19 de janeiro de 2025

Número de desabrigados e desalojados mais que dobrou no RS em 24 horas: são 32 mil

Muitas pessoas foram para a casa de parentes e amigos, outros para abrigos temporários da prefeitura. Voluntários tentam ajudar no resgate e na arrecadação de doações. Dezenas de embarcações enfrentam a correnteza para salvar moradores ilhados no lago Guaíba
Nas últimas 24 horas, o número de desabrigados e desalojados mais que dobrou: são 32 mil.
É um vai e vem incomum pelo Guaíba. Durante todo o dia, dezenas de embarcações enfrentaram a correnteza forte para salvar os moradores ilhados. Cada lancha que chega traz histórias que misturam alívio e sofrimento.
“Muito forte, eu quase me afoguei. O cara que me viu e puxou para dentro do barco. Muito forte a correnteza”, lamenta o servente Sandro Marcelo Conceição Andrade.
Dona Martha morava em Santa Catarina. Há poucos meses, foi para o Rio Grande do Sul para ficar mais perto das três filhas. Hoje, a família inteira precisou fugir da enchente.
“Foi tenso. A noite toda a gente em alerta, porque a água estava subindo”, relata.
A prioridade da Defesa Civil ainda é salvar as pessoas em área de risco.
Em Eldorado do Sul, três pessoas em um barco se agarraram em um poste para não serem arrastadas pela correnteza. Um voluntário de moto aquática fez o resgate. Um outro homem chegou a ficar submerso em alguns momentos, mas conseguiu se segurar em um ponto de ônibus e também foi resgatado.
“A prioridade é salvar as pessoas. A gente precisa de alguns insumos, que estão sendo divulgados pela Prefeitura – onde fala de água, kit de higiene, kit de limpeza -, que é o que vão precisar quando voltar para casa; colchões”, orienta Evandro Lucas, diretor-adjunto da Defesa Civil/RS.
Após o resgate, as pessoas seguem para a casa de parentes e amigos. Outros vão para abrigos temporários da prefeitura, mas antes recebem a ajuda de voluntários.
Seu Itor chegou com sacolas e caixas cheias de mantimentos:
“Eu vim aqui para ver se faço alguma coisa para alguém”.
Um grupo de moradores fez um mutirão para trazer marmitas e lanches.
“A gente veio pra ajudar. A gente montou um acampamentinho para ajudar o pessoal. A gente trouxe café, água, roupa, doação. E a gente está pedindo para o pessoal que se comover: venha, ajuda. A gente está precisando muito”, pede a auxiliar administrativo Marcela Scheibe Araujo.
A população de Rolante, onde a água já começou a baixar, também precisa de ajuda. O dia foi de contabilizar os prejuízos.
“Ano passado, a gente teve seis enchentes aqui em Rolante. Então, a gente estava preparado para a altura da água que a gente estava acostumado, mas dessa vez extrapolou todos os limites”, diz o comerciante Anderson Luis.
No único hospital da cidade, os 16 pacientes que estavam internados precisaram ser transferidos. Em um dos consultórios, dá para perceber toda destruição por lá. Equipamentos, também medicação, tudo perdido.
A dona Romilda contou com amigos e familiares para limpar a casa, mas os bens acumulados durante uma vida toda viraram uma montanha de entulhos.
Repórter: “A senhora precisa de ajuda?”
Romilda: “Muita, muita. Nós ficamos sem dormir, sem comer. Nós não temos nada, nada.”
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