de mais de R$ 27 milhões para aproximadamente 102 prestadores das redes regionais da saúde de Campinas.
Mas, enquanto isso, o HC da Unicamp ainda é uma espécie de casa temporária para muitos pacientes e famílias, como foi no caso da artesã Regiane Garbo. O pai dela, seu Francisco, de 69 anos, passou mais de 40 dias internado para realizar uma cirurgia cardíaca. 😷
“Ele estava fazendo consulta no ambulatório e o médico viu que a válvula dele já estava vencida há três anos e que precisaria fazer essa troca. E também ele estava com outros probleminhas no coração que precisava de internação, então ele internou com urgência”, conta.
Histórias como a deles se repetem no setor de cardiologia do HC em toda a região de Campinas. Veja, abaixo, o número de cirurgias cardíacas realizadas nos últimos anos. 👇🩺

🏥 Casos mais graves
Com o aumento em toda a região, outros hospitais também notaram o aumento na demanda pelos procedimentos. Um exemplo é o Hospital Augusto de Oliveira Camargo, o Haoc, em Indaiatuba (SP), onde trabalha o cardiologista Silvio Giopato, que também notou que os casos têm chegado mais graves.
“Estamos recebendo os pacientes com doenças mais avançadas, maix complexas, o que torna o tratamento mais difícil”, comenta o médico.
O Haoc também virou o lar temporário do Seu Joaquim Tomas da Silva, internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da instituição após sofrer um infarto recentemente. Mas essa não foi a única vez que o coração precisou de uma “ajudinha” da medicina: o idoso já tinha infartado em 2015 e, além disso, 20 anos atrás precisou fazer uma ponte de safena.
“Precisa cuidar, né? A gente quer viver um pouco mais”, diz seu Joaquim. “Eu to correndo, correndo muito, para poder viver mais um pouquinho”.
Seu Joaquim, paciente internado no Haoc em Indaiatuba (SP) após sofrer um infarto
Reprodução/EPTV
O que é ‘ponte de safena’?
O procedimento pelo qual seu Joaquim passou há duas décadas é uma das cirurgias cardíacas mais comuns: a ponte de safena. É um termo bem popularizado, mas o que ele significa? 🤔 Veja abaixo. ⬇
Nesta operação, os médicos retiram uma parte da safena magna, uma veia superficial que temos nas pernas. O pedaço de safena é costurado na aorta e na coronária, duas importantes artérias do coração.
É justamente desta ligação que vem o nome ‘ponte”: o fragmento da safena substitui o local obstruído por gordura e permite que o coração volte a receber oxigênio e nutrientes de maneira adequada.
Hospital Haoc em Indaiatuba
Reprodução/EPTV
🥼 Principais procedimentos
Segundo o médico cardiologista Silvio Giopato, do Haoc, existem várias doenças cardiovasculares comuns. A principal delas é a obstrução, que é o entupimento das artérias coronárias por deposição de gordura.
O cateterismo é uma forma para prevenir quadros mais graves e um dos principais procedimentos na área da cardiologia. Não é à toa que é uma das apostas da Unicamp para reduzir a lista de espera.
“Hoje prevalece o cateterismo cardíaco para diagnóstico junto a angioplastia, que é o desentupimento da artéria coronária. E depois disso é a cirurgia cardíaca com ponte de safena para aqueles casos mais complexos, casos com múltiplos vasos, em pacientes diabéticos, onde a cirurgia tem um papel muito importante”, lista o cardiologista.
Como toda cirurgia, a angioplastia e a ponte de safena são procedimentos bastantes invasivos e, a depender do caso, delicado. Prevenir, segundo os médicos, é sempre a melhor opção. Mas o que é essa prevenção? 🤔
“São os hábitos alimentares, os hábitos de vida, parar de fumar, controlar a pressão, controlar a diabetes, controlar o colesterol, perder peso, fazer atividade física, controlar o stress. Tudo isso são medidas higiênicas muito importantes para você evitar desenvolver a doença”, afirma Giopato.
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