8 de outubro de 2024

Número de microempreendedores tem aumento de 55% na região de Piracicaba em cinco anos

Levantamento do Sebrae-SP aponta que maior alta ocorreu durante a pandemia da Covid-19. Em Piracicaba (SP), empreendedora cria bolsas com jeans usados e restos de guarda-chuvas. Lucila cria bolsas com jeans usados e restos de guarda-chuvas
Divulgação/ Sebrae
O número de Microempreendedores Individuais (MEIs) teve um crescimento de 55,1% na região de Piracicaba nos últimos cinco anos, segundo levantamento do Sebrae-SP com base nos dados da Receita Federal, em sua área de cobertura.
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Os números apontam que o maior crescimento ocorreu entre 2020 e 2021, durante a pandemia da Covid-19, mas desde então a quantidade de empreendedores continua aumentando a cada ano.
Em Piracicaba, são 39.187 microempreendedores individuais distribuídos em centenas de atividades diferentes.
A atividade com maior número de MEIs cadastrados é a de cabelereiros, manicure e pedicure (2.928), na sequência comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios (2.020), promotor de vendas (1.957), obras de alvenaria (1.946) e preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo (1.502).

Aumento gradativo
Os dados mostram que o aumento percentual entre 2020 e 2021 foi de 18,4%, o maior dos últimos cinco anos. Nos anos seguintes, o número de MEIs continuou crescendo, mas em um ritmo mais lento, com alta de 14,2% em 2022, 7,9% em 2023 e 6,2% em 2024. Os dados são referentes ao número de MEIs no último dia do mês de setembro de cada ano.
Observando os dados por cidade, a maior alta percentual foi em Mombuca, que em 2020 tinha 147 MEIS e em 2024 soma 254 ao todo, ou seja, 72,8% a mais. Em Santa Bárbara d’Oeste, o aumento foi de 60% e em Piracicaba foi de 57,7%.
“Os números mostram que o MEI tem sido a oportunidade de muitos para participar formalmente da economia a partir de uma tributação acessível. Observamos um aumento mais significativo durante e logo após a pandemia, justificado principalmente pela busca de novas oportunidades de renda em função das restrições do Covid. Porém, da mesma forma em que se apresenta como oportunidade, o MEI também envolve responsabilidades de gestão como em qualquer outro tipo de empresa”, explica o gerente regional do Sebrae-SP em Piracicaba, Fabio Gerlach.
Ele orienta que o empreendedor procure sempre se informar sobre tudo que envolve um MEI aberto, antes, durante ou depois da formalização.

O ‘upcycling’ de Lucila
Criar itens de moda novos com materiais que seriam descartados. Esse é o conceito do upcycling, um modelo de negócio adotado pela empreendedora e designer de produto Lucila Aparecida Franco Boaventura, moradora de Piracicaba e dona do Estúdio Oca. Ela cria bolsas e pochetes com jeans que seriam descartados e restos de guarda-chuvas quebrados.
Lucila é MEI e explica que a ideia do seu negócio é mostrar que é possível criar peças de moda a partir de materiais já existentes, além de ter uma linha social, já que ela compra os jeans de ONGs ou bazares. Ela utiliza os materiais para criar bolsas. “O meu carro chefe hoje é a pochete, mas eu também faço shoulder, bolsa banana, redonda, enfim, várias coisas. Mas começou com a pochete”, conta.
A história iniciou em 2019, quando ela decidiu mudar de área e sair da hotelaria. Na época, ela se mudou para o Rio de Janeiro, começou a estudar o assunto e teve a ideia de usar resíduos têxteis, principalmente o jeans, para criar suas peças. No início, eram objetos de decoração.
“E eu sempre acreditei que a gente como cidadão tem responsabilidade com o meio ambiente. Então assim, o meu negócio na verdade nasceu por aquilo que eu acredito”, afirma.
Projeto de Lucila começou em 2019, quando ela decidiu mudar de área e sair da hotelaria
Divulgação/ Sebrae
Ao mesmo tempo, ela participou de um edital do Sesc em parceria com o Sebrae para aceleração de negócios de economia circular e com viés social e sustentável. A incubadora chegou a ser pausada durante a pandemia da Covid-19, depois retornou e foi se intensificando. “Começamos a ter reuniões mais frequentes, o negócio começou a aumentar, eu participei da minha primeira feira no Rio de Janeiro, que foi em março de 2021”, conta.
‘Estourou de vender’
O negócio foi crescendo, ela foi convidada para outros eventos e para uma reunião com uma estilista, também no Rio. Na época ela se mudou para Piracicaba, mas foi ao encontro e recebeu um convite para fazer uma colaboração em uma coleção. Daí surgiram a pochete e outras duas peças de mesmo viés sustentável.
“Logo que acabou a parceria, eu peguei pesado para fazer as pochetes, porque foi um sucesso meu produto. Estourou de vender, sabe? Eu nem eu imaginava. Para ir para bloco do Rio, para ir em festival… Todo mundo queria uma pochete minha. […] E aí eu pensei, então, que eu realmente tenho um potencial que eu acho que eu não imaginava. Eu me surpreendi com aquilo que eu tinha feito”, lembra.
Atualmente Lucila tem sete produtos, que vende em uma loja online, e em 11 pontos de venda em cidades de São Paulo e outros estados. Ela reforça a importância da formalização para os negócios.
“Se não existisse essa possibilidade do MEI eu não sei se hoje eu teria o meu negócio. Eu não esqueço o dia que abri o MEI, aquilo para mim mudou totalmente a minha chave, tipo, agora eu tenho CNPJ, sabe? Muda tudo. Muda a forma de você reconhecer o teu negócio como um negócio, muda a forma de você se apresentar como empresa”, completa.
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